Caso Magó: Audiência no dia 24 de setembro pode encerrar a fase de depoimentos

A audiência no dia 24 de setembro pode encerrar a fase de depoimentos do caso da bailarina Maria Glória Poltronieri Borges, a Magó, porém a principal testemunha do caso, a mandaguariense Lindalva Leonor dos Santos, de 63 anos, faleceu neste fim de semana.

Lindalva era dona da chácara onde estava situada a cachoeira onde foi morta a Magó no dia 26 de janeiro de 2020.

Ela estava com problemas de saúde e internada no Hospital Santa Casa de Maringá, por isso a sessão foi adiada diversas vezes, porém Lindalva veio a falecer neste fim de semana em Maringá e foi sepultada em Mandaguari no domingo (22).

“A senhora Lindalva estava arrolada como testemunha de acusação e essa audiência foi protelada por várias vezes em virtude de informações da família dela de que ela estaria internada e sob tratamento, num hospital de Maringá, onde inclusive veio a falecer neste final de semana”, explica o advogado Israel Batista de Moura, assistente de acusação que representa a família de Magó.

“O processo transcorre normalmente porque ela era uma testemunha, que já deu sua versão na fase policial. Inclusive, passou por acareação junto com outra testemunha, onde ela corrigiu algumas informações que ela havia passado de forma equivocada. Para nós, acreditamos que a participação dela está substanciada nos depoimentos dela”, complementa o advogado.

“Durante as investigações, ela deu uma informação totalmente falsa dizendo que a Magó teria saído no período da noite num veículo branco, juntamente com outras pessoas. O que foi inverdade. Essa afirmação dela foi perante os bombeiros. […] Numa acareação, o bombeiro afirmou que teria ouvido dela essa informação falsa”, conta Moura.

“E ela se retratou. Disse: ‘De fato, eu menti, porque eu queria acalmar a turma então por isso que eu disse que ela teria saído com outras pessoas’. Isto veio a tumultuar toda a investigação, todo o andamento, inclusive, dando a impressão de que estava acobertando alguém”, completa o advogado.

A neta de Lindalva explica o motivo da acareação.

“Uma coisa que tem que ficar bem clara é que ninguém procurava um corpo. Na cabeça de ninguém passou que ela estaria morta. Eu acho que isso também nunca passou na cabeça da minha avó, porque eu cresci lá. Eu me desenvolvi lá, sempre tomei banho de cachoeira lá. Eu e minhas primas sempre fomos lá e nunca aconteceu nada, então na cabeça dela, isso não era possível, acontecer o que aconteceu lá. Tanto que quando os bombeiros foram procurar, imagino que ninguém iluminou o chão, ninguém procurava um corpo. Se minha vó, em algum momento disse que ela devia ter saído com os amigos, é porque na cabeça dela aquilo nunca poderia ter acontecido”, relata em defesa da avó.

Em defesa a família diz que também foi vítima de Flávio Campana, acusado de matar Magó.

“Ele acabou com a nossa família. Minha mãe nunca mais teve saúde, nunca mais conseguiu voltar para a chácara. Tentou voltar lá para morar e não conseguiu. Minha mãe já tinha perdido uma filha, ela entende a dor dessa mãe, não foi da mesma forma, é claro, mas nada se compara a dor de perder um filho”, explica a filha de Lindalva, Ednalva Galvão Siqueira.

Por causa disso a família alega que têm sofrido preconceitos.

“Eu mesma chegava no meu trabalho, as pessoas olhavam para mim e cochichavam. Por conta dessas falas, a gente é visto como se tivesse culpa do que aconteceu, e a família nunca teve culpa do que aconteceu. O culpado já foi declarado quem foi. A minha mãe sempre quis proteger ela, ela passou horas procurando. Foi por conta daquele reconhecimento, daquela foto (do suspeito) que chegaram a diminuir o número de suspeitos”, afirma.