Tia doa fígado e salva vida de sobrinha recém-nascida

Betina Brandão de Souza, que tem apenas nove meses, de Apucarana, recebeu uma doação de fígado de sua tia Denise Thatiane Brandão. 

Logo nos primeiros dias de vida descobriram que ela tinha atresia de vias biliares (AVB) que é  uma doença do fígado e ductos biliares que ocorre em recém-nascidos. 

As células do fígado produzem um líquido chamado bile, que ajuda na digestão de gorduras e carrega algumas substâncias para serem eliminadas pelo intestino através de ductos biliares. Na AVB ocorre uma inflamação destes ductos, levando a uma obstrução progressiva dos mesmos. A bile fica retida no fígado, provocando rapidamente dano hepático, que pode evoluir para cirrose e óbito, caso não seja tratada precocemente.

Deyse Cristina Brandão de Souza levava sua filha em médicos de Apucarana, Londrina e Maringá onde fazia exames, mas a familía precisou procurar a rede particular.

Quando Betina tinha seis meses finalmente descobriram por meio de uma biópsia que ela estava com a doença, porém a cirurgia pra reverter essa doença precisa ser feita até 12 semanas de vida e que só poderiam fazer se ela estivesse acima de 12 kg, ela estava com 6kg na época.

Foi uma luta até conseguirem o transplante em Curitiba, a mãe se oferecera a doar seu fígado, mas o médico disse que o de sua irmã seria o mais compatível e foi daí que Denise tomou sua decisão. 

Betina foi internada no dia 02/11 para realizar os exames pré-transplante, e pra passar uma sonda gástrica pois ela não estava mamando o leite, porém não conseguiram passar a sonda e precisou passar na endoscopia, onde descobrimos duas varizes de esôfago e uma de estômago, o que mostrava que ela precisava urgente do transplante.

Ela passou por vários problemas ainda antes do transplante, que precisou ser adiado, a hemoglobina dela caiu de 11 para 4, precisou de transfusão de plasma, plaqueta, hemácias e ela precisou ser entubada pra não ir sangue pro pulmão.

A médica que realizaria a cirurgia disse que seria de alto risco, mas os pais acreditaram e tiveram fé de que tudo ocorreria bem. 

A cirurgia durou 12 horas e tudo ocorreu bem, Betina foi a criança que ficou menos tempo no hospital após o transplante, ficou nove dias na UTI e cinco dias no quarto e o fígado de Denise encaixou como uma peça de quebra cabeça no fígado da Betina, assim que ele entrou no organismo dela já começou a trabalhar

Betina retornou para Apucarana na quinta-feira (17) de novembro, o processo de recuperação é longo, a cada 15 dias, a criança terá que voltar para Curitiba, mas que aos poucos iria diminuindo. 

“Ver essa atitude da Denise mexeu muito comigo eu nunca vou conseguir retribuir esse gesto dela. Tirou um pedacinho dela pra salvar a Betina, isso não tem dinheiro no mundo que pague, hoje a Betina tem três mães, eu a madrinha que é minha outra irmã e a Denise que deu a ela uma segunda chance de viver” disse Deyse e mãe da criança. 

“Estou bem, com pontos internos no fígado, 90 dias para voltar ao normal. Quando descobrimos que ela precisava de um transplante, não sabia meu tipo sanguíneo, fiz e deu O positivo  igual ao dela. Eu  nunca tinha passado por cirurgia, tive medo de complicações durante a cirurgia, de não votar por causa da anestesia, de morrer, fiquei muito preocupada. Era a única maneira de salvar a vida dela, eu me senti honrada. Eu enfrentei meus medos e ver a Betina bem, nossa, é muito gratificante, ver a recuperação dela, é ver que meu gesto valeu a pena, ver como ela foi para Curitiba e ver como ela voltou, até meu fígado tinha duas artérias igual ao dela, é muita Gratidão a Deus, tivemos muitas pessoas orando por nós e pela Betina eu faria qualquer coisa”, emocionada disse a tia.

Denise ainda reforça a importância da doação de órgãos. “Agora eu vejo como é importante, fiquei em Curitiba, e vi quantas e quantas crianças que precisavam de doações. Às vezes a gente vê, doe órgãos, mas não pensamos no quanto é importante, às vezes somos muito egoístas em não querer doar, hoje percebo o quanto é importante, quantas vidas podemos salvar, salvei da minha sobrinha, mas podemos salvar muitas outras. Eu comecei a ver a vida com outros olhos”, finaliza.