Cai o número de mandaguariense trabalhando em empregos formais

Três meses. Esse foi o tempo que durou a alegria dos economistas e governantes paranaenses. Isso por que março foi o primeiro mês de 2019 em que o Paraná registrou um saldo negativo na geração de empregos normais. Os dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que já no terceiro mês do ano 1,2 mil postos de trabalho foram fechados em todo o estado.

O número ruim veio logo após os excelentes, o que deixou os paranaenses ainda mais preocupados. Somente em fevereiro, 18.254 mil vagas foram abertas, melhor índice desde 2014. Vale lembrar que os números do Caged são divulgados todos os meses e analisam a diferença entre contratações e demissões durante o período.

Em Mandaguari, os números foram um pouco menos cruéis. Neste ano, o município registrou 1.197 novas contratações e 950 demissões. O saldo está positivo, mas não se comparados com o de 2018, quando Mandaguari conseguiu ótimos índices. Ano passado, Mandaguari teve 1298 admissões (8% a mais que 2919) e 826 desligamentos (15% a menos que 2019).

O Jornal Agora procurou o mandaguariense André Baculi, mestrando em Economia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Em entrevista, ele contou que as crises são cíclicas no mercado econômico. “O mercado sempre passa por ciclos. Uma crise consecutivamente é acompanhada de crescimento. Porém a situação do cenário nacional é instável. Nos anos anteriores, existia uma expectativa positiva em relação ao mercado brasileiro, graças às reformas do governo Temer. Então o mercado estava se recuperando, voltando a crescer e se expandir. No ano passado, por exemplo, a economia se encaminhava para um crescimento. Porém, devido o choque das greves dos caminhoneiros, as projeções para o restante do ano caíram, desestabilizando a economia nacional. Então novamente o caos econômico pairava sobre o Brasil”.

Ainda durante a entrevista, Baculi contou que há várias questões afetando a economia brasileira. “A expectativa positiva que o mercado tinha no novo governo está caindo, segundo reportagem da revista Valor Econômico. Já é a décima vez que as projeções para o PIB [Produto Interno Bruto] de 2019 diminuíram. Ou seja, o mercado está insatisfeito ou ‘desapontado’”, explica.

“Esses dados do Caged, apesar de estarem positivos, apontam uma queda na admissão, indicam que um número menor de novos empregos foi gerado, podendo indicar recessão. Mas temos outros fatores para serem analisados. Por exemplo, temos os dados sobre desemprego, que tem a função de captar pessoas que procuram emprego, mas não encontram. Ou ainda a relação com o ramo informal, pois muitos tendem a partir para bicos, novos negócios, etc. Se o número de novos empreendedores tiver aumentado, isso mostra que o desemprego é alto, mas que a economia se encaminha para um ciclo de expansão.” 

O Jornal Agora entrou em contato com a Sala do Empreendedor de Mandaguari. De acordo com informações do órgão, o município conta com 1.300 microempreendedores individuais (MEIs). O número é consideravelmente maior que o de empregados.

O economista finalizou a análise afirmando onde acredita estar o problema da economia brasileira atualmente: “É a instabilidade. Essa demora em se aprovar uma nova reforma fiscal e previdenciária, além de crises politicas. Todos esses quesitos acabam impactando a economia.”.

*Reportagem publicada na 301ª edição do Jornal Agora