Vacina russa contra a Covid-19 deve ser testada em profissionais dos hospitais universitários do Paraná

Os voluntários para os testes da fase 3 da vacina russa contra a Covid-19 no Paraná deverão ser profissionais da saúde dos hospitais universitários, de acordo com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). A informação foi confirmada nesta sexta-feira (28).

Os testes só serão iniciados após aprovação dos órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e podem envolver 10 mil voluntários ou mais.

Quatro das sete universidades estaduais do Paraná têm hospitais. As unidades ficam em Cascavel, no oeste, Londrina e Maringá, no norte, e em Ponta Grossa, nos Campos Gerais.

O Governo do Paraná e a Rússia assinaram no dia 12 de agosto um documento para o desenvolvimento da vacina Sputnik V, do Instituto Gamaleya.

A vacina russa que foi desenvolvida para combater a Covid-19 deve começar a ser testada no Paraná em 45 dias, segundo estimativa divulgada pelo governo do estado divulgada na quinta-feira (27).

Conforme o governo, o Tecpar e o Instituto Gamaleya devem desenvolver em até 30 dias o protocolo de validação, que será enviado para a Anvisa e para a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

Se o protocolo for validado pela Anvisa e pela Conep dentro do prazo esperado, os estudos começarão em 45 dias, de acordo com a gestão estadual.

Tradução de informações

Segundo o presidente do Tecpar, Jorge Callado, o documento com as informações das fases 1 e 2 de testes da vacina russa, que tem 600 páginas, está sendo traduzido.

O que se sabe sobre a vacina que a Rússia registrou contra o coronavírus e por que desperta dúvidas

“De uma forma muito preliminar, os indicativos que nos chegam são promissores. Claro que tudo isso passará por confirmação na fase 3”, afirmou.

Importação ainda neste ano

Callado explicou que, se tudo transcorrer dentro dos prazos previstos e a vacina tiver comprovação, os primeiros lotes poderão ser importados ainda neste ano.

“Tendo o registro no Brasil, poderão os primeiros lotes ser importados. Enquanto ocorre as adequações das plantas de fabricação, estamos trabalhando com o prazo de início do segundo semestre de 2021 para fabricação em território paranaense. Mas não impede a importação antes”, disse.

O Tecpar será responsável por todas as etapas, desde a pesquisa até a distribuição das doses da vacina russa, desde que haja liberação da Anvisa.

O Governo do Paraná não descarta a possibilidade de importar a vacina russa e não produzi-la, caso a eficácia não seja comprovada.

Registro internacional

A Sputnik V foi anunciada como a primeira vacina contra a Covid-19 registrada no mundo pelo o presidente russo, Vladimir Putin, no dia 11 de agosto.

A vacina é questionada pela comunidade internacional porque se sabe pouco sobre sua eficácia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que sejam realizadas três etapas de testes.

O governo russo informou que realizou as duas primeiras etapas de testes, que começará a testá-la em humanos em breve e que as críticas ou preocupações internacionais não têm fundamento.

Confira alguns trechos do memorando de entendimento:

Desenvolver atividades conjuntas e organizar negociações em prol do desenvolvimento da vacina contra Sars-CoV-2 (Covid-19) no território do Estado do Paraná na perspectiva de curto prazo;

Compartilhar, conforme instrumentos contratuais específicos a serem formalizados, experiências e tecnologias entre as Partes e providenciar mecanismos que permitam a cooperação apta a possibilitar orientações técnicas e profissionais relacionadas à vacina contra Sars-CoV-2 (Covid-19);

As partes arcarão com os custos e ônus decorrentes das ações que realizarem;

As partes acordam que a assinatura deste memorando de entendimento não as vincula à assinatura de um acordo definitivo, consistindo única e exclusivamente na exposição de vontade de cooperaram em conjunto para realização do objetivo;

As ações, projetos e programas desenvolvidos a partir do presente memorando de entendimento são constituídas por obrigações de meio, portanto, sob nenhuma circunstância, geram direito a indenização de qualquer natureza em juízo ou fora dele.