Trânsito pesado

Levantamento feito pela reportagem do Jornal Agora junto ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PR) aponta que a frota de veículos de Mandaguari aumentou muito nos últimos seis anos. A média atual é de um carro para cada 1,3 habitante, e um trânsito cada vez mais caótico. O crescimento da frota coloca mais motoristas nas ruas e aumenta o número de reclamações, que vão além da conduta dos motoristas.

De acordo com dados do Detran e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014 a média em Mandaguari era de um carro para cada 1,6 habitante. Já em 2020 essa média chegou a 1,3. O número de habitantes cresceu o equivalente a 131 pessoas, enquanto o de veículos foi de 4.333. Atualmente, Mandaguari conta com uma frota de 23.305 veículos, entre eles 13.620 automóveis, 4.187 motocicletas e 2.282 caminhonetes. 

A grande quantidade de veículos no município é motivo de diversas reclamações de condutores. O aposentado Antônio Barros, 70 anos, afirma que evita estacionar na Avenida Amazonas e suas proximidades, como as ruas João Ernesto Ferreira e Manoel Antunes Pereira. “O trânsito não está muito bom, não. Falta estacionamento”.  

Barros declara ainda que a conduta dos motoristas tem deixado a desejar. “As pessoas não são muito educadas, não. Elas esquecem que estão no trânsito e querem avançar muito”. Outra queixa frequente é a infraestrutura dos bairros. “Algumas ruas até que estão bem asfaltadas, mas tem muito bairro que é muito estreito” desabafa o leitor Ricardo Gomes, outro motorista consultado pela reportagem. 

Visto que alguns bairros mais antigos da cidade e o Centro foram construídos por volta de 1947, quando a cidade foi fundada, é notável que a maioria das ruas não estão preparadas para receber essa frota numerosa. Os acidentes tem se tornado corriqueiros nas ruas. Além das infrações, nas últimas semanas, várias outras infelicidades foram notícia – na última terça-feira (20), uma colisão no cruzamento das Avenidas Firmino Corazza e Amazonas terminou de forma violenta, com ameaça e agressão.

ACIDENTES – A reportagem entrou em contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para obter dados sobre a frequência com que o órgão registra acidentes de trânsito no município. Em resposta, o Samu afirmou que não tem estatísticas sobre esse tipo de ocorrência. Já o Corpo de Bombeiros registrou 43 acidentes entre janeiro e outubro deste ano. No ano passado, durante o mesmo período, foram 104 acidentes de trânsito no município atendidos pelos Bombeiros. O número real de acidentes pode ser maior, já que batidas em que não há feridos tendem a não ser registradas. 

PLANO DE MOBILIDADE – A reportagem procurou ainda o município para saber como o trânsito pode ser melhorado. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo, Paulo Conte, afirma que o Plano de Mobilidade Urbana, atualmente em tramitação na Câmara de Vereadores, é uma ferramenta para isso.  Consultada, a Câmara esclarece que na fase atual está colhendo sugestões de moradores, além de analisar questionamentos e dúvidas apresentadas sobre a matéria. A expectativa do Legislativo é de que o Plano de Mobilidade Urbana seja votado em plenário a partir de novembro deste ano.

*Reportagem publicada na 354ª edição do Jornal Agora