Um homem à frente de seu tempo

Mandaguari viu falecer, na noite do último sábado (15), Irinaldo “Nardinho” Salvalagio, 72 anos. O empresário faleceu em decorrência de um câncer no fígado, diagnosticado há pouco mais de um mês.

Além da esposa, Alice, e os filhos Irinaldo Junior, Marcio e Daniele, Nardinho deixa um legado invejável, com uma carreira meteórica e impacto sem igual na história de Mandaguari.

Fafeman

Nardinho nasceu em 24 de dezembro de 1948, quando Mandaguari tinha apenas 11 anos de criação. Algumas décadas depois, se tornou fundamental para o desenvolvimento da cidade, participando diretamente da criação de indústrias que hoje são referência em suas respectivas áreas de atuação.

Nardinho trabalhou como empregado até os 26 anos em uma serralheria chamada Kataoka. Saiu da empresa para fundar seu próprio negócio, a Fafeman, que ficava onde é hoje a Casa de Carnes Líder, na esquina do Posto Central. Seu primeiro funcionário foi Laércio Marquini, que hoje é dono da Fafeman.

“Tivemos uma grande parceria nos negócios desde a fundação da Fafeman, em 1978, até 1999, quando ele optou por deixar a empresa. Sou muito grato pela oportunidade e não seríamos o que somos hoje sem o Nardinho”, conta Marquini. Mas o espírito empreendedor de Salvalagio não se acomodou. Em 1979 montou uma serraria em Rondônia e outra na fronteira com o Paraguai.

Minorgan

Fundou a Minorgan em 1996 e, dez anos depois conheceu outro amigo para a vida e para os negócios, Luiz Ribeiro.

Em entrevista anterior concedida ao Jornal Agora, em 2015, Nardinho contou que o encontro entre os dois foi uma história curiosa. “Foi em 2006, quando eu ainda estava muito endividado, e o Luiz chegou de São Jorge do Ivaí ‘quebrado’. Ele era agricultor. Reclamei com um amigo na época, que minha área comercial era muito fraca, ao que ele me disse que tinha a solução. O Luiz me foi apresentado e nos entendemos rapidamente. O Luiz tanto entendia de abudo organomineral quanto de vendas, minha dificuldade até então. Pegamos um carro e fomos para a estrada, vender, e o negócio então começou a prosperar. No acordo, o Ribeiro se tornava meu sócio, pagando com seus próprios ganhos”.

“O Nardinho foi o maior parceiro e sócio que tive na vida. E foi uma das pessoas que mais contribuiu ativamente com o desenvolvimento de Mandaguari”, lembra o hoje empresário Luiz Ribeiro.

Entre a criação e o “boom”, a Minorgan levou mais de dez anos para emplacar, passando por uma quase falência, mas se tornou referência nacional no segmento de fertilizantes orgânicos, e foi comprada pelo grupo SuperBac em 2013.

Força Solar

Visionário, em 2018 Nardinho fundou a Força Solar, que atua no ramo de energia fotovoltaica, setor que está em plena expansão. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de 2012 a 2019 o setor gerou mais de 130 mil empregos diretos no Brasil, e em 2020 a energia solar fotovoltaica passou a responder por 1,6% da matriz energética brasileira.

Entre seus últimos projetos também estava o Centro Empresarial Cristal, um enorme prédio comercial que fica na Rua Padre Antônio Lock, ao lado do Módulo Cultural.

Legado

Para a família, Nardinho deixou um grande legado. “Tudo que nós fizemos sempre foi reflexo das ações dele”, afirma Irinaldo Junior ao Jornal Agora. Não sem motivo, Nardinho Salvalagio foi um grande protagonista na indústria local, e seu nome ficará marcado para sempre na história de Mandaguari.

*Reportagem publicada na 365ª edição do Jornal Agora