Laudo psiquiátrico aponta que ‘Maníaco da Torre’ tinha consciência das atitudes quando matava mulheres

Um laudo de insanidade mental, obtido com exclusividade pela RPC, apontou que Roneys Fon Firmino Gomes, conhecido como “Maníaco da Torre”, era imputável à época dos fatos, ou seja, ele tinha consciência do estava fazendo quando matava mulheres.

Roneys Fon Firmino Gomes, de 46 anos, pode ter matado, ao menos, 13 mulheres em Maringá, no norte do Paraná, segundo a polícia. Ele é considerado pela polícia como um dos maiores assassinos em série do estado.

O laudo do acusado foi assinado, em 10 de agosto, pelo médico psiquiatra Mauro Porcu, que também é professor de Psiquiatria da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Coordenador do Programa de Residência Médica em Psiquiatria do Hospital Universitário de Maringá.

De acordo com a avaliação do psiquiatra, Roneys Fon é portador de transtorno de personalidade antissocial.

“Apresenta indiferença pelos sentimentos alheios, desrespeito por normas, regras e obrigações sociais, baixa tolerância à frustração, baixo limiar para descarga de agressão. Incapacidade de experimentar culpa e aprender com a experiência, propensão para culpar os outros e tentar justificar seu comportamento. Tendência para distorcer fatos”, conforme o laudo.

'Alta periculosidade'

Conforme o especialista, o acusado também apresenta falta de remorso ou de arrependimento.

“A falta de remorso ocorre porque o mesmo tem sua afetividade alterada, não tem angústia, nem ansiedade; sendo assim, o mesmo não sofre com a sua conduta patológica, embora possa causar sofrimento a terceiros com a conduta”, diz outro trecho do documento.

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) perguntou ao psiquiatra se Roneys Fon tinha capacidade para entender que estava cometendo crimes.

A resposta do médico foi que “o acusado, ao tempo da ação, era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito e inteiramente capaz de determinar-se de acordo com esse entendimento”.

Para o psiquiatra, Roneys Fon é considerado de “alta periculosidade” e portador de transtorno de personalidade antissocial.

“Para o qual não se conhece recuperação satisfatória na literatura médica até o presente momento. Principalmente após a prática de delitos graves como assassinatos em série, homicídios, ocultação de cadáver, golpes, assaltos, ameaça, porte de arma, não se conhece indivíduo portador desta perturbação mental que tenha apresentado recuperação que permita sua reinserção segura em sociedade”, afirmou o médico no laudo.

A defesa de Roneys Fon Firmino Gomes afirmou que ainda não se manifestou sobre o laudo no processo e que ainda está no prazo para análise.

Crimes

Roneys Fon Firmino Gomes responde por seis homicídios, sendo condenado em dois. A primeira condenação ocorreu em março de 2019 e a segunda em dezembro do mesmo ano.

Os corpos das vítimas eram encontrados nus, de barriga para cima, no meio de plantações e embaixo de torres de energia. A série de assassinatos levou o homem a ficar conhecido como “Maníaco da Torre”.

“O exame de insanidade mental apresenta um resultado que já era esperado pelo MP, ou seja, de que ele é imputável, plenamente capaz de entender o caráter ilícito dos fatos praticados. [Ele] sabia os crimes que estava cometendo, portanto, deve ser julgado sob as penas da lei no plenário do júri e responsabilizado pelos crimes que praticou. Embora, o laudo ateste que ele tenha algum desvio de personalidade, isso não significa doença mental que o impossibilite de responder pelos atos” afirmou o promotor Júlio César da Silva.

O acusado foi preso em julho de 2015, depois da polícia localizar no local de um dos crimes uma peça de carro que encaixou no veículo que ele usava. À época ele confessou os crimes.

Em depoimento, de acordo com a polícia, ele contou que depois de matar, cruzava as mãos das vítimas em cima do corpo e rezava pedindo perdão. Roneys disse que matou porque tinha ódio de prostitutas.

Apesar de ser acusado de outros quatro assassinatos, a polícia acredita que ele possa ter matado, ao menos, 13 mulheres.

Roneys havia dois júris marcados para 2020 para analisar outros dois crimes. Porém, devido à pandemia do novo coronavírus, eles foram adiados.