Benção em dose quádrupla

Aos 38 anos, Tânia Carla Medeiros viveu de tudo, inclusive a experiência de passar por duas gestações. E foi pega de surpresa ao descobrir sua terceira gestação, de quadrigêmeos e de forma natural, sem nenhum tipo de tratamento. No começo, ela e seu médico acreditavam que seriam trigêmeos, mas um segundo exame de ultrassom revelou mais um bebê “escondidinho” atrás de seus irmãos.

Agora na 16ª semana de gestação, Tânia conta que sua rotina mudou completamente, já que a gravidez é de risco, devido ao número de bebês e a idade da moradora do Jardim Boa Vista.

Diarista, Tânia conta que precisou parar de trabalhar por conta da gestação. “Pra ficar segura e em repouso. Esses primeiros meses têm sido de lutas diárias, pois sinto muitas câimbras e dores pelo corpo, que me atrapalham de dormir direito à noite”, detalha.

Solteira e sem poder trabalhar, a diarista relata que está passando por dificuldades financeiras. “Tenho um filho de 16 anos e uma filha de 8, e a gente já estava sofrendo por conta da pandemia”, relata. Por trabalhar informalmente, a mandaguariense não conseguiu acesso à licença maternidade, por exemplo. Ela e os filhos estão se sustentando com a ajuda de familiares, o dinheiro da pensão de sua filha mais nova, e às vezes com auxílio de amigos.
“A prioridade agora é a gestação, mas preciso de ajuda”, complementa Tânia. A mandaguariense encontrou, na internet, um projeto de lei do estado do Ceará que tenta viabilizar auxílio para gestantes com dificuldades financeiras. “Porém é de outro estado, não tem validade alguma aqui. Mas vou continuar buscando alguma forma, ainda há esperança”, finaliza.

Risco

A pediatra Carolina Stocco, ouvida pela reportagem do Jornal Agora, conta que, além de um fenômeno raro, uma gravidez de quadrigêmeos traz muitos riscos para a mãe e os bebês, e o parto pode ser complexo. “Existe uma grande chance de nascer antes do tempo, prematuro, e a mãe precisa estar em um hospital especializado para que possa receber esses bebês e também de vagas de UTI já reservados”, explica.

A pediatra afirma que, apesar dos riscos, na hora do parto tudo é possível. “Na medicina, na pediatria principalmente, nós não temos certeza de nada, porque nunca é 8 ou 80, então é difícil de saber o que vai acontecer. Há uma grande chance de os bebês nascerem prematuros, mas pode ser que não ocorra. Em qualquer cenário, na hora do parto a mãe vai precisar confiar muito no hospital e profissionais que irão auxiliar, porque tanto aqui em Mandaguari quanto em Maringá temos ótimos profissionais. Com fé em Deus vai dar tudo certo”, finaliza a médica.