“Nós temos uma fila significativa, mas temos recurso em conta para resolver”

Ela tem extenso currículo na Saúde. Já foi estagiária e coordenadora do Caps (Centro de Atenção Psicossocial), diretora do Pronto Atendimento Municipal e, na última semana, Deise Dayane Evangelista Vernillo completou um mês no cargo de secretária de Saúde. Ela recebeu a reportagem do Jornal Agora para falar sobre como foram esses primeiros trinta dias na função e comentar alguns números da pasta. Confira a seguir os principais trechos da conversa.

Jornal Agora: Qual o balanço que você faz desse primeiro mês à frente da Saúde?

Deise: É um trabalho muito difícil, mas nesse balanço de 30 dias eu posso dizer que foi positivo. Foi um período de muito trabalho, muitas coisas pra resolver, nortes que devem ser tomados na secretaria. Acredito que tenha sido um período positivo para analisar enquanto secretaria, gestão. Eu já estava aqui atrás da parte financeira, orçamentária, e agora a gente tem responsabilidades um pouco maiores.

Eu tenho trabalhado com seriedade, reforçado a equipe para melhorar o que precisa melhorar. O meu objetivo é esse. Por enquanto sou interina, não sei até quando, mas enquanto eu estiver na pasta o meu objetivo é tocar o serviço e melhorar o que precisar. Não dá pra pensar em grandes projetos, porque a gente tá num cenário muito difícil para a Saúde. O momento é de reforçar a base antes de pensar em criar grandes coisas.

Mandaguari perdeu alguns médicos no ano passado após a saída de Cuba do programa Mais Médicos. Esses profissionais foram repostos? Como o município está lidando com isso?

Bom, primeiro vamos explicar que quem conduz o Mais Médicos é o governo federal. Então assim, nós custeamos o profissional em parte, porém ele fica vinculado ao programa, e quando desvincula do governo é necessário repor. Diante de várias incertezas e até a transição de governo, nós tivemos quatro médicos que se ausentaram do município, e isso acabou atrapalhando um pouco.

Diante disso, o que ficou pra nós foi contratar via Prefeitura, pois ainda não houve reposição desses profissionais. Houve uma portaria do Ministério da Saúde para contemplar alguns municípios, mas atendendo cidades de menor porte, o que não é o caso de Mandaguari. A gente aguarda uma nova portaria, mas estamos buscando profissionais para a atenção básica.

Abri um PSS (Processo Seletivo Simplificado) e houve 13 inscritos. Nós chamamos todos, e só um assumiu o cargo. Estamos aguardando agora os últimos quatro chamados. É difícil dizer se algum deles vai assumir, pois como estamos com edital do concurso em aberto, o médico pensa “pra que vou fazer PSS e me estruturar para trabalhar 40 horas se em agosto outra pessoa vai assumir a vaga?”.

Paralelo a isso, a gente teve uma quantidade boa de inscritos no concurso. Estou bem esperançosa que a gente regularize a questão dos médicos.

É essa defasagem no número de médicos que tem causado filas de até um mês para agendar consultas nas Unidades Básicas de Saúde?

Também. Nós estamos numa época climática muito difícil, em que são comuns doenças cardiorrespiratórias, problemas pulmonares e gripe no contexto geral. Isso também acabou pesando e as filas de atendimento aumentaram.

Com esse médico que conseguimos via PSS estamos tentando reparar o que tem e contemplar mais alguns atendimentos em cada UBS até organizar tudo de novo.

Mas veja bem, nós abrimos cinco vagas via PSS, e dos 13 inscritos só um teve interesse, então a gente fica refém de uma situação que já era pra ter sido resolvida. E por outro lado, o Pronto Atendimento Municipal está sobrecarregado, o que também dificulta a questão das filas nas UBS.

Atualmente, quantos médicos atendem na rede pública em Mandaguari?

Hoje contamos com oito ou nove médicos na atenção básica. E no Pronto Atendimento tenho dois 24 horas.

Recentemente a secretaria começou a convocar pacientes da fila de especialidades. Em que pé está essa ação?

Estamos buscando divulgar isso, porque os pacientes ligam bastante pra se informar mas poucos tem vindo pra agendar. A cada 30 ligações, 10 conseguem vir e agendar exame. Nós temos uma fila significativa, mas temos recurso em conta. Temos ficado até nove da noite para marcar essas consultas e os exames, e contamos com apoio da imprensa para divulgar as próximas convocações.

Para concluir, qual sua perspectiva no cargo?

A de melhoria. Fui muito bem recebida pelos profissionais que estão na secretaria e contamos com uma equipe muito capacitada. Eu penso que não adianta o secretário ser “PhD” e ter muitas formações se a equipe não for boa, e a nossa é. Não vou mentir e dizer que está tudo perfeito, pois temos muito onde melhorar.

A Saúde é uma luta diária, e nós contamos com o apoio de todos os profissionais do setor e a compreensão dos pacientes, que tem entendido nosso trabalho.

*Entrevista publicada na 306ª edição do Jornal Agora