Polícia Civil abre inquérito para apurar depredação, em Curitiba, depois de ato contra o racismo
A Polícia Civil do Paraná abriu um inquérito para apurar a depredação que houve, em Curitiba, depois de uma manifestação contra o racismo na noite de segunda-feira (1º).
A polícia pretende ouvir testemunhas e analisar imagens de câmeras de segurança para identificar quem deu início aos atos de vandalismo.
Durante a confusão, cinco homens e uma mulher foram presos por desacato, associação criminosa e dano ao patrimônio público. Um adolescente foi apreendido e, depois, liberado.
“Agora, as investigações prosseguem no sentido de identificar mais pessoas que tenham atuado ativamente na depredação e também possíveis lideranças, pessoas que incentivem através das redes sociais essa prática durante as manifestações. Nós temos conhecimento de outras manifestações que vão ocorrer, e os órgãos de inteligência – da Secretaria de Segurança, da Polícia Civil, da Polícia Militar – vão trabalhar ativamente para reprimir esse tipo de conduta, fazendo com que as pessoas sejam responsabilizadas e presas por esse tipo de incitação”, disse o delegado Rodrigo Brown.
Como aconteceu?
Começou como manifestação. Terminou com baderna e arruaça, que chegou à sede do Palácio Iguaçu.
Convocado pelas redes sociais, o ato na noite de segunda-feira começou pacífico no Centro de Curitiba. Os cartazes estampavam frases contra o racismo em protesto pela morte de George Floyd – o negro morto por um policial americano nos EUA na semana passada.
A maioria dos manifestantes usava máscaras de proteção contra o novo coronavírus e que são obrigatórias no Paraná. Foi uma caminhada pacífica de dois quilômetros até a sede do Governo do Paraná.
No fim, o vandalismo virou protagonista. Foi um festival de pedras e o ataque à bandeira brasileira, incendiada em praça pública.
Lojas e agências bancárias foram apedrejadas. A fachada do Fórum Cível ficou destruída.
A Polícia Militar (PM) reagiu com balas de borracha e bombas de efeito moral. Um policial teve ferimentos leves. Nenhum dos manifestantes ficou ferido.
“A Polícia Militar está para garantir às pessoas o direito de manifestação e repudia qualquer ato de violência ou que fira aquilo que está na lei. Então, a gente garante a manifestação desde que seja legítima e pacífica”, afirmou o coronel Hudson Teixeira, comandante da PM.
A Prefeitura de Curitiba informou que os vândalos também quebraram pontos de ônibus.
Os organizadores do ato contra o racismo afirmaram que o vandalismo registrado aconteceu após dispersão no fim do protesto.
O que diz a OAB-PR?
A Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR) condenou a violência.
“Toda manifestação que é impregnada de violência fica absolutamente descaracterizada. Isso não é exercer o direito de expressão, não é exercer o direito de reunião e de livre manifestação, que a Constituição assegura à população. A luta pela liberdade de expressão é uma luta do povo brasileiro desde a democratização. Naturalmente, o povo brasileiro se entristece com esse tipo de manifestação e não pode jamais concordar com ela”, afirmou o presidente da OAB-PR, Cássio Telles.
O que dizem os advogados dos organizadores da manifestação?
Os advogados dos organizadores da manifestação contra o racismo reforçaram o pedido para que as autoridades identifiquem e punam os responsáveis pelos atos criminosos.]
O que diz o governador?
Em nota, o governador Ratinho Junior (PSD) disse que manifestações e atos ordeiros e pacíficos vão receber o suporte operacional da Polícia Militar, mas aqueles que pensam em se aproveitar da situação para promover baderna vão ser punidos pela força policial.
O que diz o prefeito?
O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), se manifestou na terça-feira (2) nas redes sociais contra a quebradeira.
“Ontem nossa amada cidade de Curitiba foi atacada de maneira irracional por inaceitável desvirtuamento do direito de manifestação democrática. Ao absurdo apedrejamento de prédios e equipamentos urbanos, entre gritos de quebra-quebra e focos de incêndio, sucedeu a queima da gloriosa bandeira brasileira, arrancada de seu mastro na Avenida Cândida de Abreu. O ato desonra o ideal humanista e o sentimento antifascista”, disse Rafael Greca na publicação.