Estudante de Mandaguari garante vaga na UEM em Direito pelo Aprova Paraná Universidades

 Como funcionou a Prova Paraná Mais?

Em 2024, o Paraná criou o programa Aprova Paraná Universidades, destinando 20% das vagas das universidades estaduais a alunos de escolas públicas que realizaram a Prova Paraná Mais. A prova, que já era aplicada há alguns anos, passou a funcionar como um vestibular, sendo realizada no horário de aula, com duração estendida e aplicação por profissionais externos.

História do aluno Nicolas

Em sua primeira edição, um dos destaques foi o mandaguariense Nicolas do Campos França, de 17 anos, aluno do Colégio Estadual Cívico-Militar São Vicente Pallotti. Nicolas possui Transtorno do Espectro Autista (TEA) e conquistou uma vaga no curso de Direito na Universidade Estadual de Maringá (UEM), uma das melhores do país, por meio do programa.

Nicolas conta que a escola deu apoio desde a divulgação da prova. Desde o princípio, quando a gente soube dessa prova, a diretora veio na sala falar sobre e que podíamos ganhar uma vaga na faculdade e que deveríamos nos esforçar. Então, incentivo da escola não faltou.”

Ao ser questionado sobre as principais dificuldades na realização da prova, Nicolas contou que enfrentou problemas como não ter uma sala separada para realizar a prova. Uma coisa que meio que faltou foi a questão de eu ter uma sala diferente para fazer a prova. Por exemplo, uma sala com menos estímulos sensoriais, menos barulho. Mas isso não é algo que alguém da nossa escola poderia ter feito, porque eles seguem ordens da SEED.”

Outra questão apontada por Nicolas foi a falta de tempo adicional para a realização da prova, um direito garantido a pessoas autistas, mas que não foi concedido. Vale ressaltar que tanto a sala separada quanto o tempo adicional podem ser solicitados em vestibulares como o ENEM e, talvez, sejam medidas que o Estado deva considerar para as próximas edições da prova.

Após a prova, ele precisou lidar com a ansiedade e a expectativa pelo resultado. Nicolas conta que o processo foi estressante e que, após a divulgação da nota, enfrentou a etapa de inscrição no curso desejado, na qual os candidatos podiam selecionar e trocar de curso após a prévia disponibilizada em 24 horas. “Era um processo estressante. A princípio, achei que já tinha passado, mas duas pessoas ficaram na minha frente. À noite, eram três, e a nota de corte subiu bastante. No penúltimo dia, conferi novamente: a nota estava em 699, e a minha era 824. As duas pessoas à frente saíram, mantive a inscrição no curso e deu certo.”

Nicolas conta que ficou muito feliz com a conquista e incentiva outros alunos a acreditarem em seus sonhos. Além disso, ele reforça a necessidade de mais apoio para garantir a equidade no acesso à educação. “Eu diria que ainda falta muito para a gente alcançar um senso de equidade com as pessoas que têm alguma especialidade. Cabe ao governo e às pessoas terem essa consciência, de dar o incentivo necessário para que haja essa equidade.

Além da aprovação, Nicolas desenvolve um projeto de conscientização sobre bullying e autismo. Ele criou um mangá que será distribuído na Semana do Autismo, retratando os desafios enfrentados por alunos autistas e a importância da empatia e do respeito. “Eles foram atrás de patrocínio para bancar esse projeto, e vai ser distribuído na Semana do Autismo como uma forma de conscientizar as pessoas, principalmente os mais jovens.”

Além de Nicolas, outros alunos dos colégios estaduais de Mandaguari também garantiram sua aprovação por meio do programa. Em breve, entraremos em contato com as escolas para trazer uma matéria destacando todos os estudantes que conquistaram essa oportunidade.