Apesar da pandemia, número de empresas abertas em Mandaguari cresceu 16%

Apesar dos impactos causados à economia e a população mundial, 2020 foi um ano promissor para as empresas de Mandaguari. Acompanhando as estatísticas estaduais, a cidade fechou o último ano com um saldo positivo de 86 novas empresas, um crescimento de 16% com relação a 2019. Esse saldo representa a diferença entre as constituições e as baixas nos empreendimentos dos dois últimos anos. 

De acordo com dados da Prefeitura de Mandaguari, em 2020, 525 empresas foram constituídas e 127 foram extintas na cidade. O número absoluto de novos empreendimentos abertos foi 17% superior ao do ano anterior, quando 439 alvarás de licenciaturas foram abertos pela prefeitura. Apesar da quantidade de alvarás encerrados em 2019 ser a mesma de 2020, a porcentagem relacionada às empresas que tiveram baixas em Mandaguari ainda é maior no penúltimo ano, das 439 abertas, 28,9 % fecharam suas portas.

Os números municipais acompanham os números do estado, que apresentou um crescimento de 26,62% em 2020, e uma alta de 17% de CNPJs emitidos com relação a 2019. Segundo o Mapa das Empresas, divulgado pelo Ministério da Economia, estes números refletem as medidas tomadas pelo governo federal para facilitar a abertura de empresas em meio à pandemia da Covid-19, que levou muitas pessoas a buscarem no próprio negócio uma oportunidade para gerar renda. No Paraná, o terceiro estado com processos de abertura mais rápidos do País, o tempo médio para a abertura de um novo negócio é de um dia e seis horas. 

Os números positivos de 2020 não fazem com que os impactos de uma pandemia mundial sejam menores. Tanto para aqueles que fecharam suas portas, quanto para aqueles que resolveram iniciar suas atividades durante a turbulência econômica que foi o último ano, sobreviver à crise ainda foi um desafio que não dependia apenas dos empreendedores, visto que a maioria destes eram movimentados pelo capital regional. Em entrevista para o Jornal Agora, o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Mandaguari, Aguinaldo Campigotto, acredita que o Auxílio Emergencial foi um dos grandes propulsores da economia municipal. 

Ainda segundo ele, após o período de lockdown, onde o comércio fechou por 14 dias, o medo se instalou pelo comércio de Mandaguari. Porém a insegurança não foi o suficiente para desestabilizar os empreendedores da cidade, que após a reabertura puderam ver o capital girar novamente, através do auxílio emergencial que foi liberado pelo governo. “Apesar dos temores, o resultado do ano, em função daqueles meses onde tudo ficou fechado, não foi tão positivo, mas também não foi negativo como pensávamos”.  

Já para o presidente da Junta Comercial do Paraná, Marcos Rigoni, esse saldo positivo apresentado pelas cidades paranaenses se deve principalmente à capacidade de reinventar-se. Para ele, muitas das pessoas que perderam seus empregos no início da pandemia, encontraram no empreendedorismo um modo de sobreviver às dificuldades. “O saldo na abertura de empresas reflete essa realidade. As pessoas não ficam paradas e procuram criar e legalizar seus empreendimentos”, afirma. 

Em âmbito estadual, o maior número de negócios abertos foi o de Microempreendedores Individuais (MEI), que responderam por 76,38% das constituições do ano passado, um total de 175.599 novos empreendedores. 

A jovem Rafaella Povh Duda está entre os mais de 175 mil microempreendedores que resolveram iniciar suas atividades durante a pandemia no Paraná. Com apenas 17 anos de idade, terminando o terceiro ano do ensino médio e contando com a ajuda de sua mãe, ela começou seu negócio produzindo em casa bolos no pote para vender para pessoas próximas de si. Atualmente, com 18 anos, Duda produz 10 outros tipos de doces para a comercialização.
 
Em entrevista ao Jornal Agora, Rafaela contou que a ideia de criar sua própria empresa veio após passar um bom tempo em casa vendo vídeos de confecção de doces. O maior incentivo da jovem veio de seus pais, que foram seus investidores e maiores apoiadores para que ela encarasse esse novo ambiente em sua vida. De acordo com ela, superar o medo de investir em algo que não terá retorno direto, foi um dos primeiros obstáculos a serem superados por ela para que essa não desistisse de entrar nesse mercado que é tão concorrido na cidade. “Meu maior desafio foi competir com as outras pessoas que já vendiam na cidade. O mais difícil foi fazer algo que chamasse mais atenção”, alegou Duda. 

No começo de suas produções Rafaela confeccionava cinco unidades de bolo no pote por dia. Agora, após quase um ano de atividades, a empresa de Rafaela produz mais de 10 tipos de doces diferentes, além do bolo no pote. 

Para alavancar seu negócio, as redes sociais foram importantíssimas para que ela divulgasse aos seus possíveis clientes o seu diferencial. “Eu comecei postando no Instagram, e daí as pessoas foram vendo e conhecendo a página”. No momento, os planos da jovem são de continuar com suas produções diárias e não expandir seus negócios. 

*Reportagem publicada na 361ª edição do Jornal Agora