Padre da Paróquia Bom Pastor, Joseir Sversutti, fala sobre a Campanha da Fraternidade

Na manhã desta quinta-feira (25), o Padre da Paróquia Bom Pastor Joseir  Sversutti, participou do programa Show da Manhã, apresentado por Júlio César Raspinha, na 91,3. Além de explicar sobre a Campanha da Fraternidade deste ano, ele ainda ressaltou o importante papel da Igreja no cunho social. Confira a seguir a entrevista completa. 

 

Convidamos hoje o Padre Joseir para falar da Campanha da Fraternidade, que já está em andamento desde o dia 17. 

 

Esse ano a Campanha da Fraternidade nos traz alguns elementos muito bons para nos ajudar a compreender um pouco mais sobre o sentido da vida. A Campanha traz como tema fraternidade, diálogo e compromisso de amor. Nós estamos aí em espaços onde falta diálogo, falta amor, e a carta Efésios tem como base: “Cristo é nossa paz, do que era dividido, fez-se uma unidade”. Por isso ela vai nos passar que nós precisamos olhar um pouco mais para a realidade, para o hoje, como que estamos vivendo essa realidade dentro de nossa comunidade e como estamos vivendo hoje como Igreja. 

 

Essa Campanha da Fraternidade vai nos fazer parar um pouco para pensar, ela não é doutrinal, ela vem para caminhar junto da parte social. Se nós pegarmos um pouquinho a oração que é chamada da coleta, ou “Oremos Inicial da Missa da Quarta-feira de Cinzas”, ela nos trazia três palavras, oração, jejum e esmola. Portanto, se observarmos, oração e jejum são doutrinas, quando se fala da quaresma, já a esmola, é uma coisa que tem que ser praticada. 

 

Então ela vem até nós para trazer esse convite de uma casa comum. Nós precisamos olhar como está a nossa casa comum, Papa Francisco dizia em sua encíclica que devíamos parar pra pensar, como está o rio que nos abastece? A água que tomamos? Como está a natureza? 

 

A Campanha da Fraternidade é para que nós pensemos todos juntos. Quando nós dizemos que essa campanha é ecumênica, pois além da igreja católica, outras igrejas são convidadas a pensar junto. 

 

Essa será a quinta campanha da fraternidade ecumênica, pois se nós pararmos um pouquinho para observar,  até então ambicionava-se algo único. Então em 1980 trouxe uma Campanha Eucumênica da Evangelização em missão sonhada, como nós , como cristãos, podemos parar e pensar? E em 2000, quando tivemos essa passagem de milênio, tivemos a primeira Campanha Eucumênica da Fraternidade, foi a dignidade e paz, com o lema escolhido Novo Milênio Sem Exclusões. 

 

Eu me lembro que quando foi lançada, essa campanha causou grande comoção, pois era uma ponte com as igrejas evangélicas. Então essa aproximação é muito útil e muito nova né Padre?

 

Sim, porque se pegarmos ali o Novo Milênio Sem Exclusões, ela trazia um olhar para a realidade. Vale lembrar que todas as campanhas são desenvolvidas por especialistas, então a campanha do ano que vem já começa a ser planejada agora. 

 

Aí em 2005, tivemos uma muito linda, que era a Solidariedade e Paz, “Felizes os que promovem a paz”. Como nós precisamos disso, precisamos falar sobre paz. 

 

Depois tivemos o Economia e Vida, que dizia que “Você não pode servir ao dinheiro e a Deus ao mesmo tempo”.  

 

A campanha da fraternidade é muito bonita, pois nos diz para “Descobrir a força e a beleza do diálogo no caminho”. 

 

Padre, temos vivido períodos de grande intolerância, mesmo com a democratização das redes sociais dando acesso a tudo, nós podemos ver muita intolerância. O tema “sexualidade”, ele é tratado na campanha de uma maneira aberta, ou é tratado de uma maneira subliminar? 

 

Lembramos que muitas vezes a igreja tem que ser uma resposta. Por exemplo, pensamos agora, quantas vezes a igreja se levantou contra a perda de direitos dos aposentados? Não foi uma e nem duas vezes. Então a partir dali, quando a igreja é colocada nesse momento, ela tem que dar respostas. É claro que nós temos um dado no documento que cita a ideologia de gênero, e a igreja precisa muitas vezes dar respostas, não posso sair e deixar que as coisas morram. Mas assim, vamos lembrar que não é porque está no manual da Campanha da Fraternidade que aquilo ali vai fazer com que eles possam casar e afins. Então se a Igreja precisar se levantar a favor da vida, ela vai se levantar. O aumento de casos de homicídios de pessoas LGBTQI+ entre 2011 e 2017 foi de 127%, e esses homicídios são efeito do discurso de ódio, muitas vezes fundamentalismo religioso, então quer dizer, a igreja tem que se levantar em prol dos direitos do ser humano. Então, muita gente quando pega ali o documento, não lê e começa a criticar algo. A Campanha da Fraternidade tem esse caráter social. 

 

A campanha deste ano traz três pontos importantes, que é o método de ver, julgar e agir, e traz um outro, celebrar. O ver, nesse momento estamos em um momento de pandemia, onde precisamos parar, cuidar, a máscara agora virou assunto com esse novo decreto onde o uso de máscara é ainda mais crucial. Só que a pandemia também trouxe outros problemas pra nós, o distanciamento, o aumento da violência familiar. Depois nós temos outra coisa, o número alarmante de negros sendo mortos no Brasil. Então, a igreja não pode ficar calada, então quando as pessoas citam a questão LGBQI+, a igreja não pode ficar calada perante essas situações. 

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