“Agir e pensar diferente é a parte mais legítima do processo democrático”, comenta Orlando Pessuti

Na manhã desta quarta-feira (1) o ex-governador do Paraná, Orlando Pessuti, concedeu entrevista à Agora FM (87,9) e falou sobre seu futuro na política e sobre as eleições estaduais e nacionais em 2022. Confira a seguir os principais trechos do bate-papo.

Agora FM: Muitas pessoas devem estar te abordando e perguntando que rumo você irá tomar na política no próximo ano, estamos a um ano das eleições. Você irá voltar para a prática partidária como candidato? Como você está enxergando esse quadro sucessório aqui no estado do Paraná?

Orlando Pessuti: Eu estive sempre na luta e na labuta partidária e nunca deixei de participar da política do meu partido, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), sempre estive atuando e ajudando deputados estaduais, federais e também prefeitos.

Eu não disputei eleições desde 2010, estava tudo certo para mim ser governador do estado, mas uma série de tratativas nacionais de várias congregações fizeram com que eu não pudesse ser candidato e por isso não pude disputar. Então eu continuo no meu partido, mas não participo das disputas eleitorais. É nossa decisão agora que nós assumamos o controle do PMDB (Partido Movimento Democrático Brasileiro) com a direção de Antônio Anibelli e Sérgio de Souza, que era nosso assessor, e da nossa região. Com essa constituição o MDB nos propiciará espaço para uma ação partidária maior e para podermos trabalhar na organização e estruturação de candidaturas ao senado federal.

Então nós estamos desenvolvendo isso para que possamos ser candidatos em 2022, candidatos ao senado federal, disputar como senador do estado do Paraná. Nós temos bastante tempo ainda para definirmos se realmente vamos para a disputa como senadores, esse é o nosso desejo e nossa intenção, essa também é a orientação do partido.

O quadro ainda está nebuloso, temos uma candidatura à reeleição do governador Ratinho Júnior, mas quem vai enfrentá-lo e de que forma isso vai ocorrer ainda não está claro para nós. Como você analisa essa disputa?

Historicamente no Paraná nós temos visto os governantes se reelegerem, foi assim com o Jaime Lerner nos anos 90, foi assim com o Roberto Requião nos anos 2000 e depois também do Beto Richa em 2014. Então há muita probabilidade da reeleição do atual governador, porém estamos a um ano e dois meses das eleições, mas tudo leva a crer que o Ratinho Júnior reunirá forças políticas e propostas de um novo programa de governo que poderão levá-lo à reeleição. Contra ele deverá disputar o ex-governador, Requião Filho, que deixou o MDB neste ano e muito provavelmente irá se filiar ao PT (Partido dos Trabalhadores) para formar apoio político com o ex-presidente Lula, que concorrerá à presidência da república.

É claro que teremos outras candidaturas no Paraná, mas o quadro sucessório mostra que será o governador Ratinho Júnior contra seu adversário Roberto Requião.

Nós percebemos uma política nacional muito polarizada, os ânimos muito exaltados como poucas vezes tiveram depois da redemocratização, todos falam de uma terceira via que nunca aparece. O que você vislumbra para o próximo ano para a disputa da presidência?

Sem sombra de dúvidas a disputa terá uns 10 candidatos como sempre tem para dar um equilíbrio, mas o cenário por enquanto está bem polarizado com a extrema direita e a extrema esquerda e isso não é bom para o país, ter uma eleição radicalizada não é bom para uma disputa tão importante, infelizmente as pessoas não conseguem mais ver algo ou alguém para quebrar isso e também onde as pessoas não podem ter diferentes opiniões porque é considerado errado, tem que ser uma das duas opções dominantes. Um conflito durante os 45 dias de eleições seria até mais aceitável que isso porque vai ser na disputa eleitoral onde cada um apresenta sua proposta, mas agora estamos a dois anos numa guerra partidária. Um grande número de brasileiros lutam e buscam uma forma de terceira via para ter um equilíbrio, nós não podemos viver num país onde durante o período de presidência há essa polarização.

Levam-nos a crer que nesta manifestação do dia 7 de setembro não será totalmente pacífica e que poderemos ter um confronto físico nas ruas com quem pensa diferente de uma ideologia, é o que está sinalizando pelos organizadores e alguns participantes desta manifestação, há rumores de que irão fechar o STF, irão fechar a Esplanada e órgãos públicos e não é bem isso que nós queremos ver em manifestações, queremos ver manifestações pacíficas entre partidos ideológicos e as pessoas. Agir e pensar diferente é a parte mais legítima do processo democrático dentro de um país que respeita a constituição e a legislação e visa a democracia plena.

É isso o que sempre praticamos e é isso que queremos, onde as pessoas possam pensar de forma diferente e mesmo assim serem companheiros e amigos nas lutas a favor do país, pensar diferente não é ser inimigo, precisa ter respeito.