2020 terá sido um ano de caos ou de evolução?

Enfim chega ao final o ano mais emblemático das últimas décadas e até mesmo do último século.

O ano começou com um clima de otimismo e retomada econômica, depois de uma grande recessão, afinal, os juros estavam os mais baixos da história, o risco país havia diminuído, a inflação estava abaixo do esperado, o crédito estava facilitado e os empresários estavam confiantes, abrindo caminho para um ano próspero. Porém, as coisas não saíram como planejado devido à pandemia.

Sem dúvida 2020 ficará marcado na história global pois, “no país onde até o passado é indefinido, uma coisa se pode afirmar com certeza: tivemos algo que nem mesmo os mais experientes analistas e gurus foram capazes de prever”, até os pessimistas de plantão previam talvez, algo menor e restrito ao Brasil. Quem poderia antever o terremoto engatilhado, o trem no escuro em nossa direção, a causa de tantas perdas humanas, sociais, econômicas e afetivas que nos marcarão para sempre?

Houve tragédias e traumas, fins e recomeços, assim como erros e avanços. Dezembro chegou, e precisamos, ao menos no tempo, deixar 2020 para trás e olhar para a frente, pensar no amanhã e seguir na (re)construção de um futuro melhor. Mas não sem antes lavrar e registrar o que de mais notável, bom e ruim, na terra se passou! 

Quando a pandemia desembarcou no Brasil, ainda no primeiro trimestre, provocou pânico e fechamentos em todo o país, com uma “pseudo previsão” de (em menos de trinta dias) o retorno à normalidade. E então, questões de direitos, sanitárias, econômicas e políticas enroscadas e relevantíssimas logo se aninharam entre nós: quais seriam os impactos desse tsunami ao nosso povo.

Foi sem dúvida um ano excepcional, trágico para a grande maioria, porém de oportunidades para muitos outros. Nossa geração jamais havia enfrentado algo parecido como isto, nunca havíamos visto tantos óbitos em um espaço de tempo tão curto, entes queridos apartados, os noticiários alarmantes deixaram a todos mais ansiosos e preocupados não só com questões de saúde, mas também econômicas e de sobrevivência. Possíveis soluções para o COVID, que deveriam ter sido conduzidas de forma técnica e científica, foram tratadas prioritariamente por ideologias partidárias, interesses políticos e econômicos. Enquanto os pesquisadores e profissionais de saúde se desdobravam em esforços na busca de um tratamento eficaz, para salvar vidas, ao mesmo tempo no meio do caos, muitos dirigentes políticos se valeram do estado de calamidade pública, se auto proclamando como salvadores e investindo inoportunamente em equipamentos e instalações, a valores aviltantes, que posteriormente ficariam notórios sua  quase inutilidade, assim como também evidenciados os interesses escusos e nada humanistas nas decisões de tais investimentos.

Este cenário em certos momentos nos mostrou tratar-se de caso saúde pública, em outros momentos de interesses econômicos e até mesmo de geopolítica global. Mas, enfim, percebemos que o “fique em casa“ não foi a melhor opção para salvar vidas, nem para a prevenção e muito menos para a economia do país!

Muitas empresas fecharam suas portas, muitas outras reduziram suas operações e quadro de colaboradores na expectativa a adversidade e manter seu negócio ativo, gastando até seu último fôlego para sobreviver até que venham dias melhores. As áreas mais afetadas, diferentemente das outras crises, não foram as indústrias, mas sim, comércio, turismo, hotelaria e entretenimento, que dependem de interação pessoal para manterem suas operações.

O auxílio governamental, apesar dos recursos não serem suficientes para o fomento das empresas em dificuldades, dos trabalhadores afastados, bem como dos desempregados e vulneráveis, foi sem dúvida alguma fundamental para atenuar os efeitos desta crise. 

Em uma análise simples, a história nos ensina. Nos momentos mais dramáticos que a humanidade atravessou, à exemplo das epidemias, crises socioeconômicas e guerras, entre outras, em que nações foram obrigadas a sair de suas zonas de conforto e provocadas a encontrar meios de superação de tais eventos é que pudemos perceber os maiores avanços nas áreas humanas, científicas, tecnológicas, alimentícias, cibernética, engenharia, econômicas, novas formas de comunicação entre inúmeras outras! 

Nessa semiótica, devemos compreender a grande lição que nos é mais uma vez apresentada neste momento!
Certamente esta pandemia será um divisor de águas, em hábitos e costumes comportamentais de forma global, tanto nas questões que envolvem relacionamentos interpessoais, bem como nos modos de produção, comercio e logística. Hábitos e comportamentos que durariam anos para mudar, irão se consolidar rapidamente. “Serão cinco anos em um”. Se antes estávamos caminhando para um futuro digital, hoje tivemos de desenvolver asas e passar a voar diretamente para esse futuro. A fase da transição, a que estávamos presos há algum tempo, desapareceu.

O hábito do consumidor, especialmente o de baixa renda, mudou. Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Locomotiva apontou que quem comprava pouco online passou a comprar mais. Quem não comprava passou a comprar. E a tendência, segundo a mesma pesquisa, é que ambos os públicos não voltem para os hábitos tradicionais de consumo após a pandemia. A digitalização veio para ficar – e não é apenas nas relações de consumo, mas em todo tipo de relação humana – impactando, portanto, a gestão de pessoas. 

Nossa população “que tem por natureza um perfil e criativo e empreendedor”, diante da crise, do iminente risco sanitário e financeiro, muitos obrigaram-se a criar meios para: à campo, ou em home-office, improvisando e empreendendo, buscarem de alternativas para prover a si, seus entes e imediatas necessidades, de forma a transpor esse momento caótico e inusitado. Obtendo sucesso nessa empreitada, por que não prosseguir? Desta forma objetivando crescimento próprio, “bem como de nosso ecossistema econômico-produtivo local e do país,” contribuindo de sobremaneira para coletividade, na criação novos negócios na produção de bens, serviços, na geração emprego e renda. Pois esta é sem dúvida a mais sólida base, para crescimento e sustentação de nossa economia, para que possamos manter fontes de recursos essenciais para o provimento da necessária e meritória dignidade e qualidade vida de nosso povo!

Quando as coisas começaram a dar sinais de melhora, a pandemia entrou em sua segunda onda, o que provocou novas incertezas e tornou as perspectivas para 2021 mais turvas. Porém, os avanços das vacinas têm gerado esperanças para que 2021 seja o início da retomada.

Para que as empresas voltem a prosperar, é preciso muito preparo. Para isso, é extremamente necessário analisar o mercado, identificar oportunidades e ameaças, desenhar e redesenhar seu modelo de negócios, focar em diferenciais e vantagens competitivas, planejar estratégias e ações, focar em digitalização e inovação e ter muita disciplina para planejar, executar, aprender, ajustar e melhorar sempre.

A Covid-19 mostrou a importância da tecnologia e da digitalização para a sobrevivência e o crescimento das empresas. Isso será mantido mesmo com o fim da pandemia, afinal, o mundo mudou a forma de viver, se relacionar e consumir e os negócios que não se adaptarem ao “novo normal”, provavelmente, não sobreviverão.

Ao mesmo tempo que empreender parece arriscado e incerto no momento atual, a criação e manutenção de negócios será fundamental para a recuperação econômica de 2021 e tem sido a alternativa buscada por milhares de pessoas diante da crise. Para isso, é preciso reconhecer e aproveitar as oportunidades, entender as novas demandas e sair na frente dos concorrentes. E há razões para acreditar em um ano melhor, afinal, mesmo durante a quarentena, conforme dados do Ministério da Economia, foram abertos mais de 782 mil negócios no Brasil entre maio e agosto de 2020, 

Portanto fica a dica, especialmente aos já signatários de mandato de nosso país, bem como aos futuros mandatários municipais, que dispensem a merecida atenção de incentivo, suporte e fomento aos novos, micros, pequenos e corajosos empreendedores de nosso país!

*Artigo publicado na 359ª edição do Jornal Agora