No Caminho da Fé

Os Caminhos de Santiago, na Europa, são percursos dos peregrinos que levam a Santiago de Compostela, na Espanha, desde o século IX, para venerar as relíquias do apóstolo Santiago Maior, cujo suposto sepulcro se encontra na catedral de Santiago de Compostela.

E inspirado no trajeto milenar, foi criado em 2003, no Brasil, o Caminho da Fé, com o objetivo de dar estrutura às pessoas que sempre fizeram peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP), oferecendo pontos de apoio e infraestrutura ao longo do caminho.

A rota do Caminho da Fé é composta por mais de 900 quilômetros, dos quais 220 foram percorridos pelas mandaguarienses Ângela Bernini e Gleice Maciel. “Nós conhecemos o trajeto porque parentes nossos moram na rota do Caminho da Fé”, explica Ângela.

Cunhadas, elas haviam planejado percorrer o trajeto em família, mas como não conseguiram conciliar as agendas de todos os envolvidos, decidiram ir em dupla mesmo para a caminhada. “Fomos de ônibus até Inconfidentes, em Minas Gerais, e lá começou nosso percurso”, complementa Gleice.

A viagem começou no dia 18 de julho, e foram oito dias de peregrinação. Ângela e Gleice acompanharam um grupo com 15 pessoas, chegando ao destino em 25 de julho.

Gratidão

E o que motivou a viagem? As mandaguarienses contam que, diferente do costume de ir a Aparecida para pagar promessa, elas viajaram para demonstrar gratidão. “Pela família, pelas nossas conquistas, por tudo que conquistamos”, confirma Ângela.

“Mas nós recebemos muitos pedidos e intenções de amigos e familiares pra levarmos até Aparecida. Tanto é que teve um amigo nosso que colocamos nas intenções e ele recebeu a cura”, acrescenta Gleice.

Provações

As moradoras também contaram que houve provações antes e durante a jornada. Gleice conta que antes do trajeto torceu o pé, sofreu um corte na cabeça, e recebeu até recomendações médicas para não fazer o Caminho da Fé, tudo isso uma semana antes da viagem.

“O médico me examinou e disse que eu não aguentaria. Mas persisti e fui para a viagem do mesmo jeito. Consegui completar o percurso sem nenhuma bolha no pé e deu tudo certo”, relata.

Já Ângela sofreu a maior provação no decorrer da caminhada, ao perder alguns de seus pertences. “O meu cajado e também a corrente da minha medalhinha que carrego no pescoço”, aponta.

“E eu perdi o cajado antes de um trecho de subida que é conhecido como quebra perna. Mas a primeira pousada que nós paramos depois disso eu ganhei um cajado de outro peregrino que estava lá. E a medalhinha eu encontrei um tempo depois”, detalha.

Ângela afirma que nunca foi de perder objetos, e recebeu uma mensagem divina ao longo do percurso. “Perguntei pra Deus qual era o sentido de eu perder as coisas, e ele colocou no meu coração que na nossa vida temos muitas perdas, mas se temos um objetivo, que é Deus, aquelas coisas sempre estarão conosco”, conclui.

Momento único

Ainda ao Jornal Agora, as mandaguarienses contaram que o trajeto todo foi uma grande lição que vão levar para a vida. “Foi bastante proveitoso, e a gente recomenda. Pra quem tem um objetivo, quem tem fé, vai ser muito bom. Foi um momento único pra nós, de fazer essa peregrinação”, conclui Ângela.

*Reportagem publicada na 315ª edição do Jornal Agora