Adaptar e cooperar

Vivemos em tempos de desafios. A cooperação virou palavra-chave, assim como a adaptação, fazendo parte do cotidiano de todos nós. A reportagem conversou com o presidente da Sicredi Agroempresarial PR/SP, Agnaldo Esteves, que comenta o momento atual e fala sobre expectativas para o futuro. Veja a seguir os principais trechos da conversa. 

Jornal Agora – Como o Sicredi está se adaptando em meio a essa pandemia?
Agnaldo Esteves – Veja, é algo novo, um aprendizado para todos. Por exemplo, por conta de tudo que está ocorrendo, a comemoração do Dia Internacional do Cooperativismo será diferente. Nós e outras cooperativas locais nos unimos para a distribuição das marmitas solidárias, voltadas para famílias que precisam de respaldo nesse momento.

Há envolvimento da cooperativa em outras ações de enfrentamento?
Várias. Posso destacar a utilização de um fundo social, que nós reservamos, para a compra de EPI’S (equipamentos de proteção individual) e distribuição nas comunidades onde está nossa área de atuação. A cooperativa mostra que é possível fazer as coisas juntos, dar o exemplo.

O cooperativismo pode sair fortalecido após isso tudo passar?
Tenho certeza que sim. O discurso do cooperativismo vem a calhar, como nunca, nos dias atuais. Dizer que não fomos atingidos não é verdadeiro, mas os desafios nos levam a antecipar ações, ganhar tempo, diminuir custos, enfim, nos readaptar.

Como vocês estão encarando a possível queda de mais de 7% no Produto Interno Bruto do país?
Tem que haver resiliência de todos. Enfrentar, esperar a poeira baixar e agir de acordo com as necessidades. No mercado financeiro, estamos conscientes dessa adaptação, com spread infinitamente menor, taxa Selic baixa e inadimplência maior. É hora de diminuir todo tipo de custo. Por sorte, a agricultura mais uma vez vai amenizar a queda da economia.

“O discurso do 
cooperativismo vem a calhar, como 
nunca, nos dias atuais”

Como vocês enxergam o conturbado cenário político do país?
Sempre torcendo por um entendimento dos poderes. Nós seguimos sempre as normativas do Banco Central, e nos pautamos sempre com dados. É inevitável o “nervosismo do mercado” diante de situações conflitantes, porém essa não é a nossa área, a da política partidária. Buscamos sempre o conservadorismo na hora de opinar.

O que vocês projetam para a retomada da economia?
Pensar em retomada por completo sem a vacina não é possível, e antes do final do ano é improvável que isso ocorra. Porém entre “startar” e imunizar existe um prazo. Até lá infelizmente a tendência é o que estamos vivenciando. Porém haverá aprendizados, em matéria de higienização, com menos doenças decorrentes, menos infecções. Creio que o mundo nunca mais será o mesmo, nem as pessoas.

Os números de projeção de crescimento já foram revistos?
Com certeza. As taxas de juros caíram e o resultado será menor que o projetado pelos vários motivos que citei acima. O momento é “pé no chão”. Porém, para ser muito sincero, o sistema de cooperativas de crédito está bem, sólido, e o reflexo ainda não chegou, mas deve chegar. Por isso, já acendemos a luz amarela.

Os planos de expansão do ano foram mantidos?
Quando começou 2020 havia cinco agências com inauguração programa e isso não se alterou. Essa semana, mesmo, estamos entregando a agência de São João do Ivaí, porém sem festa, sem aglomeração. Somente uma live, em outro formato. As outras também vão inaugurar. São obras que estão em andamento. O dinheiro estava provisionado, reservado para isso. Não dá para dizer “para tudo”, pois depois na retomada, quem fizer isso fica para trás.

“Penso que as pessoasdevem ser conscientes que tudo isso vai 
passar”

Essa solidez é compartilhada por todo o sistema Sicredi?
Temos hoje mais de 100 cooperativas Sicredi, todas sólidas, com reservas altas. São mais de R$ 20 Bilhões em reservas líquidas e sem nenhum tipo de dívida. Não há nenhum temor nesse aspecto. E penso que as pessoas devem ser conscientes que tudo isso vai passar.