“Há muitos anos não tínhamos um clima tão propício assim”, conta Fernando Lopes, dono do Café Bela Esperança

Na manhã desta quinta-feira (2) o dono do Café Bela Esperança, Fernando Lopes, concedeu entrevista à rádio Agora FM (87,7).

Ele falou sobre as questões meteorológicas na cultura da soja e café e também sobre a expectativa para este ano na cultura cafeeira.

Confira a entrevista completa:

Essa semana conversamos com o presidente da Cocari, o Marcos Trintinalha, e os produtores de soja estavam preocupados com as chuvas porque ela pode prejudicar um pouco a safra, não é? 

Esse ano houve muitas chuvas e favoreceu a produção de soja e milho, mas precisa de uma trégua e do sol porque a chuva pode prolongar o processo de colheita da soja e desiguala toda safra. Acreditamos que a partir da próxima semana as chuvas irão dar uma trégua e o movimento de colheita será intenso. 

Nesse verão nós não ultrapassamos os 30° C em alguns dias e isso é um verão atípico na questão de temperatura.

É devido a chuva e a umidade, isso não quer dizer baixas temperaturas, mas sim o clima nublado e menos horas de sol. As plantas gostam muito disso, principalmente as mudas de café porque se você passa muitos dias de muito calor pode haver abortamento de brotos de café. Então esse ano está sendo muito bom para nós porque o clima está ameno, o solo está úmido e há muitos anos não tínhamos um clima tão propício assim. No inverno deste ano ainda não podemos mensurar se haverá geadas ou não, mas tudo indica que será um inverno normal, no meio do ano iremos passar pelo fenômeno El Niño onde haverá mais chuvas no sul do Brasil.

Em 2013 foi um ano terrível e de perdas para vocês, até onde vocês com a meteorológica conseguem prever um risco maior?

Por enquanto a gente fala de tendências, não temos certeza, mas a tecnologia avança a cada dia e podemos estudar esses fenômenos. Como sabemos que o El Niño está vindo? Pelo aquecimento das águas do Oceano Pacifico na região da Colômbia mais ou menos, a água esquenta e o vento e as correntes marítimas mudam. 

O Brasil está adquirindo um equipamento de alto valor que dá uma precisão melhor para o sistema meteorológico.

Sim, hoje temos sites que mostram a previsão do tempo, mas os mais assertivos são dos americanos, principalmente no Brasil. Com essas tendências climáticas podemos nos preparar melhor para o futuro. 

Sobre a cafeicultura, a previsão deste ano é para uma boa colheita?

Sim, temos um parque cafeeiro reduzido no Paraná, porém ele está muito bem recuperado e a safra será alta. Aqui no estado nós temos um programa, no qual eu faço parte, de revitalização da cafeicultura, enviamos ao governo um projeto e atualmente temos de 28 a 30 mil hectares de café no estado e esse programa fala em levar 90 mil hectares de café daqui há 10 anos. 

Você nasceu na cultura do café e para você atualmente é um bom negócio à se investir?

Se você investe uma quantidade pequena para ter dois hectares de café e não depender de mão de obra em quantidade é um excelente negócio porque o café remunera muito bem, melhor que a soja, até cinco vezes mais. 

Com toda essa remuneração porque se investe mais na soja?

Não diria assim, o Paraná perdeu o time da mecanização e muitas pessoas da minha idade não continuaram na cultura do café porque não tinham a oportunidade de ter a mão de obra e pessoas para ajudar no plantio. E na região Mandaguari é a cidade que mais tem máquinas de colher café, é muito mecanizada por isso somos referência no estado e agora a saca do café está bem remunerada como não estava a anos.

É uma tendência que agora a cultura do café irá crescer nos próximos anos?

Acreditamos que com a ajuda do governo e esse programa teremos um aumento sim, mas nada estrondoso. Atualmente o Paraná tem uma cultura diversificada em todos os ramos e principalmente em Mandaguari porque temos de tudo aqui, isso é importante para a economia do estado e por isso é importante o estado ajudar, não com dinheiro e sim com incentivos e treinamentos para especializar os agricultores as novas tecnologias.