Por falta de delegadas, um homem é designado para comandar a delegacia da Mulher de Maringá

A delegada da Mulher de Maringá, Luana Lopes, pediu transferência para Apucarana. Nessa segunda-feira (7) um novo comando foi designado para a delegacia da Mulher, o delegado Rodolfo Vieira, que estava em Marialva, foi designado para a função. 

A lei permite que tanto um homem quanto uma mulher assumam essa função, mas é de se esperar que a delegacia da Mulher seja comandada por uma mulher. 

O delegado-chefe da 9ª SDP, Adão Rodrigues, explica que essa foi a primeira tentativa para a substituição. Mas não havia muita opção. A realidade é que faltam delegadas. 

A delegada do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria), Karen Nascimento, seria a única opção, mas ela preferiu continuar à frente do Nucria, explica o delegado.

“Nós temos um problema com relação a falta de delegadas mulheres aqui na nossa região de Maringá, então esse é nosso primeiro problema. Nós tínhamos duas delegadas, a doutora Karen, que está no Nucria, e a doutora Luana, que estava na delegacia da Mulher, e por questões pessoais, a pedido dela, a doutora Luana foi movimentada para Apucarana. Então, a única mulher que restou na nossa região foi a doutora Karen. E, não sei por quais motivos, a doutora Karen não se dispôs a assumir a titularidade da delegacia da Mulher. Então, resumindo, a delegada não quis trabalhar na delegacia da Mulher”, explica Rodrigues.

“Como o doutor Rodolfo vinha de Marialva e é um profissional de extrema competência, foi o profissional designado para assumir a delegacia da Mulher. Então, por enquanto, a situação ficou dessa forma. Um esclarecimento importante que a gente tem que fazer, essas movimentação com relação à divisão de polícia especializada […], elas não estão com a subordinação direta nossa em Maringá, elas são subordinadas diretamente à divisão de polícia especializada de Curitiba. Mas, reforçando, doutor Rodolfo um excelente profissional, e acredito que poderia desenvolver a missão dele com toda competência”, afirma o delegado-chefe da 9ª SDP.

A mudança gerou protestos. O Fórum Maringaense de Mulheres divulgou uma nota de repúdio à substituição. 

O Fórum não questiona a capacidade técnica do delegado Rodolfo Vieira, mas teme que as vítimas de violência se sintam constrangidas, diz a coordenadora do Fórum, Valquíria Francisco.

“As delegacias de Mulheres, desde a sua criação nos anos 1980, sempre foram mulheres que estiveram à frente, até porque a mulher conhece os nossos ciclos de vida. Independente de como seja, ela vai atender a mulher. E você já imaginou uma mulher que sofreu um assédio, uma mulher que foi estuprada, sofreu qualquer tipo de violência, se dirige à delegacia para ser atendida e chega lá se depara com um homem. O que isso vai acarretar? O medo das mulheres em continuarem ir registrar queixa, porque elas vão fugir disso, elas já estão fugindo do estigma do homem que a violentou, e agora vai lá e vai ter um homem para atender elas?”, questiona Valquíria.