História das eleições: troca de candidato em 88 e vitória com folga em 92

Na primeira parte do especial sobre a história das eleições municipais em Mandaguari, passamos pela disputa de 1982 e suas peculiaridades. Nesta edição, vamos abordar os pleitos de 1988 e 1992.

1988 – Troca de candidato e virada histórica

A eleição de 1988 foi uma das mais emblemáticas da história de Mandaguari. Embora três candidaturas tenham sido registradas, a disputa majoritária foi polarizada entre dois grupos. Inicialmente concorriam à chefia do Executivo o ex-prefeito Xandú (PFL, atual Democratas), tendo como vice o jovem empresário Carlos Alberto Campos de Oliveira, o Carlinhos, herdeiro de uma das principais empresas da cidade na época. Odeval Sofia (PMDB), tendo como vice o cartorário Fernando Augusto de Carvalho, e Donizete Donha (PT), cujo vice era o barbeiro João Geraldo Ananias.

Nome forte na política local, Xandú gozava de altíssima popularidade, mas em contrapartida pesava contra ele uma condenação por conta de irregularidades cometidas durante sua gestão (1977-1982) e sua candidatura era questionada judicialmente.

Sofia e Fernando, que foram adversários seis anos antes, contavam com o apoio do então prefeito Galera, de quem também haviam sido adversários em 82. Esses fatores já indicavam que seria uma disputa acirrada e desde o começo da campanha até a abertura da última urna o que não faltou foi emoção.

A cerca de um mês da eleição Xandu teve a candidatura impugnada. O grupo então alçou Carlinhos à cabeça de chapa e indicou o também empresário do ramo de bebidas Domingos Pereira para a vice.

O ponto alto da disputa, no entanto, ocorreu quando os votos estavam sendo apurados. A contagem era feita manualmente e só começou no dia seguinte à eleição. Sofia saiu na frente e chegou a abrir uma vantagem considerável sobre Carlinhos enquanto eram computados os votos da região central. Tudo indicava que chegara sua hora de administrar a cidade. No entanto, o quadro começou a mudar quando as urnas da periferia começaram a ser abertas. A cada nova seção apurada a diferença diminuía até que na contagem dos votos do Jardim Progresso ocorreu o que chamaram de “grande virada”. Aos 28 anos de idade Carlinhos tornou-se o mais jovem prefeito de Mandaguari com 6.185 votos. Com apenas 159 votos a menos, Sofia “bateu na trave” pela segunda vez e não conseguiu realizar o sonho de ser prefeito da cidade. Donha, por sua vez, recebeu apenas 275 votos.

Na disputa pelo Legislativo o grupo de Carlinhos também levou vantagem e elegeu cinco, dos nove vereadores: Romualdo Velasco, Cileninho, Noel Pires Viana, Airton Costa e Vilson Nanci. Pelo grupo adversário foram eleitos Jorge Hamessi, Joaquim do Couto, Maria Vaz e Maria Inês Botelho.

Entre os pontos que mais chamam a atenção do resultado daquela disputa para vereador está no fato de que dois candidatos registrados não obtiveram nenhum voto: Miguel Fernandes Garcia e Celso Batista Rodrigues. José Ferreira, o saudoso Nhô Belo, um dos ícones do rádio regional também registrou candidatura, porém não fez campanha e obteve somente um voto.

1992 – Muitos candidatos e vitória com folga

Com vários “pesos pesados” da política local envolvidos na campanha, a eleição de 1992 tinha tudo para ser a mais concorrida da história. Porém, como diria o grande Garrincha, “faltou combinar com os russos…”.

Eram nada mais nada menos do que seis candidatos concorrendo e, diferente do que ocorrera anteriormente, todos estavam realmente em campanha. Na disputa estavam Xandú, agora totalmente liberado para tentar seu segundo mandato, Galera, que tentava ser prefeito pela terceira vez, Cyllêneo Pessoa Pereira, que já havia concorrido ao cargo em 72 e 82 e desta vez contava com o apoio do prefeito da época (Carlinhos), Dr. Osvaldo Alves, Rubinho Beleze e Nilton Botti. O vice de Xandú era João Ribeiro Marques, que já ocupara o cargo quando este havia sido prefeito. Galera tinha novamente como companheiro de chapa o comerciante Antonio Munhoz. O vice de Cyllêneo era Nei Conciani, que havia formado chapa com Odeval Sofia dez anos antes. Entre os novatos na disputa, Dr. Osvaldo tinha de vice Odeval Sofia, que perdera as duas eleições anteriores por uma quantidade mínima de votos. Rubinho Beleze formava chapa com Donizete Donha e Nilton Botti contava com Antônio José Dias (in memorian).

Na teoria tudo levava a crer que, novamente, uma diferença mínima de votos iria determinar quem seria o prefeito de Mandaguari. Na prática o que aconteceu foi muito diferente. Xandú provou que realmente era o grande nome da política local naquele período e se elegeu com folga para seu segundo mandato de prefeito. Com 6.945 votos, superou a votação do segundo (Galera – 3.919) e terceiro (Dr. Osvaldo – 2.290) colocados juntos. Em quarto lugar ficou Dr. Cyllêneo (1.243), em quinto Rubinho Beleze (525) e em sexto Nilton Botti (300).

Muito forte e organizado do ponto de vista político e econômico, o grupo que estava com Xandú também elegeu cinco, dos onze vereadores, todos do PFL: Noel Pires Viana, Angelo Trintinália, Cidão da Fiação, Celso Corazza e João Lamônica. O PST, que apoiou Cyllêneo, elegeu Celso Camargo, Romualdo Velasco e Jorge Hamessi, e o PMDB de Galera elegeu Jair Alípio Costa, Wanderley Lukachewski e José Henriques Martines, o Zé Crica.

Nesta eleição, pela primeira vez na história de Mandaguari a idade do candidato determinou quem ocuparia uma das vagas na Câmara. Zé Crica e Alcebíades Mosconi, o Biló, ambos do PMDB, empataram com 223 votos. Por ser mais velho que o colega de partido, Zé Crica teve prioridade. Biló, no entanto, teve a oportunidade de exercer a função de vereador em 1995, durante a votação do processo instaurado pela câmara visando a cassação de Xandú (processo este que acabou anulado pela Justiça). Por ser autor da denúncia, Zé Crica estava impedido de votar e conforme determinava a legislação vigente, foi feita a convocação do primeiro suplente, que era Biló.

O que vem por aí

Na próxima edição da série, um passeio pela disputa equilibrada das eleições de 1996 e detalhes do pleito de 2000, quando houve a menor diferença de votos da história no município.

*Reportagem publicada na 354ª edição do Jornal Agora