Um ato de amor e responsabilidade

Escrito por Tálita Tonolli, especial para o Jornal Agora*

Quando falamos em proteção animal, estamos nos referindo a um conjunto de ações que visam garantir o bem-estar e a proteção dos animais, sejam eles domésticos ou silvestres. Essas ações são desenvolvidas por protetores independentes, organizações não governamentais (ONGs) e órgãos públicos, que desempenham um papel fundamental na luta contra o abandono, os maus-tratos e o comércio ilegal de animais.

Os protetores independentes são pessoas comuns que dedicam parte do seu tempo e recursos para ajudar animais em situação de rua, abandonados ou em maus-tratos. Eles realizam desde resgates até ações de conscientização e doação de alimentos e medicamentos.  Muitos fazem rifas, vendem produtos usados para converter em dinheiro para pagar os custos desses resgates. A Inêz Maculada de Souza é protetora independente e auxilia a ONG SOS Animal; ela conta que começou a resgatar a 8 anos atrás e de lá para cá, o amor pelos animais foi aumentando, mas ela sabe que são inúmeros desafios para melhorar a qualidade de vida dos animais. Inês é banhista de animais e possui vários peludos resgatados.

Já as ONGs são entidades sem fins lucrativos que atuam na proteção animal de forma mais estruturada e organizada; uma união de protetores com a mesma visão, podendo desenvolver projetos de adoção, castração, vacinação, entre outros.  A ONG SOS Animal de Mandaguari é um exemplo, são vários voluntários e protetores que se organizam para fazer o melhor com poucas doações.  Noemi Nunes Moura Barros, presidente da ONG, conta que fazem apenas 2 anos que a ong foi criada e no ano passado pode ter sua situação regularizada.  Eles auxiliam cerca de 70 animais, com ração, vermífugo, antipulgas, atendimento veterinário, que incluem tratamentos e castrações. A importância desses grupos para os animais de rua é inestimável, pois eles atuam nas situações em que muitas vezes o poder público não consegue chegar. Eles oferecem abrigo, alimentação, cuidados veterinários e a oportunidade de serem adotados por famílias amorosas. Em Mandaguari temos ainda, a APAAD (Associação de Proteção Ambiental e a Animais Domésticos de Mandaguari/PR), que também presta suporte para a população e assistência aos animais. É sempre importante lembrar, protetores e ONGs não recebem dinheiro público, fazem por amor a causa e as poucas vezes que recebem algum auxilio são de pessoas que também se compadecem. Então, você pode solicitar auxilio, tirar dúvidas, ajudar nos casos em andamento, mas não pode e não deve colocar a responsabilidade sobre esses grupos. Tentamos contato com o Departamento de Meio Ambiente, porém não tivemos respostas sobre as ações que a prefeitura tem desenvolvido para a proteção animal.

Uma das ações mais importantes desenvolvidas pelos protetores e ONGs é o lar temporário, que consiste em acolher animais em casa por um período determinado, até que eles possam ser encaminhados para adoção responsável ou retornem à vida nas ruas em condições melhores. O lar temporário é fundamental para reduzir a superlotação dos abrigos e permite um atendimento mais personalizado aos animais, que são recebidos em casas de famílias que oferecem carinho, cuidados e atenção. É sempre importante lembrar, que a grande maioria dos protetores independentes e ONGs, pelo Brasil, enfrentam problemas de superlotação e falta de recursos. Além disso, o lar temporário também é importante para animais que necessitam de tratamento médico especializado, uma vez que o ambiente caseiro permite um acompanhamento mais próximo do seu estado de saúde e da evolução do tratamento.

Outra ação muito importante na proteção animal é a castração.  Ela evita a reprodução indiscriminada e contribui para a diminuição da população de animais abandonados. Além disso, reduz o risco de doenças e comportamentos indesejados, como a marcação de território, fugas indesejadas e a agressividade.  Segundo uma pesquisa realizada pela American Humane Association, uma ninhada com 12 filhotes pode chegar a um número alarmante de filhotes, caso a castração não seja feita. Mais de 80.000 animais podem procriar nas ruas em 10 anos.

Também é necessário vacinar os animais, pois assim como os humanos, estão sujeitos a diversas doenças. As vacinas protegem os animais contra vírus e bactérias que podem ser fatais ou causar sequelas graves. Além disso, a vacinação também é importante para evitar a transmissão de doenças a outros animais e aos humanos.  Noemi conta que os problemas com zoonoses são constantes, já que não é possível atender todos os animais que precisam de ajuda.

A posse responsável é outro tema importante na luta da proteção animal; ela engloba todas as ações necessárias para ter um animal de estimação, como alimentação adequada, cuidados veterinários, exercícios e espaço suficiente para o animal se movimentar e se desenvolver. Infelizmente, muitas pessoas adquirem animais de forma impulsiva, seja comprando ou adotando, sem considerar os custos e responsabilidades envolvidos, o que acaba levando a mais abandonos e maus-tratos.

No Brasil, os maus-tratos de animais é considerado crime e previsto em lei – Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), com pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa e outras sanções. Infelizmente, muitas pessoas ainda desconhecem que certas atitudes em relação aos animais são consideradas crimes de maus tratos. Algumas dessas práticas incluem:

  • Deixar o animal preso sem água e comida em um local sem ventilação ou iluminação adequadas;
  • Deixar o animal preso no sol sem abrigo;
  • Abandonar um animal na rua;
  • Usar animais para rinhas;
  • Fazer cirurgias estéticas sem necessidade;
  • Transportar animais em compartimentos inadequados, como o porta-malas de um carro;
  • Negar tratamento veterinário necessário;
  • Dar choques elétricos ou utilizar outros tipos de tortura como forma de treinamento;
  • Envenenar ou espancar um animal.

A presidente da SOS salienta que uma maior fiscalização é necessária, além da criação de um canil municipal, auxiliando nos resgates e atendimentos emergenciais, para que os ônus da proteção não recaiam apenas para as ONGs e protetores independentes.

É importante lembrar que, além dessas práticas, outras formas de crueldade e negligência também podem ser consideradas maus tratos e são puníveis por lei. Isso inclui deixar o animal acorrentado por muito tempo, sem poder se movimentar, e expô-lo a situações de perigo, como deixá-lo próximo a materiais tóxicos ou em lugares com temperaturas extremas.

Em resumo, a proteção animal é um ato de amor e responsabilidade que envolve ações individuais e coletivas para garantir o bem-estar e a proteção dos animais. Protetores independentes, ONGs e órgãos públicos desempenham um papel fundamental na luta contra o abandono, os maus-tratos e o comércio ilegal de animais. O lar temporário, a castração, a vacinação e a posse responsável são ações importantes, assim como a conscientização sobre os crimes de maus-tratos e os cuidados com os animais. Adotar um animal ao invés de comprá-lo é uma forma de contribuir para a proteção animal e garantir uma vida digna e feliz para os animais.

E você pode fazer a sua parte, cuidando do seu bichinho de estimação, auxiliando as ONGs e protetores, comprando seus produtos, pagando vale vacinas nas clinicas veterinárias, doando materiais de limpeza, ração, estimule a adoção de animais de rua e jamais abandone um animal a própria sorte.

SOS Animal de Mandaguari – Noemi Barros

44 9871-2577  –  [email protected]

APAAD – Associação de Proteção Ambiental e a Animais Domésticos de Mandaguari/PR

(44) 98814-2354

Como fazer ou ser um Lar Temporário?

Para ser um lar temporário, é preciso procurar uma ong ou protetor independente e estar ciente das responsabilidades envolvidas e estar comprometido em oferecer cuidados adequados ao animal. Isso inclui alimentação, higiene, vacinação, medicação (se necessário) e socialização. O lar temporário é uma grande ajuda para os animais que precisam de proteção e pode fazer uma grande diferença na vida deles e para quem os acolhe.  Também é possível doar ração, produtos de limpeza, ajudar nas custas de veterinário, cobertas para quem oferece o LT.

*Reportagem publicada na 398ª edição do Jornal Agora