Adapar de Mandaguari reforça prevenção contra a gripe aviária

Alerta vem após casos de influenza aviária registrados em países da América do Sul

Texto: Roberto Junior, da Redação do Jornal Agora

Após as notificações de gripe aviária na América do Sul desde outubro do ano passado na Colômbia, Peru, Equador, Chile e Venezuela e recentemente na Argentina e Uruguai, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) está reforçando orientações de prevenção contra a doença. O Paraná é o maior criador de frangos do país e responsável por mais de 40% da exportação.

A Influenza Aviária Altamente Patogênica (IAAP – vírus H5N1) é exótica no Brasil, ou seja, nunca foi detectada no território nacional. No entanto, pode ser carreada por aves migratórias ou até mesmo por pessoas que estiveram em países onde a doença está ocorrendo. A transmissão também pode acontecer por meio do ar, água, alimentos e materiais contaminados, bem como pelo contato com aves doentes e o acesso de pessoas externas às criações comerciais.

As aves contaminadas apresentam sintomas como andar cambaleante, torcicolo, dificuldade respiratória e diarreia. “São sinais que podem ser confundidos com cólera e tifo, bem comuns em locais com grandes criações de aves. Aliás, o ideal é que os produtores vacinem suas criações contra cólera e tifo. E nós orientamos para que os criadores nos avisem caso notem algo nesse sentido”, explica Cícero José de Morais Coimbra, chefe da Adapar em Mandaguari.

Coimbra relata que o alerta maior fica a quem cria aves em fundo de quintal ou locais abertos, por exemplo. “Que são locais onde as criações podem ter contato com animais possivelmente infectados. Nós também estamos visitando aviários para fazer esse trabalho preventivo, mas todos tem acesso restrito e seguem normas de vigilância sanitária, minimizando os riscos. A maior preocupação fica por criações nos locais abertos, onde pode haver contato com animais migratórios infectados”, pontua.

Medidas de biosseguridade ajudam a evitar que as aves entrem em contato com algo que possa transportar o vírus. Os produtores precisam atentar-se à desinfecção de veículos na entrada e saída da granja, restrição de acesso de pessoas alheias ao estabelecimento, impedir contato de aves de vida livre às aves da granja, uso de roupas exclusivas para manejo da granja e registros sanitários em dia.

NOTIFICAÇÃO – Sinais respiratórios, nervosos e digestivos, bem como mortalidade nas granjas, devem ser notificados junto à Adapar de forma imediata. Responsáveis técnicos precisam notificar obrigatoriamente por meio do sistema e-Sisbravet e produtores pelo sistema e-Sisbravet ou diretamente na unidade da Adapar em Mandaguari – Rua Padre Antônio Lock, fundos da Prefeitura, ou pelo telefone (44) 3233-0241. A Agência também pede que a iniciativa privada faça sua parte, adotando as medidas de biosseguridade e biossegurança necessárias nas granjas, fortalecendo o trabalho conjunto.

CENÁRIO INTERNACIONAL – Os países que já tiveram focos da IAAP contabilizam prejuízos de grandes proporções, a exemplo dos Estados Unidos, que precisaram eliminar milhões de aves. Os preços de ovos, carne de frango e demais subprodutos tiveram aumentos consideráveis. Além disso, diversos produtores desistiram da atividade.

MANDAGUARI – Mandaguari está entre os maiores criadores de frango do Paraná. Os números atualizados da Adapar apontam mais de 3 mil criadores e 240 aviários cadastrados no município.

Tira-dúvidas sobre influenza aviária

O que é influenza aviária?

A influenza aviária (IA) também conhecido como gripe aviária é uma doença altamente contagiosa, transmitida pelo vírus da influenza tipo A, que ocorre principalmente em aves e menos comumente em suínos. Em raras ocasiões atravessou a barreira entre as espécies e infectou a população humana.

Em aves domésticas, as infecções pelo vírus da IA são classificadas como de alta e baixa patogenicidade, relacionada à capacidade de provocar sinais clínicos severos em aves. As variantes de baixa patogenicidade causam sintomas brandos, que podem facilmente passar despercebidos. As formas altamente patogênicas mostram sinais mais marcantes. Sua disseminação no lote de aves ocorre rapidamente, causando síndrome que afeta múltiplos órgãos apresentando mortalidade que pode atingir 100% das aves afetadas, em menos de 48 horas.

Já foram diagnosticados casos de influenza aviária no Brasil?

Não foram registrados casos de influenza aviária no Brasil, quer seja em plantéis avícolas comerciais, aves migratórias ou na população humana.

O Brasil é livre de influenza aviária. Por que medidas de vigilância estão sendo implementadas?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal – OIE, a Influenza Aviária ocasionada por diferentes cepas virais já foi notificada em mais de 35 países, afetando todas as regiões do mundo. Tais eventos ocasionaram a morte, natural ou por sacrifício sanitário, de dezenas de milhões de aves.

A OIE considera que não é incomum a circulação do vírus da influenza aviária, especialmente entre as aves silvestres. Mas entende que o recente aumento de casos, em nível mundial, demonstra a necessidade de intensificar a vigilância, detecção precoce, resposta rápida aos surtos registrados, prevenção e controle da doença. Destaca ainda a importância da implantação de medidas de biosseguridade nos estabelecimentos avícolas.

Os casos de influenza aviária detectados recentemente na América do Sul e a existência de rotas de aves migratórias, podendo carregar o vírus, aumenta a preocupação com uma possível introdução da doença no Brasil. Diante disso, as autoridades sanitárias trabalham para mitigar o risco e prevenir o aparecimento da influenza aviária no plantel avícola nacional.