Em 2022, Mandaguari registrou um assassinato a cada 23 dias

Mandaguari enfrenta uma onda de violência, com a maior média de assassinatos dos últimos dez anos. Foram 12 assassinatos de janeiro até o dia 7 de outubro, data de fechamento desta matéria – o último deles na terça-feira, dia 4, que vitimou André Carvalho de Andrade, 33 anos, no Jardim Boa Vista.

O número de homicídios neste ano já se equipara ao de 2021, quando foram registrados 12 assassinatos de janeiro a dezembro. A reportagem apurou que cerca de 80% dos crimes estão relacionados ao tráfico de drogas.

Média de homicídios é a maior dos últimos dez anos

Com 280 dias passados do ano, Mandaguari tem a média de um homicídio a cada 23 dias em 2022, contra um a cada 30 dias no ano passado. A equipe do Jornal Agora comparou o número com dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (SESP/PR) referentes aos últimos dez anos.

Veja os números a seguir.

Os dados da SESP mostram que Mandaguari contabilizou um assassinato a cada 73 dias em 2013, um a cada 91 dias em 2014, um a cada 37 dias em 2015, um a cada 122 dias em 2016, um a cada 73 dias em 2017, um a cada 91 dias em 2018, um a cada 46 dias em 2019 e um a cada 91 dias em 2020.

Delegado pede que moradores colaborem com denúncias anônimas

Ao Jornal Agora, o delegado Zoroastro Nery do Prado Filho, titular da 55ª Delegacia de Polícia Civil de Mandaguari, relata que a maioria dos casos foi solucionada. “Seis já viraram ações penais, com os envolvidos presos e respondendo a processo. Nós temos agora os dois últimos, ainda em fase inicial, e os outros casos com provas materiais coletadas e inquérito bem avançado”.

Nery pede ainda a colaboração da população nas investigações, através de denúncias anônimas, que auxiliam muito a solucionar os casos. “Um em específico foi o assassinato do empresário Edilson Campos [crime ocorrido em março]. No dia seguinte, recebemos uma ligação anônima com informações que nos levaram aos culpados”.

“Se alguém tiver alguma informação que possa nos ajudar, pode entrar em contato com a delegacia pelo telefone (44) 3233-1284, ou até pelo 181, que é um canal de denúncias anônimas da Polícia Civil. A identidade do denunciante será preservada, e o anonimato garantido. Nossos investigadores estão empenhados em dar respostas o mais rápido possível a esses crimes, e as informações da sociedade são muito importantes pra nós nesse sentido”, garante o delegado.

Se na ponta da investigação, a polícia buscar dar uma resposta rápida, o que pode ser feito para evitar novos assassinatos?

Conseg vai pedir aumento no efetivo

Procurado pela reportagem do Jornal Agora, Marcelo Siqueira, presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) Pioneiros, informou que o órgão vai solicitar ao 4º Batalhão da Polícia Militar de Maringá um reforço no efetivo mandaguariense. “Nós precisamos de mais pessoal e mais viaturas”.

“Também vamos solicitar mais operações da Polícia Militar nos bairros com maior índice de violência, a exemplo da Hogwarts [deflagrada em 2020, que resultou em seis prisões]”, complementa Siqueira.

O Conseg também vai ampliar o programa “Mandaguari, cidade monitorada”, com instalação de câmeras de segurança nos pontos mais críticos. “Hoje nós já cobrimos todas as entradas e saídas da cidade, e estamos instalando também câmeras na área rural, atendendo reivindicações de produtores. O Conselho está fazendo um estudo para colocar monitoramento nos bairros, em pontos estratégicos, para coibir a criminalidade”, acrescenta.

Prefeitura também cobra mais policiais

O Jornal Agora entrou em contato ainda com a assessoria de imprensa do município, e recebeu a seguinte nota em resposta.

A atual gestão vem cobrando, com rigor, que o Governo do Estado aumente o efetivo da Polícia Militar e da Polícia Civil, que são responsáveis por reduzir os índices de criminalidade em Mandaguari.

Como prevenção à violência, Mandaguari, na atual gestão, adquiriu 100 câmeras para inibir ações criminosas. Os equipamentos, que também podem auxiliar a solucionar crimes, foram instalados em ruas, avenidas e em pontos estratégicos de estradas rurais do município.

A Administração Municipal ainda destinou R$ 50 mil para a manutenção e instalação das câmeras de segurança, por meio de repasses inéditos na história do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) Pioneiros.

Na região, Maringá também enfrenta um dos anos mais violentos da história

O aumento da violência não é um fenômeno isolado de Mandaguari. Em 2022, Maringá registrou 27 homicídios até o fechamento desta edição. Segundo a polícia, cerca de 90% desses casos estão ligados diretamente ao tráfico de drogas.

Além disso, os crimes violentos resultam em “efeitos colaterais”, como o de um comerciante que morreu vítima de bala perdida no final de setembro. Marcelo Zerbinatti estava saindo de seu mercado na Avenida Franklin Delano Rooselvelt, no Jardim Oásis, quando levou um tiro.

Zerbinatti foi baleado por um criminoso que tinha como alvo Anatan Aparecido Waldomiro. O indivíduo saiu atirando a ermo e acertou tanto Anatan quanto o comerciante, e ambos morreram ainda no local do atentado.