Desafios exigem soluções e podem gerar superações

Realmente, os últimos seis meses foram desafiadores e muito diferentes de todo e qualquer planejamento ou projeção que tenham sido realizados pelas pessoas ou empresas antes de março de 2020. Até então, ninguém jamais conseguiu antever ou planejar medidas pessoais ou profissionais que pudessem ser tomadas para o enfrentamento ou minimização dos problemas e consequências da pandemia causada pelo coronavírus e a temível Covid-19.

O que temos visto ao longo desses seis meses, primeiro, são as milhares de vidas perdidas e isso é terrível e irreversível; depois, verificamos a tomada de medidas de todas as formas e magnitudes, visando a proteção e a sobrevivência das pessoas e empresas, especialmente no curto prazo, e isto merece uma reflexão, senão vejamos alguns dados:

Importante – Estas considerações não têm qualquer condão político-partidário, são constatações, opiniões pessoais e informações com fonte de origem.

Segundo dados oficiais da Caixa Econômica Federal, são atualmente 66,2 milhões de brasileiros que recebem o Benefício Emergencial pago pelo Governo Federal. O número total da população brasileira, de acordo com o IBGE, em 01/09/2020 às 17h, era de 211.941.583 pessoas. Ainda segundo dados também do IBGE, por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) divulgada em 30/06/2020, apenas 49,5% das pessoas com idade de trabalhar no Brasil estavam ocupadas no final de maio, percentagem que equivalia a 85,396 milhões de trabalhadores.

Basta que façamos duas contas simples para verificarmos que o benefício emergencial estava sendo pago para 77,52 de cada 100 pessoas que estavam trabalhando (77,52%) ou ainda que 31 pessoas estão sendo beneficiadas com auxílio emergencial, a cada 100 brasileiros (31% de população). São números reais e oficiais que assustam e impressionam pela magnitude destes dados, podemos chegar a algumas conclusões muito interessantes:

1.° – O planejamento e a operacionalização para viabilizar este pagamento emergencial pela Caixa Econômica Federal é um caso de absoluto sucesso e merece respeito e reconhecimento, afinal, fez-se o cadastro e organizou-se o pagamento para 66,2 milhões de brasileiros todos os meses com uma velocidade impressionante, sendo que parte destas pessoas jamais teve conta corrente em qualquer banco e, com isso, a CEF além de cumprir sua missão de cadastrar e pagar estas pessoas, contribuiu ainda para um melhor diagnóstico e identificação da nossa população. Eram brasileiros anônimos e que não constavam em registros oficiais;

2.° – Para efeito de lastro financeiro que está dando suporte para o comércio e, de forma especial, para o consumo das famílias menos favorecidas, temos até agora o total de 66,2 milhões de pessoas cadastradas que, multiplicado por R$ 600,00/mês, perfazem R$ 39,720 bilhões injetados mensalmente na economia. A partir de agora, conforme Medida Provisória acertada com os líderes de apoio do governo no Congresso, o valor mensal será reduzido para R$ 300/mês por pessoa, fato que vai perfazer R$ 19,8 bilhões por mês que serão pagos por mais quatro meses, ou seja, pode não ser o valor que as pessoas queriam receber, porém, para a economia, continuará fazendo a diferença;

3.°- Óbvio que esta injeção de recursos financeiros, embora temporária e insuficiente para quem recebe, fez e está fazendo toda a diferença como renda principal para os 12.710 milhões de desempregados, ou ainda, como renda complementar para os 9.218 milhões que trabalhavam sem carteira assinada, também segundo dados do IBGE, mais os autônomos que foram afetados, enfim, todos aqueles que se inscreveram e foram beneficiados pelo programa. De outro lado, o comércio em geral e, de forma especial, os estabelecimentos que comercializam os produtos considerados essenciais, foram e estão sendo parcialmente viabilizados graças a estes recursos e, por mais que saibamos todos que esta é uma conta que precisará ser paga pelos contribuintes, acredito que dentre as diversas medidas que foram analisadas e propostas, esta foi uma decisão assertiva e que, ao final, minimizou o sentimento de desalento da nossa população mais necessitada. Portanto, a capacidade de consumo das famílias tem sido mantida pelo recebimento do benefício emergencial, o qual até até aqui tem sido a força propulsora da economia em especial de subsistência das pessoas, porém sabemos que existem segmentos muitos afetados e que ainda necessitam de suporte, a exemplo das atividades vinculadas ao turismo, gastronomia (food service e restaurantes) ou a realização de eventos, bem como, aos profissionais autônomos de diversos segmentos, pequenos produtores de hortifrúti, entre tantas outras categorias, e nestes casos, ainda serão necessárias novas medidas de suporte e apoio para que possam retornar suas atividades;

4.° – O que precisamos agora é fazer cada um a nossa parte para que, mantidas todas as medidas de segurança à vida, quer sejam recomendadas pelas autoridades ou pelo nosso necessário bom senso, possamos com segurança, gradativamente, retomar nossas atividades produtivas, não da forma como fazíamos antes da pandemia, porque aquela realidade já faz parte da história, portanto, não existe mais, mas podemos e precisamos agir, inovando e criando novos meios de produzir e gerar riquezas, para sustentar nosso futuro e dos nossos sucessores para estes novos tempos, quando não mais existir o Auxílio Emergencial. Nosso desafio será ajustarmos a economia para este momento presente, sendo fundamental entendermos que a evolução constante e velocidade no processo, quer seja produtivo, decisório ou de comunicação, vieram para ficar no passado não encontraremos os alicerces necessários para os novos tempos que evoluem a todo instante.

Para efeito comparativo, acredito que a situação em que nos encontramos, poderia ser analisada da seguinte forma: Alguém possui uma casa e na garagem está estacionado o seu carro, e esta pessoa tem muito orgulho do quanto lutou para atingir suas conquistas. Infelizmente, ocorre um temporal repentino que causa grandes danos em sua casa e destrói seu carro. A primeira reação será susto, depois a incredulidade, então a revolta e o “por que comigo?”, com foco nos problemas causados, até que, finalmente, juntará forças para resolver os estragos da casa e do carro, portanto, o foco passa a ser na solução. Mesmo que demore tempo, haverá planejamento e definição de prioridades com análise das oportunidades e custos de cada ação. Seguramente dos ambientes que serão refeitos, ao reconstruir aquela casa, a pessoa não comprará o mesmo revestimento ou as telhas exatamente iguais ou com o mesmo tempo de uso daquelas que necessitam ser trocadas, ou ainda, não acredito que vá adquirir o mesmo modelo, cor e ano do carro perdido, etc.

Pode até acontecer, entretanto, certamente aquela pessoa irá analisar as opções disponíveis de um novo revestimento, novas telhas e um carro diferente daquele anterior, ou seja, ao focar na solução aquela pessoa passa a analisar as oportunidades para resolver o problema que já ocorreu.

Vivemos exatamente isso nas nossas vidas e nas nossas empresas, nada podemos fazer para evitar a pandemia que é um fato e uma ameaça real, por isso, nosso foco deve ser nas soluções e novas formas de fazer aquilo que é necessário.

Enfim, nas nossas vidas e nas nossas empresas, a pandemia destruiu muitos conceitos e formas de agir até então arraigadas e nos forçou a utilizar tecnologias que já estavam a nossa disposição, porém resistíamos em utilizá-las e agora vimos que são úteis e necessárias, geram redução de custos e são verdadeiramente efetivas.

Vamos pensar sobre isso?