Teste da vacina contra a Covid-19 no Paraná será aplicado em profissionais da saúde voluntários

Os testes de uma vacina chinesa contra o novo coronavírus no Paraná serão aplicados em profissionais da saúde voluntários – público considerado mais exposto ao contágio.

O Hospital de Clínicas do Paraná (HC), que pertence a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e fica em Curitiba, foi um dos doze centros escolhidos para testar a vacina. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (1°).

Em todo o Brasil, serão escolhidos 9 mil voluntários. Ainda não há informações de quantos voluntários receberão a vacina no Paraná.

CoronaVac

A vacina foi desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e recebeu o nome de CoronaVac. O Instituto Butantan faz parte no desenvolvimento desta vacina – que é uma das mais de 130 que vêm sendo testadas no mundo -, e ficou responsável pela terceira etapa, a de estudo clínico.

Os responsáveis pelo desenvolvimento da vacina afirmam que ela é feita com uma versão do vírus inativo – em que não há a presença do vírus vivo – método que reduz riscos.

Segundo eles, é o mesmo princípio adotado na produção de vacinas contra a hepatite e alguns tipos de influenza.

“Nesse momento, na minha expectativa, é uma das vacinas mais promissoras do mundo. Nós vamos sair já com um acordo, havendo registro, de disponibilização para o Brasil, inicialmente, de 60 milhões de doses”, disse o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.

Expectativa para agosto

Os protocolos definidos para os testes precisam ser aprovados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e por pesquisadores do HC.

Por conta da urgência, há um esforço para que tudo aconteça o mais rápido possível. A expectativa é de que os voluntários que forem selecionados passem a receber as doses da vacina em teste em agosto.

Ela diz que um grupo de voluntários receberá duas doses da vacina e o outro receberá uma substância inócua, que não produz qualquer efeito no organismo – o que é costume em pesquisas sobre medicamentos.

“Esse voluntário que receber a vacina será acompanhado com intervalo de sete dias, por um período prolongado, que vai se estender por um período de seis meses”, disse ela.

Conforme forem sendo colhidos, os resultados serão apresentados ao grupo que coordena o estudo.

“A gente busca uma resposta até o final do ano, com uma proposta de começar a vacinar a população em dezembro ou em janeiro, pelo menos em alguns grupos prioritários. Mas, tudo vai depender desse estudo, dessa fase três”, explicou Sônia.

O HC foi o escolhido no Paraná por já participar de outros projetos com o Butantan.

Nova fase de testes

A nova fase de testes da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês, em parceria com o Instituto Butantan, é a chamada de número três de testes clínicos.

As primeiras duas avaliaram aspectos como segurança e a dosagem necessária para a eficácia e obtiveram resultados promissores, segundo os pesquisadores.

Além do Hospital de Clínicas, a vacina será testada por sete centros de São Paulo, pela Universidade de Brasília, Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos da Universidade Federal de Minas Gerais e também pelo Hospital São Lucas da PUC do Rio Grande do Sul.

Como funciona a vacina?

A vacina foi desenvolvida da seguinte forma:

O coronavírus é introduzido numa célula de macaco, a chamada célula vero.

Essa célula é muito usada em vacinas como meio de cultura, de multiplicação de vírus.

Por fim, o vírus é inativado para não causar Covid-19.

É o mesmo princípio das vacinas contra a hepatite e a influenza (gripe).

Ela implanta uma espécie de memória celular responsável por ativar a imunidade de quem é vacinado.

Quando entra em contato com o coronavírus ativo, o corpo já está preparado para induzir uma resposta imune.

A vacina da Sinovac Biotech já foi aprovada para testes clínicos na China.