Mamãe de primeira viagem durante a Covid-19
Ser mãe já é um desafio imensurável, e ser mãe de primeira viagem com certeza deve ser uma experiência absurdamente emocionante e difícil, porém, ser mãe, e dar à luz a um novo ser humano, deve ser ainda mais complicado em meio a uma pandemia mundial. 2020 foi um ano caracterizado por mortes, onde o medo e a apreensão nos assombravam dia e noite, e terminou com 194.949 óbitos em decorrência da doença no Brasil. Mas em meio a tanta angústia, o brasileiro deixou de dar as graças aos 2,6 milhões de bebês que nasceram no último ano.
O pequeno Matheus, de apenas 6 meses, é um destes bebês que chegaram ao mundo em meio a tempos tão difíceis e desafiadores. Para a sua mamãe, Katia Cataline Malheiro Curiel, de 36 anos, o momento em que ela descobriu a sua gravidez, em abril de 2020, foi carregado de medo, insegurança e angústia, apesar de toda a felicidade. “Sou assistente social e trabalho no município de Marialva, na época o transporte coletivo estava suspenso e eu precisei ir com o transporte disponibilizado pela prefeitura aos funcionários do setor de saúde. Muitas vezes era uma ambulância ou carro com mais dois ou três profissionais que atuavam na linha de frente de combate a Covid-19. Além disso, estava acontecendo um plantão social para concessão de cestas de alimentos, era muita exposição, mais de cem atendimentos por dia, alta rotatividade de pessoas. Um medo absurdo. Ao longo dos meses consegui o direito de exercer home office, indo para Marialva, duas ou três vezes por semana, mas ainda muito insegura por conta do transporte coletivo e do contato com os colegas de trabalho que também eram de outros municípios”. Segundo ela, além do medo e da apreensão, a frustração também foi um sentimento que permeou seu coração por não poder comemorar aquele momento tão esperado junto de seus amigos e familiares.
Katia e seu filho venceram juntos inúmeras batalhas, uma delas foi sua gravidez de risco, que de acordo com ela se caracterizou também pela solidão. “Não pude ter acompanhante, a primeira consulta, a primeiro ultrassom, a primeira vez que ouvi o coraçãozinho do bebê, quando soube que minha gestação seria de alto risco, estava sozinha, sempre sozinha. Precisei ficar internada, foi a primeira vez na vida que fiquei internada, sem direito a visita e foi muito triste. A maioria dos exames de imagem foram realizados na Santa Casa, onde nem na sala de espera podia ter acompanhante, foram momentos de muita angústia, ansiedade e solidão”.
A mãe conta que após o nascimento de Matheus, que foi um parto de emergência, ela não pode ter o carinho dos seus familiares e amigos como ela desejava. “Sempre idealizei a minha saída da sala de parto: “seria lindo e emocionante, eu saindo, o pai segurando o bebê, toda a família feliz no corredor, fotos, enfim…”. O que ocorreu foi eu saindo sozinha, um silêncio ensurdecedor, poucas luzes, chegando no quarto, meu marido com meu bebê que nem chorava pois estava no oxigênio. Um vazio enorme, uma frustração imensa”.
E é neste momento que podemos ver quão guerreiras são as mães, e que batalha imensa estas mais de 2 milhões de mães que deram à luz no último ano venceram. Em entrevista a reportagem do Jornal Agora, Katia, que se tornou mamãe de primeira viagem em outubro do ano passado, definiu sua experiência até aqui em uma única palavra: AMOR. “Só o amor é capaz de explicar passar a noite acordada e ter forças pra cuidar de um ser tão indefeso no dia seguinte, vencer todos os desafios que vêm com a maternidade, só o amor é capaz de acalentar um coração doído por se olhar no espelho e não ver o mesmo corpo de antes, vencer a dor de amamentar, a angústia, o medo e desespero de pensar que não vai dar conta, só o amor é capaz de superar todos os palpites desencorajadores de ter uma maternidade diferente das gerações anteriores. É só o amor capaz de explicar, mudar todas as minhas prioridades, mudar a rotina, mudar a vida. Querer ser melhor, dar o melhor, o melhor abraço, o melhor colo, o melhor sorriso. Ser mãe é algo tão maravilhoso, tão louco, cansativo, solitário, mas incrivelmente maravilhoso, dar e receber tanto amor é maravilhoso”.
Para daqui um ano, Katia só tem a desejar para o seu filho uma infância considerada normal para nós, que sabemos como era a vida antes desta pandemia. “Espero de todo coração que seja menos solitária, que ele possa frequentar a escolinha sem tomar banho de álcool, que possa frequentar parquinhos, possa passear na praça sem medo, possa desfrutar da companhia, do colo e do carinho de toda família sem medo e sem receio. Possa conviver com outras crianças e com outras pessoas além da família nuclear. Que ele esteja vacinado e que cada espirro ou tosse eu não me desespere pensando ser Covid”, diz ela. Para Bárbara Ruana, de 23 anos, que está grávida do Benício, previsto para vir ao mundo no dia 30 de maio, mas que pode ter nascido durante o fechamento do presente jornal, a gravidez em meio a pandemia representa desafios além do comum. Bárbara descobriu sua gravidez em setembro do ano passado e para ela este momento tão feliz foi manchado pelo medo de passar pela pandemia grávida, onde os riscos seriam ainda maiores. “Eu trabalho com público, tenho contato com pessoas diferentes o tempo todo e até precisei ser afastada do trabalho para prevenir a contaminação”.
Além de ser mamãe de primeira viagem, Bárbara também passa por uma gravidez de risco, o que fez com que ela precisasse frequentar ainda mais os pontos de atendimento, onde o fluxo de pessoas é muito intenso. “Isso aumentava ainda mais o medo de pegar, ou de já estar contaminada, foi muito difícil. Em todas as consultas eu precisei ir sozinha, para evitar a aglomeração, e foi muito complicado pois tudo era novidade”.
A palavra para a mãe de Benício que define a sua gravidez é DESAFIO. “Tem sido muito difícil, mas eu garanto que vai ser muito satisfatório quando ele nascer, e disso eu tenho certeza”.
Segundo ela, para o futuro de seu bebê, ela deseja uma realidade diferente, que ele possa crescer tendo contato com outras crianças, sem precisar ficar preso dentro de casa e que ele possa viver como um dia nós vivemos. “A minha esperança é que tudo passe logo”.
E é em prol disto, dessas crianças que ainda não sabem como é um almoço em família com todos reunidos, que devemos abdicar por mais um ano de uma grande reunião com nossos amigos e familiares para comemorar o dia daquelas pessoas que nos dão o presente que nunca foi tão valioso, a vida. Em nome de todas as mães, de primeira viagem, ou que já são avós, devemos zelar e valorizar a vida neste momento e jamais esquecermos de expressar amor e gratidão por estes seres incríveis que nos deram a oportunidade de estar aqui hoje.
E é neste momento que podemos ver quão guerreiras são as mães, e que batalha imensa estas mais de 2 milhões de mães que deram à luz no último ano venceram. Em entrevista a reportagem do Jornal Agora, Katia, que se tornou mamãe de primeira viagem em outubro do ano passado, definiu sua experiência até aqui em uma única palavra: AMOR. “Só o amor é capaz de explicar passar a noite acordada e ter forças pra cuidar de um ser tão indefeso no dia seguinte, vencer todos os desafios que vêm com a maternidade, só o amor é capaz de acalentar um coração doído por se olhar no espelho e não ver o mesmo corpo de antes, vencer a dor de amamentar, a angústia, o medo e desespero de pensar que não vai dar conta, só o amor é capaz de superar todos os palpites desencorajadores de ter uma maternidade diferente das gerações anteriores. É só o amor capaz de explicar, mudar todas as minhas prioridades, mudar a rotina, mudar a vida. Querer ser melhor, dar o melhor, o melhor abraço, o melhor colo, o melhor sorriso. Ser mãe é algo tão maravilhoso, tão louco, cansativo, solitário, mas incrivelmente maravilhoso, dar e receber tanto amor é maravilhoso”.
Para daqui um ano, Katia só tem a desejar para o seu filho uma infância considerada normal para nós, que sabemos como era a vida antes desta pandemia. “Espero de todo coração que seja menos solitária, que ele possa frequentar a escolinha sem tomar banho de álcool, que possa frequentar parquinhos, possa passear na praça sem medo, possa desfrutar da companhia, do colo e do carinho de toda família sem medo e sem receio. Possa conviver com outras crianças e com outras pessoas além da família nuclear. Que ele esteja vacinado e que cada espirro ou tosse eu não me desespere pensando ser Covid”, diz ela. Para Bárbara Ruana, de 23 anos, que está grávida do Benício, previsto para vir ao mundo no dia 30 de maio, mas que pode ter nascido durante o fechamento do presente jornal, a gravidez em meio a pandemia representa desafios além do comum. Bárbara descobriu sua gravidez em setembro do ano passado e para ela este momento tão feliz foi manchado pelo medo de passar pela pandemia grávida, onde os riscos seriam ainda maiores. “Eu trabalho com público, tenho contato com pessoas diferentes o tempo todo e até precisei ser afastada do trabalho para prevenir a contaminação”.
Além de ser mamãe de primeira viagem, Bárbara também passa por uma gravidez de risco, o que fez com que ela precisasse frequentar ainda mais os pontos de atendimento, onde o fluxo de pessoas é muito intenso. “Isso aumentava ainda mais o medo de pegar, ou de já estar contaminada, foi muito difícil. Em todas as consultas eu precisei ir sozinha, para evitar a aglomeração, e foi muito complicado pois tudo era novidade”.
A palavra para a mãe de Benício que define a sua gravidez é DESAFIO. “Tem sido muito difícil, mas eu garanto que vai ser muito satisfatório quando ele nascer, e disso eu tenho certeza”.
Segundo ela, para o futuro de seu bebê, ela deseja uma realidade diferente, que ele possa crescer tendo contato com outras crianças, sem precisar ficar preso dentro de casa e que ele possa viver como um dia nós vivemos. “A minha esperança é que tudo passe logo”.
E é em prol disto, dessas crianças que ainda não sabem como é um almoço em família com todos reunidos, que devemos abdicar por mais um ano de uma grande reunião com nossos amigos e familiares para comemorar o dia daquelas pessoas que nos dão o presente que nunca foi tão valioso, a vida. Em nome de todas as mães, de primeira viagem, ou que já são avós, devemos zelar e valorizar a vida neste momento e jamais esquecermos de expressar amor e gratidão por estes seres incríveis que nos deram a oportunidade de estar aqui hoje.
*Reportagem publicada na 346ª edição do Jornal Agora