Opinião: Todo mundo quer subir no pódio

As Olimpíadas de Tóquio, que se encerram oficialmente neste domingo (8), trazem de volta uma discussão antiga. Quando vemos no pódio algum atleta de modalidades menos reconhecidas, como Rayssa Leal, no skate, todo mundo se empolga e quer subir junto.

Não é diferente no nosso cotidiano. Recentemente, mandaguarienses se destacaram no paranaense de atletismo sub-18. Das três “pratas da casa” que tiveram bom desempenho na competição, duas disputaram como integrantes da federação de Apucarana, e outro atleta daqui concorreu levando o nome de Ibiporã.

Medalha na mão, o poder público não demorou em parabenizar o desempenho dos atletas e “subir junto no pódio”. Assim é fácil “fomentar” o esporte.

O mesmo acontece com outras modalidades, como kickboxing e kung fu, por exemplo, onde os atletas locais precisam fazer das tripas coração para conseguir pagar suas viagens e participar de competições estaduais e até nacionais, pra depois receberem um parabéns do poder público.

Atleta não precisa de tapinha nas costas, e sim de condições decentes pra treinar, de apoio e incentivo para competir com tranquilidade. Uma pista de corrida, um campo de futebol decente, uma pista de skate bem cuidada…

Todo mundo quer subir no pódio, estar junto na comemoração, isso é compreensível. Mas que possamos compreender também que antes da medalha vem o trabalho duro. Antes do troféu, o atleta precisa ter condições pra pensar em qual a melhor estratégia durante a competição e não se vai poder participar dela.

Afinal, quantos talentos olímpicos estamos perdendo por falta de incentivo? É uma discussão que vale aprofundar.

Texto publicado na 369ª edição do Jornal Agora