A espera de um milagre

Quem vê o Hiago Menezes forte e saudável em sua adolescência ne imagina a luta e o sofrimento que ele passou quando era recém-nascido. Hiago nasceu com Transposição de Grandes Artérias (TGA) que é definida pela saída da aorta do ventrículo direito e a artéria pulmonar do ventrículo esquerdo, estando cada átrio conectado ao seu respectivo ventrículo, ou seja, as artérias do coração são invertidas, um caso raro e complicado.

Com isso, ele, recém-nascido, não saiu do hospital, precisando ficar por três meses na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em Londrina. Com as artérias trocadas ocasionando pouco oxigênio no corpo, os órgãos e a respiração de Hiago ficaram comprometidos, causando falta de ar e precisando de internamento.

Os médicos do hospital não conseguiam dizer com o que ele estava e por isso o liberavam avisando que ele poderia passar mal a qualquer momento. E foi assim por muitos meses, um entra e sai do hospital, fazendo dele sua segunda casa. As faltas de ar recorrentes deixavam os pais de Hiago desesperados e sem saber o que fazer.

A história tomou outro rumo quando os pais conheceram uma enfermeira chamada Ivonéia Furtado que avaliou o estado de saúde de Hiago e resolveu pedir ajuda a um amigo médico de São Paulo. A convite de Ivonéia, o médico Marcos Cesar Valério de Almeida, cardiologista, foi até a casa de Hiago e avaliou ali mesmo o bebê, constatando assim o TGA e explicando aos pais que ele precisaria fazer uma cirurgia.

Devido à demora em descobrirem o que ele tinha, a cirurgia seria em partes e de alto risco, havendo 1% de chance de sobreviver a ela. Seus pais ficaram em choque com a notícia e pensaram em desistir, mas sua grande fé e esperança falaram mais alto.

Outro problema que eles encontraram pelo caminho foi transferir Hiago para o hospital em São Paulo, onde seria realizada a cirurgia. A Secretaria de Saúde de Mandaguari não fazia encaminhamentos, somente para hospitais da região e do Paraná. Mas com a ajuda de Ivonéia e do cardiologista, eles conseguiram o encaminhamento e puderam dar continuidade ao processo.

Hiago fez a primeira cirurgia com 1 ano e 7 meses e, por um milagre, sobreviveu. O processo para colocar um exorto na parte do coração foi um sucesso e o pequeno pode viver com mais qualidade de vida. Logo depois, aos 2 anos e 7 meses, foi feita outra cirurgia de risco, a colocação de uma válvula pulmonar infantil para que os dois tipos de sangue corressem normalmente pelo corpo, o que também foi um sucesso. E aos 14 anos ele fez outra cirurgia para trocar a válvula pulmonar por uma de adulto.

Essas cirurgias foram necessárias para que Hiago pudesse viver tranquilamente, sem muitos efeitos colaterais. Sua recuperação durante cada uma delas foi lenta, mas positiva tomando todos os cuidados cabíveis o que não impossibilitou de ter uma infância normal.

Hoje Hiago tem 17 anos, mora com os pais, trabalha, faz parte do Ministério da Igreja e deseja fazer um curso superior ou montar seu próprio negócio.