O canto do campo na cidade

Mandaguari ainda carrega uma boa dose de cidade de interior, que vão desde números de habitantes a hábitos costumeiros, que para nós moradores da cidade é comum. São essas características que dão identidade à população e faz parte da história local, como lugares e edificações, ou relatos passados de forma oral dos mais antigos para gerações posteriores.

Para nós é normal, encontramos pessoas que vem da zona rural em cavalos ou até mesmos nas tradicionais carroças. Isso possibilita que as crianças de Mandaguari tenham um contato com animais que uma criança de um grande centro só vai ter através de vídeos ou livros.

Há cerca de um mês, moradores e frequentadores da região da Praça Bom Pastor, tem tido a oportunidade de escutar um canto que vem chamando a atenção. O local tem sido habitado por galo índio, que adotou a praça como seu novo lar e transformou uma das árvores em refúgio para as horas de maior movimento.

Quando a ave foi avistada ainda nos primeiros dias, o Portal Agora recebeu diversos relatos de seus leitores sobre o galo. Na época a reportagem do portal esteve na praça, que fica a poucos metros da sede da Agora Comunicação, conversando com os frequentadores da praça. No local, a reportagem flagrou o galo no alto de uma das árvores, e fomos informados que ele teria fugido de uma loja de produtos agrícolas que fica na região.

A reportagem chamou a atenção dos leitores que relataram sobre a presença do galo no local e alguns até se dispuseram adotá-lo. Fato é que o galo continua no local e não é de fazer amizades, evitando os curiosos que dele tentam se aproximar.

Em conversa com comerciantes da região, estes contaram que os corretores que ficam na praça cuidam para que ninguém tente capturar ou causar mal ao galo. Já funcionários do Verona Supermercados tem alimentado a ave com ração e sempre estão de olho, também fazendo o papel de cuidador.

Procurada pela reportagem, uma funcionária da agrícola confirmou que o galo fugiu da loja. Conforme relatado por ela, o proprietário comprou dois galos de um morador da Estrada Alegre. Os galos foram trazidos até o comércio dentro de um saco de nylon, que estava com a boca toda desfiada.  Ela conta que na hora de tirar as aves para as gaiolas destinadas aos dois, um entrou enquanto o outro ficou com uma das patas presas nos fios do saco.

A funcionária relatou que quando conseguiu desvencilhar a ave dos fios, os dois galos conseguiram escapar, entrando numa casa que fica perto da loja. Dentro do quintal os dois conseguiram fugir para casa dos vizinhos e sumiram.

Um dos fugitivos foi capturado duas semanas depois, em uma das residências que fica na região da loja, e foi encaminhado para uma propriedade rural. Já o seu parceiro de fuga está fazendo sucesso na praça.

Fato é que o canto do galo chama atenção e dá para se ouvir a uma distância considerável e, apesar de ter sida criado na zona rural, a ave não está perturbando ninguém que passa perto, tampouco se arrisca a andar próximo as ruas. Resta saber até quando essa convivência pacifica vai durar.

*Reportagem publicada na 351ª edição do Jornal Agora