Número de reclamações envolvendo compras pela internet aumenta 20% no Procon-PR

O número de reclamações de consumidores envolvendo compras de mercadorias pela internet aumentou 20% após o início da pandemia do coronavírus, segundo a diretora do Procon Paraná, Cláudia Silvano.

Segundo ela, entre abril e terça-feira (21), foram pelo menos 422 reclamações de consumidores insatisfeitos com a demora na entrega ou outras questões envolvendo esse tipo de compra. No mesmo período do ano passado, foram cerca de 349 atendimentos.

Por causa da pandemia do coronavírus, o Procon Paraná está fazendo os atendimentos aos consumidores pela internet.

Os fornecedores, que são alvo de reclamações, continuam sendo notificados pelo Procon, mas, excepcionalmente, estão sendo orientados para solucionar as questões diretamente com os consumidores.

“Nesse momento de pandemia, nós tivemos uma alteração no tipo de reclamação que chega ao Procon. Além dos casos em relação a operadores de telefonia, bancos, que são os campeões de reclamações, nós passamos a receber também, em um volume bastante significativo, reclamações em relação a academias, escolas, faculdades e prestadores de serviço de um modo geral”, explicou Cláudia.

Sobre as academias, explica Cláudia, a maioria dos consumidores ficou insatisfeita porque os locais fecharam, mas a cobrança continuou por conta da contratação de planos mensais ou anuais. Entre abril e 21 de julho foram 700 reclamações.

“Isso é muito atípico nesse momento. E o que a gente está vendo acontecer é que as empresas estão falindo e não estão preparadas para atender o cliente da forma que deveria ser”, explicou Cláudia.

Na terça-feira, um novo decreto da Prefeitura Municipal de Curitiba, permitiu a reabertura das academias na capital. Segundo as novas regras, os estabelecimentos podem funcionar de segunda a sábado.

Direito de arrependimento

Cláudia Silvano lembra que houve uma alteração na legislação em relação ao chamado direito de arrependimento, previsto no Código de Defesa do Consumidor, que é a possibilidade do consumidor se arrepender e devolver o produto em até sete dias após o recebimento.

“Essa alteração suspende o direito de arrependimento, mas somente para compras de produtos perecíveis como alimentos, bebidas ou medicamentos, por exemplo”, disse. De resto, segundo ela, o direito de arrependimento continua valendo normalmente.

Para isso a compra tem que ter sido feita pela internet, telefone, catálogo, reembolso postal ou vendedor na porta de casa, ou seja, fora de uma loja ou escritório comercial.

Comprou e não recebeu

O jornalista curitibano Ricardo Augusto Franco de Almeida é uma das pessoas que se arrependeu de uma compra online por conta da demora da entrega. O complicador é que ele nem chegou a receber a mercadoria e decidiu processar a empresa.

Ricardo Almeida comprou um videogame no dia 21 de março e teve a promessa de que o produto seria entregue até o dia 14 de abril.

Segundo o jornalista, depois de muitas reclamações e quase dois meses de atraso, ele recebeu um e-mail da empresa dizendo que o valor da compra seria reembolsado.

“Eles me fizeram esperar durante todo esse tempo e decidiram estornar o valor sem nem justificar porque o produto não foi entregue”, explicou.

Almeida afirmou ainda que decidiu abrir um processo judicial contra a empresa porque acredita que houve má fé em não justificarem nada e aumentarem o preço do produto em quase 100% durante o período de negociação.

Compra de viagens com preço atrativo

Com a pandemia, os preços das viagens diminuíram na tentativa de recuperar o prejuízo por conta do isolamento social. Segundo Claudia Silvano, mesmo que a passagem seja comprada sem data marcada, é preciso ficar atendo à possibilidade de pagamentos de multas, por exemplo.

“O consumidor deve ficar atento a essas eventuais multas contratuais porque nós sabemos que ainda estamos no momento de pandemia. Então, é preciso ficar atento a isso caso seja preciso cancelar, desistir ou buscar a transferência da data. O consumidor tem que ficar atento a isso para evitar qualquer tipo de prejuízo”, ressaltou.

O analista de marketing João Gabriel Gomes Batista disse que ficou mesmo com bastante receio, mas que foi atraído pela oferta financeira de uma viagem para San Diego, nos Estados Unidos.

Além disso, ele afirmou que o pacote permite escolha das datas entre março e novembro de 2021. A esperança dele é de que até lá exista alguma vacina contra o coronavírus.

“A minha maior preocupação eram as datas e o cancelamento, que é gratuito. Nesse sistema que comprei, posso sugerir três datas e, mais perto, eles me avisam se estarão disponíveis ou não. Como tenho uma certa flexibilidade nas férias do ano que vem, me interessei e comprei”, contou João.

Mais de 55 mil atendimentos em cerca de 3 meses

Ao todo, ainda de acordo com a diretora do Procon, entre abril e terça-feira, o Procon fez 55.297 atendimentos.

No mesmo período do ano passado foram aproximadamente 53 mil atendimentos – aumento de 3%.

O prazo para que as empresas resolvam os problemas é de 10 dias úteis contados a partir do recebimento da notificação do Procon.