“Influência”

Freud já teorizava que a culpa é toda do pai e da mãe, para o bem ou para o mal. Tudo bem que o meio exerce influência, as companhias, as condições, o contexto, mas faz todo sentido que os genitores possuem a maior parcela de responsabilidade pelo que acontece com uma pessoa.

Só que isso não dá o direito, a nenhum de nós, de se esconder atrás dessa justificativa e passar o resto de nossos dias aqui na Terra jogando a culpa em quem, na maioria das vezes, se errou, foi tentando fazer o melhor.

Chega um momento na vida em que todos nós dispomos de livre arbítrio, e informação suficiente para buscar “ajuda”, corrigir rotas, enfim, ser alguém melhor, e superar comportamentos e características, mesmo não sendo fácil. Para isso existem profissionais nas mais diversas áreas.

O tema me ocorre porque na semana em que terminaram os Jogos Pan-americanos de Lima, no Peru, que acompanhei de maneira intensa em meus horários de folga, alguém me questionou de onde herdei essa paixão por esportes de todo o tipo.

Respondo sempre que foi através da minha mãe. Lembro-me dela assistindo comigo a corridas de Fórmula I de Senna e Piquet, inclusive de madrugada, corridas de São Silvestre nas noites de 31 de dezembro, Olimpíadas de Los Angeles em 1984, Pan de Caracas em 83, e até final do Brasileiro daquele ano entre Flamengo e Santos, quando virei rubro-negro.

Mas a minha memória mais antiga, e tão cristalina quanto as demais, em matéria de esporte, vem de 1982, um ano antes, quando eu tinha cinco anos de idade. Não tínhamos televisão em casa, e víamos os jogos daquela Copa em uma Telefunken preta e branca na casa dos meus avós.

Deve ter sido a primeira vez que vi minha família chorando, ao final da eliminação do Brasil para a Itália no Estádio Sarriá. O que foi algo doloroso para eles, mas que eu pouco entendia, possivelmente foi semente de uma paixão que cultivo diariamente, o gosto por esporte. Em momentos de dor nascem também grandes paixões!