Mandaguariense é notícia no UOL, maior site do país

Dona Neide Aparecida da Silva, de 49 anos, contou na última semana ao portal Universa, do UOL, sobre a promessa que esta pagou no último mês.

No dia 16 de julho, em uma sexta-feira chuvosa, a dona de casa saiu de Mandaguari sob uma forte chuva e pretendia chegar a Lunardelli, no domingo (18). Tal trajeto tinha intuito de cumprir uma promessa que esta havia feito em nome da vida dos seus netos. “Meus netos Davi e Samuel são gêmeos e nasceram prematuramente aos cinco meses e 15 dias de gestação, em 6 de junho de 2015. Eu que prometi que, se eles sobrevivessem e completassem cinco anos, iria percorrer a pé 96 quilômetros de Mandaguari, até o Santuário de Santa Rita de Cássia, em Lunardeli, no Paraná”.

Neide contou ainda ao portal Universa que quando seus netos nasceram ficaram por 90 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Maringá, onde os médicos sempre falavam que ambos não aguentariam porque não vieram ao mundo com a formação completa. Foi então que Neide prometeu que, se eles sobrevivessem esta iria a pé até Lunardeli, com uma cruz de madeira.

O trajeto de Neide não foi fácil, e ela passou por várias provações para que conseguisse percorrer seu trajeto, mas o apoio da população também foi um alento à avó. “Ela contou com o apoio de pessoas que a forneceram hospedagem em uma pousada durante sua primeira noite, e refeições, que por sua vez, Neide teve que rejeitar. “Não aceitei a comida porque o meu percurso deveria ocorrer em jejum. Comia apenas as maçãs e bananas.”

Confira a seguir um trecho da entrevista:

“Com o passar da caminhada, já tinha repórter me seguindo, gente dos municípios à beira da estrada me dando apoio, fiéis pedindo para colocar fotos dos parentes na cruz e até um pai solicitando que o filho tocasse nela. Parei nesse dia somente umas 22h porque tive que parar bastante ao longo da estrada para atender quem queria colocar imagem na cruz. Teve uma pessoa até que colou dois cigarros para ajuda-la a parar de fumar. Só não andei mais porque parei num posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e não permitiram mais que continuasse. Os agentes avaliaram que a estrada estava perigosa à noite”.

“Estava muito cansada no segundo dia. Me desidratei tanto que emagreci sete quilos nessas 30 horas de caminhada ao longo dos três dias. Por volta de 10h40, cheguei a Lunardeli, sem aguentar mais porque estava muito cansada. Fiquei sem palavras quando cheguei. Foi como se tivesse pagado a última parcela de uma dívida grande. Estava muito feliz porque pagava pelo que pedi com a minha fé, que era a vida dos meus netos. Não aguentei ficar em pé quando cheguei. Literalmente, tirei um peso das costas, carregava sempre no ombro esquerdo porque não poderia colocar no direito por ter problemas nele. Meu ombro ficou inflamado, feriu um pouco, mas não foi nada demais. Nada que pudesse ser maior que minha vontade de concluir o percurso. Eu quis mostrar que não devemos perder a fé. Precisamos acreditar porque hoje, mesmo toda a dificuldade que passo com meus netos, estou tocando a vida”.