Tradição mantida: grupo “Amigos do Tererê” realiza mais um encontro em Mandaguari

Tudo começou em 15 novembro de 1996, quando alguns amigos se reuniram na lanchonete A Patota para colocar a conversa e dia e relembrar momentos da infância e adolescência em Mandaguari. Muitos já não moravam mais na cidade, outros tinham voltado a viver na terra natal depois de passarem períodos fora estudando ou trabalhando.

Durante aquela reunião, um deles questionou sobre as chances daquela confraternização se repetir dali a três anos. O desafio estava lançado. Todos afirmaram que sim e para amarrar o acordo, um deles redigiu a mão, ali mesmo na mesa da lanchonete, um “contrato de compromisso” que foi assinado por todos os presentes.

A dúvida era: o trato seria realmente cumprido? E até para a surpresa de muitos deles, em 15 de novembro de 1999 todos estavam novamente no mesmo local conforme o combinado. Nascia ali uma tradição que perdura até hoje. Por motivo de força maior, alguns dos que participaram dos primeiros encontros não comparecem mais. Porém novos integrantes foram convidados a ingressar no grupo, que continua se reunindo a cada três anos para celebrar a amizade e vida. A última reunião aconteceu no sábado passado, dia 18, e como sempre acontece, teve a presença de convidados que não fazem parte do grupo, mas que mantém amizade com os participantes.

Dos 21 membros oficiais do grupo, 11 não moram mais em Mandaguari, mas todos fazem questão que os encontros sejam feitos na cidade, por ser o local onde tudo começou. Isso, no entanto, não é empecilho para os residem em outras cidades ou estados. Além dos mandaguarienses e maringaenses, que estão “em casa”, no encontro deste ano estiveram presentes amigos que moram em Cuiabá, Campo Grande, Curitiba e Balneário Camboriú.

Para participar do encontro os irmãos Guilherme e Felipe Rocha Neves viajaram quase três mil quilômetros. Os dois se mudaram para Cuiabá há mais de 20 anos, mas fazem questão de preservar as amizades que aqui fizeram. “É uma questão de valores que a gente não pode deixar se perder.  Nossas raízes estão em Mandaguari e é sempre uma satisfação estar aqui. Já perdemos alguns amigos da nossa geração e sabemos como é importante estarmos juntos quando temos essas oportunidades. Foi a primeira vez que participei desse encontro e estarei presente sempre que for convidado”, afirmou Guilherme.

Renato Pirolo é um dos que se fizeram presentes desde o primeiro encontro, 27 anos atrás, e foi o responsável por escrever o termo assinado naquela ocasião. Ele destaca que, embora as reuniões oficiais tenham começado em 1996, a história do grupo começou muito antes. “Nós nos reuníamos para tomar tereré em frente à casa do nosso amigo Moisés Raizer, daí o nome “Amigos do Tereré”. Segundo Pirolo, esses eventos são importantes para manter os laços de amizade, relembrar os momentos que todos viveram juntos e construir novas histórias. “Procuramos também fazer encontros extraoficiais pelo menos uma vez por ano, sempre nessa mesma época, e é sempre uma emoção poder estar com o pessoal”, explica.

Em 2013 o grupo teve a primeira baixa, quando Benedito Carlos, pai de Renato, faleceu. Ele era um dos grandes entusiastas do evento, e além de participar também costumava ajudar na organização. Em 2019, os Amigos do Tereré se despediram de outro integrante do grupo, Rogério Lacava, que mesmo morando fora de Mandaguari há muito tempo, não media esforços para se fazer presente dos encontros. Sua última confraternização com o grupo aconteceu em 2017.

Por outro lado, novos integrantes sempre estão chegando para dar continuidade à tradição. André Kaleff, que passou a infância em Mandaguari mas se mudou para o Mato Grosso do Sul há mais de 30 anos, agora vem para os encontros acompanhado do filho Pedro. Ou seja, está nascendo a segunda geração dos “Amigos do Tereré”.