O sonho teve que esperar

A pandemia do novo coronavírus, além de mortes, causou uma série de transtornos no mundo todo e em diversos setores da economia. Em Mandaguari, por exemplo, o comércio ficou de portas fechadas por duas semanas, outras duas funcionando em meio período e ainda trabalha com uma série de restrições.

Setores como turismo e hotelaria continuam sem previsão de retorno. Festas e eventos é outro setor que sofreu um duro golpe, como o grande volume de adiamento de casamentos. Somente em Mandaguari, foram 13 casamentos adiados no cartório de Registro Civil, com datas que estavam marcadas para abril e maio – este último conhecido tradicionalmente como mês das noivas.

Além das cerimônias no âmbito civil, há os casamentos no religioso. A paróquia Bom Pastor, por exemplo, teve cinco adiamentos, enquanto a paróquia Nossa Senhora Aparecida teve quatro. Em contato com a Arquidiocese de Maringá, a reportagem apurou que ainda é possível realizar as cerimônias no religioso, porém com restrições para evitar aglomerações, ou seja, sem padrinhos, equipe de cântico ou equipe auxiliar de liturgia.

BRUNA E LEANDRO – Entre os casais que adiaram os planos estão Bruna Cezar e Leandro Gonçalves, que subiriam ao altar neste sábado (25). Eles oficializaram a união em cartório, mas adiaram a cerimônia religiosa para julho, bem como os planos de mudar após o matrimônio.

“Logo após o casamento, iríamos embora para a Irlanda. Como lá também está tudo fechado, tivemos que adiar a ida, para o final do ano”, conta Bruna. “Eu fiquei muito chateada com tudo isso, chorei por dias, pois não aceitava que iria ter que adiar. Oito meses preparando tudo, como sempre sonhei, para em 30 dias, eu ter que correr atrás de tudo para readaptar na nova data. É um sentimento inexplicável. Apesar de tudo, agora estou mais tranquila, esperando o grande dia”, complementa a noiva.

 

 

FELIPE E JÉSSICA – Felipe Natário e Jéssica Ozeloto subiriam ao altar para trocar alianças no dia 18 de abril, mas também tiveram que postergar a data da união. “Tivemos uma sorte boa na remarcação. Deu uma data certa para todos os fornecedores [de buffet e decoração], sem maiores desgastes. Com exceção do salão, o qual tivemos que alterar. Pensávamos que seria um transtorno maior”, detalha Felipe.

O casal está construindo a residência onde vai morar, e o adiamento da cerimônia deu um pouco mais de tempo para finalizar o imóvel. “Conseguiríamos terminar a tempo, porém agora com mais tranquilidade”. Ressalta o noivo. Para a lua de mel, Felipe e Jéssica pretendiam viajar para o exterior, mas como não compraram as passagens, não vão enfrentar mais problemas para remarcar.

 

 

DANIELE E VINICIUS – Daniele da Veiga e Vinicius Sandoná, que teriam se casado no dia 19 de abril, também adiaram os planos. O casal ainda não definiu uma nova data para a cerimônia, por incerteza de quando as coisas voltarão ao normal.

A noiva relata que, como uma nova data não foi definida, não teve conflito de agenda com buffet e decoração. “Não sofremos com esse detalhe, mas já entramos em contato com os fornecedores pedindo as datas disponíveis, e na verdade estão com todas elas até meados de agosto livres. Também estamos aguardando a reabertura da igreja, pois nossa cerimônia religiosa será na igreja e não tem uma previsão de abertura dos templos”.

Além da viagem de lua de mel, os noivos tiveram que adiar a mudança. “Vamos morar juntos somente após o casamento, mas nossa casa já está montada. O Vini se mudou para Curitiba e escolhemos nosso apartamento e deixamos arrumado pro nosso casamento, que já estava próximo. Agora estamos na espera”, conta Daniele.

Sobre remarcar a cerimônia, o noivo diz que são tantos sentimentos que é até difícil de escrever, e ainda não conseguiu aceitar o adiamento sem previsões. A noiva conta que achou péssimo remarcar. “Foi bem difícil de assimilar que 19 de abril não seria mais o nosso dia, com tudo que escolhemos para celebrar ao lado das pessoas que amamos e começar nossa vida a dois. O casamento era nossa grande espera, e o sentimento de tristeza e incerteza é grande”, ressalta Daniele.

“Nossas alianças já estavam gravadas, e tudo isso me deixou muito mal, mas depois que passou a data, no último domingo, foi uma sensação melhor, de que vamos aguardar um tempo maior, mas com fé em Deus vamos realizar nosso sonho e iniciar nossa família”, conclui.

ENSAIOS – Além de noivos, famílias, buffets, decoradores e igrejas, fotógrafos também sofrem com os adiamentos. Muito procurado por casais para cerimônias e ensaios pré-casamento, Jhones Proenci conta à reportagem que teve muitos adiamentos por causa da pandemia.

“Os pré-wedding foram todos adiados, por conta dessa insegurança, e alguns contatos que estavam em processo de fechamento também foram cancelados e não teve o fechamento de contrato. Com essas incertezas da economia, muitos dos casais recuaram, mas a procura por datas ao final do ano subiu e o segundo trimestre do ano que vem também, mas os ensaios não só de casal, como os femininos, infantis e os corporativos se estenderam aos adiamentos, e com isso meus rendimentos caíram drasticamente”, aponta o fotógrafo. 

*Reportagem publicada na 343ª edição do Jornal Agora