Da inexperiência ao sucesso – Valendo Este

Quem conhece Anderson Mota, 32 anos, dificilmente deve imaginar que a história do empreendedor que administra duas empresas começou aos 18 anos e teve duas falências em seu percurso.

Entrevistado da semana na série promovida pelo Jornal Agora com jovens empreendedores, Mota conta que começou a trabalhar desde pequeno na MD Movelaria, que à época era administrada pelo pai dele. “Iniciei na limpeza, pois não tinha ninguém pra ficar comigo em casa. Na época éramos eu e meu irmão, eu com 12 e ele com 10 anos”, detalha.

Anderson continuou trabalhando na empresa da família, e aos 15 já projetava cozinhas, guarda-roupas e outros móveis. “Aí fiz Desenho Industrial, passando a atuar na área de projetos, e naturalmente foi acontecendo a ascensão. Quando eu estava com 18 anos meu pai decidiu que ia parar com a marcenaria”, relata.

“É um ramo bom, mas exige muito da pessoa. Meu pai já estava de idade avançada e tinha trabalhado muito tempo com isso. Ele reuniu todo mundo e falou que ia embora para Maringá, onde minha família mora até hoje. Mas eu decidi ficar e tocar a marcenaria”, diz Mota.

A maior dificuldade, avalia, era a inexperiência. Os concorrentes diziam que o jovem não duraria seis meses administrando a empresa. “E agora estou chegando aos 14 anos no comando”, aponta o empreendedor.

Nem tudo são flores, no entanto. Anderson beirou a falência por duas vezes ao apostar em outras áreas que não a marcenaria. “Não fechei as portas porque não consegui. Tinha conta e eu não queria deixar nada pra trás. Consegui quitar todas as dívidas e continuei. Cheguei a entrar em depressão, mas depois consegui colocar a cabeça no lugar e me reerguer”.

Sociedade

Com a experiência e o passar dos anos, Anderson conseguiu fidelizar clientela, colocar o negócio nos eixos e expandir a ponto de precisar abrir outra empresa, a Nobre Móveis Planejados, na qual virou sócio de um funcionário.

“O Moacir é o funcionário que tem mais tempo comigo, e a demanda começou a aumentar muito. Nós temos parceria com três arquitetos, que sempre nos indicam, então começamos a fechar muitos projetos, e eu precisava de mais espaço, máquina e gente”, afirma.

Foi a necessidade de aumentar a produção que levou Anderson a propor o desafio a Moacir. “O que não é fácil, pois esse tipo de móvel, se não sair perfeito não está bom”, complementa.

Mota avalia que a segunda empresa não concorre com a primeira, pois ele participa da administração de ambas e tem públicos diferentes. Além disso, credita ao sócio a maior parte da estabilidade de sua segunda marca.

Desafios

Para Mota, os desafios que um jovem enfrenta ao empreender não são muito diferentes dos percalços presentes na vida de qualquer outro empreendedor. “A principal questão é falta de experiência em administrar. O pessoal não confiava em uma pessoa nova. Às vezes eu não fechava projetos grandes, e tinha que me contentar com projetos pequenos. Fazia armário de banheiro, balcão de pia. Muita gente não acreditava em passar casas fechadas pra gente fazer”, aponta.

“Depois de dois, três anos, começou a fluir. Quando você começa no mercado ninguém te conhece ainda, e com o passar dos anos as coisas melhoram. São as dificuldades do dia a dia que todo mundo passa, não só eu”.

Conselho

Anderson concluiu sua fala ao Jornal Agora com um recado a quem deseja empreender. “Tem que estar disposto a trabalhar. Nada vem de graça. Você quando abre uma ‘firma’ deixa de trabalhar oito horas por dia para ter expediente de 15, 16. Se você quiser abrir um negócio tem que gostar de trabalhar. Se não trabalhar firme, não vem nada. Tem que ralar bastante”.