Décimo terceiro salário vai injetar R$ 23,5 milhões em Mandaguari

As datas de pagamento do décimo terceiro salário estão próximas – a primeira parcela deve ser paga até o dia 30 de novembro, e a segunda até 20 de dezembro – e o abono gera uma grande expectativa na economia, pois o dinheiro extra na mão dos trabalhadores movimenta principalmente setores como comércio e serviços.

Em Mandaguari, o abono deve injetar cerca de R$ 23,5 milhões na economia local. É o que aponta uma estimativa feita pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem). Segundo a economista e gerente executiva do Codem, Yasmine Candida da Mata Mendonça, a projeção mostra um valor 4% superior à estimativa do ano passado.

“Esse aumento é atribuído ao aumento do número de funcionários nas empresas da cidade. Entre janeiro e setembro desse ano foram gerados 481 novos postos de trabalho – isso quer dizer que a cidade teve um saldo positivo na diferença entre trabalhadores que foram admitidos e trabalhadores que foram desligados. Esses resultados indicam que a economia do município cresceu nesse período e indica que também ocorreu aumento de renda. Os setores que mais empregam na cidade são, em ordem: indústria, serviços, comércio, agropecuária e construção civil. Consequentemente, a mesma ordem vale para a geração de renda na cidade. Apenas o setor industrial é responsável por 54% da massa salarial gerada mensalmente no município”, comenta”.

Yasmine explica que, na Teoria Econômica, a renda, que pode ser em forma de salários ou lucros, por exemplo, é importante para gerar consumo que por sua vez também pode vir a gerar investimentos. O quanto essa renda vai impactar a economia e efetivamente se transformar em investimentos vai depender de dois pontos: o primeiro é a propensão do trabalhador a consumir, ou seja, o quanto estão dispostos a gastar o recurso recebido ao invés de guardarem na poupança ou fazerem qualquer outro tipo de investimento financeiro.

Se os trabalhadores estiverem confiantes de que continuarão no emprego atual ou com expectativa de aumentar a renda nos próximos meses, naturalmente espera-se que a maioria então tenha uma propensão a gastar o recurso recebido do 13º. Terceiro. Com isso, haverá aumento das vendas e os empresários por sua vez poderão melhorar suas expectativas futuras e programar investimentos.

Por outro lado, se os trabalhadores estiverem receosos com a recuperação da economia, a tendência será a de que não gastem o recurso recebido e resolvam poupá-lo para necessidades futuras. Se esse for o caso, a injeção do décimo terceiro salário na economia só será sentido futuramente, avalia a economista.

Mas no cenário atual, qual das duas opções tem mais chances de acontecer? “Se considerarmos os dados atuais de inadimplência do consumidor e histórico de gastos de final de ano, é mais provável que as pessoas utilizem o décimo terceiro para quitar dívidas, fazer compras e/ou viagens de final de ano. Uma pequena parcela da população opta por poupar ou realizar investimentos financeiros”, complementa Yasmine.

A indicação da economista é que mandaguarienses não se esqueçam de considerar as contas e impostos que comumente serão mais elevados no início do ano e utilizem o recurso de forma inteligente, ganhando descontos e não se endividando mais.

“De maneira geral a incerteza econômica vem diminuindo no Brasil e reflete nos indicadores do mercado de trabalho na cidade. Isso é bom e anima as expectativas tanto dos empresários quanto dos trabalhadores, mas a economia da cidade será pulsante e dinâmica se ambos realizarem gastos inteligentes e conscientes”, conclui a gerente executiva do Codem.

Números por setor

Como citado pela gerente executiva do Codem, o maior volume do décimo terceiro vem da indústria, que deve pagar R$ 12.719.796,47. Em seguida aparece o setor de serviços, com R$ 6.020.122,97.

Comércio fica em terceiro lugar, com R$ 3.996.664,03, seguido por agropecuária, que deve pagar R$ 533.370,99 e construção civil, com R$ 234.366,55.

Quase 90% dos brasileiros vão quitar dívidas com o 13º, aponta pesquisa

Uma pesquisa divulgada recentemente pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que grande parte da população vai usar o 13º salário para quitar dívidas. Dos entrevistados na pesquisa, 87% afirmaram que darão este destino aos recursos – um número pouco maior que no ano passado, quando esse percentual ficou em 86%.

Em nota, a Anfec afirma que a redução da atividade econômica, desemprego maior e taxa de juros elevados são fatores que aumentaram o endividamento dos consumidores. Há dez anos, 64% dos entrevistados na pesquisa pretendiam usar o 13º para pagar dívidas.

A tendência, segundo a associação, é de que os presentes de fim de ano devem ficar “magros”, com tantos brasileiros usando o dinheiro para pagar contas atrasadas. Só 5% dos entrevistados disseram que pretendem usar parte do 13º para comprar presentes. Outros 2% pretendem usar o dinheiro para pagar as despesas de começo de ano, enquanto outros 2% pretendem poupar parte do que sobrará.

A Anefac aponta ainda que 1% quer usar parte dos recursos para compra e reforma da casa, e que 3% já receberam parte ou todo o 13º ao longo do ano, ou fizeram empréstimos em antecipação.

Entre as dívidas que os brasileiros pretendem pagar com o 13º, as principais são aquelas com cheque especial (45%), cartão de crédito (49%) e financiamento bancário em atraso (3%). Já os principais presentes que devem receber os recursos são roupas (64%), bens diversos (55%), celulares (53%) e brinquedos (36%).

A pesquisa foi realizada junto a 1.130 consumidores de todas as classes sociais durante o mês de outubro.

*Reportagem publicada na 329ª edição do Jornal Agora