“Não é uma corrida entre as cidades, se existe distorção isso será corrigido”, diz o chefe da 15° Regional de Saúde de Maringá sobre a vacinação contra a Covid-19

Na tarde da última sexta-feira (25) a redação do Portal Agora entrou em contato com a 15° Regional de Saúde de Maringá e marcou uma entrevista através do telefone com o chefe da regional, Ederlei Alkamin, para conversar sobre a vacinação contra a Covid-19 em Mandaguari e região, a entrega e organização das doses e outras questões desse meio. 

Confira a entrevista completa. 

Ariane Bravo: Sobre a vacinação em Mandaguari e região, como vocês estão organizando a divisão das doses que chegam para vocês na 15° Regional de Saúde?

Ederlei Alkamin: Essas doses já vêm determinadas pelo Ministério da Saúde para os grupos prioritários, então em cada grupo você tem uma estimativa populacional de cada cidade, por exemplo, trabalhadores do ensino superior, quem é que vai receber mais doses para esse grupo prioritário? Vai ser a cidade de Maringá, com certeza, porque é um polo universitário.

Nós chegamos a abrir um grupo prioritário para os aeroviários, trabalhadores do aeroporto, então veio doses em Maringá para esse público, e não em outras cidades. Então cada grupo é feito uma proporção do Ministério da Saúde que enxerga de uma forma. Por exemplo também os idosos acima de 60 anos, tem cidade que tem esse grupo prioritário maior e tem cidades que têm menos, então eles irão receber mais doses proporcionalmente a sua população.

Lembrando que a divisão não é feita aqui na 15° Regional de Saúde de Maringá, já vêm pré-determinada pelo governo estadual, e nós só fazemos a distribuição e separação para os municípios.

Vocês da 15° Regional de Saúde estão acompanhando a vacinação em cada município?

Sim, estamos acompanhando, principalmente agora que abriu outros grupos prioritários da vacinação para a população em geral, abaixo dos 60 anos, isso já era previsto pela Secretária Estadual de Saúde que haveria uma distorção do senso do IBGE e por isso houve municípios que conseguiram avançar rapidamente acima da média, a média é de entorno de 46 anos na vacinação, e tem municípios onde a idade está mais abaixo e tem municípios onde ainda está acima de 50 anos, devido a quantidade de doses do grupo prioritário, mas isso já será corrigido com novas doses.

Como você explicaria algumas cidades avançadas na vacinação e outras que estão atrasadas?

Na verdade não é bem assim, todas estão vacinando numa velocidade normal e até acelerada, as doses chegam no município e já são usadas rapidamente, os municípios da 15° Regional de Saúde têm dado um exemplo disso na rapidez, o problema é que elas acabam muito rápido e por isso tem extorsão de idades entre as cidades que é devido aos grupos prioritários de cada cidade.

Nós estamos recebendo as doses da Janssen que são para as pessoas em situação de rua e uma parte dessas doses será distribuída para Maringá porque Maringá tem um grupo de pessoas em situação de rua maior do que as outras cidades e isso acaba dando a impressão de que aqui tem mais doses da vacina do que em outras cidades, mas quando nós terminarmos 100% esses grupos prioritários e ficarmos só com as idades em geral nós vamos equacionar todas as cidades para que todos cheguem juntos até o final de agosto com 80% da população vacinada com a primeira dose.

Sobre a vacinação em Mandaguari, tanto aqui quanto em Marialva as duas estão desproporcionais sobre a idade de vacinação, mesmo com os dados populacionais bem parecidas. O que você tem a dizer sobre isso?

Essas duas cidades receberam vacinas abaixo da média da 15° Regional de Saúde, nós recebemos 40% da população da regional e a população total é de aproximadamente 900 mil pessoas e Marialva está um pouco abaixo dessa média e isso será corrigido com as doses que irão chegar para que elas se equalizem e andem juntas, não é uma corrida entre as cidades. Se existe distorção isso será corrigido.

Sobre a informação de que quase todas as cidades da Amusep estavam sem doses e com a vacinação da primeiro dose interrompida, com exceção de Maringá e Sarandi. O que você tem a dizer sobre isso?

As doses que o Ministério da Saúde mandou para a Secretaria Estadual e depois posteriormente a nós mandamos rapidamente para os municípios e essas doses acabaram rapidamente em alguns dias e estamos aguardando a chegada de mais doses para a retomar a vacinação.

Então os municípios ficam dependentes dessas remessas, o Governo do Paraná têm sido rápido com isso, mas sabemos que o quantitativo é baixo. E estamos dando esse conselho para que os municípios não guardem e nem deixem vacinas na geladeira é para usar todos, nem que acabam em um dia só, porque isso significa que vacinou pessoas. Com isso o número de lotação e internação de pessoas em hospitais vai diminuindo e já estamos detectando essa evolução.

Nesses últimos lotes que estão chegando estão vindo mais ou menos doses comparado ao mês passado?

Estamos tendo um acréscimo de doses no mês de junho diferente do mês de maio, tanto que alguns municípios aceleraram a vacinação.

Há a especulação de que Mandaguari disse que a 15º Regional de Saúde de Maringá não estão repassando direito as doses para o município. O que você tem a dizer sobre isso?

Lembrando que eu já disse que a 15°Regional de Saúde de Maringá não distribui o número de doses para cada município, o lote já vêm determinado pelo Ministério da Saúde, então não há uma retenção e uma redistribuição de nossa parte, se houve essa fala, a 15º Regional de Saúde Maringá não faz uma segunda separação de doses para a região. Nós somos praticamente uma redistribuidora.

Sobre essa especulação de que aqui na cidade está chegando menos doses que o normal e que sempre está faltando vacinas, já é a segunda vez em uma semana que suspenderam a vacinação por falta de doses, sempre que ligamos lá quase nunca há vacinas. O que você tem a dizer sobre isso?

Se não tem vacina no município é porque ele não recebeu mais vacinas, como a vacinação foi aberta para os grupos gerais é mais fácil, mas quando ainda estamos nos grupos prioritários de mais de 60 anos cada município recebia uma certa quantia de doses dependendo do número de habitantes desse grupo.

Por exemplo, Paranaguá já está abaixo de 40 anos porque recebeu um grande lote de vacinas para portuários e só existe portuários no porto de Paranaguá, então isso representa uma gama muito grande da população de lá que é composta por muitos trabalhadores dessa área fazendo com que a vacinação avance bastante. Essa distorção a prefeita, secretária municipal de saúde e os vereadores estão cobrando e o Governo do Estado irá enviar mais remessas para que isso se normalize o quanto antes.

E quando chega uma nova remessa de vacinas em quantas horas vocês liberam as doses para que os municípios venham buscar?

Geralmente não demora muito, se uma remessa chega pela manhã nós a distribuímos a tarde e se ela chega à tarde nós distribuímos pela manhã do outro dia, um meio período para a gente se organizar. No meio da semana é muito mais fácil fazermos isso, mas quando chega no sábado à noite e distribuímos as doses pela manhã do domingo muitos municípios não veem buscar, somente vêm buscar na segunda-feira.

No município de Mandaguari eles demoram muito para vir buscar as doses ou não?

Não, porque todos os municípios tem uma programação para buscar naquele horário então eles cumprem a programação e nós não temos problema nenhum com o município de Mandaguari, tanto na hora de buscar as doses quanto na hora de aplicá-las.

Tem previsão de chegar uma remessa com mais doses do que as outras remessas para a 15º Regional de Saúde de Maringá?

Sim, estão chegando mais doses e com mais frequência, na última sexta-feira (25) recebemos 9.000 doses da Pfizer para a população em geral, recebemos também 8.400 doses da CoronaVac para gestantes e puérperas, trabalhadores da educação e da assistência social e também 5.490 doses únicas da Janssen para caminhoneiros, trabalhadores do transporte rodoviário, ferroviários e pessoas em situação de rua, então recebemos um total de 22.876 doses para a regional toda.

Há 110 doses para os trabalhadores ferroviários que irão ficar para a cidade de Maringá, Maringá não foi a cidade que mais recebeu doses porque há outras que tem a população de grupos prioritários maior. Um exemplo disso é a cidade Santa Inês que recebeu quase 60% da doses da população total por causa de seu número maior de idosos, lá tem quase dois mil habitantes e a maioria são maiores de 60 anos, proporcionalmente é o município que mais recebeu em reportagem. Eu sei que é ruim na cidade vizinha estarem vacinando pessoas com 42 anos e na sua com 53 anos, então não é fácil para o gestor local.

No começo do ano em Maringá tivemos um problema com a vacinação que nós ficamos dois meses sem vacinar os profissionais de saúde quando ainda estávamos vacinando a população de 80 à 90 anos de idade por causa da falta de doses e pela campanha da vacinação contra a HN1, vieram mais ou menos 15.000 doses e faltou umas doze mil e isso foi corrigido dois meses depois, enquanto Mandaguari e outras cidades da região não tiveram esse problema e conseguiram vacinar seus profissionais da saúde.

Outra coisa que devemos levar em consideração é que quando vacinamos esses grupos prioritários como professores da educação superior temos que lembrar que nem todos eles moram em Maringá, somente trabalham assim como vários outros profissionais prioritários, então essas doses não são 100% para a população de Maringá.

Então a distribuição de doses depende de cada grupo prioritário de cada cidade?

Sim, o perfil demográfico é diferente em cada município, tem municípios que tem muitos idosos, muitos indígenas, muitas pessoas em situação de rua e muitos profissionais de educação, então são critérios para a distribuição de doses, não só o critério demográfico, mas também outros.

Um exemplo entre estados, Rio Grande do Sul têm 150 mil habitantes a menos que o Paraná, mas tem 450 mil habitantes acima de 60 anos a mais do que o Paraná e por isso eles receberam mais vacinas que o Paraná, por causa desse grupo prioritário. O objetivo do governo do Paraná é tirar essa distorção, essa falha, assim que terminarem todos os grupos prioritários e começarem a vacinar somente a população em geral para que todos os municípios e o estado todo fiquem igualitários.

Tem mais alguma coisa que você gostaria de acrescentar?

Gostaria de enfatizar a campanha de vacinação completo porque muitas pessoas não estão indo tomar sua segunda dose e completando o esquema de vacinação para ter imunidade contra o vírus. Nós não estamos com falta de segunda dose e sim está sobrando porque as pessoas não estão indo completar sua vacinação e isso é muito importante porque através de pesquisas vemos que o resultado da vacina está sendo positivo pois em Maringá somente 1/3 das pessoas internados nos hospitais são maiores de 60 anos o que significa que a vacina está fazendo efeito, mas precisamos da conscientização das pessoas.