Estamos vivendo dias difíceis

Vivemos tempos em que as manchetes parecem escritas com sangue e lágrimas. Dias em que a sensação de que o mundo está desmoronando não é apenas um sentimento íntimo, mas uma constatação repetida nas telas de TV, nas capas de jornais e nas timelines das redes sociais.

Os conflitos armados se espalham como incêndios fora de controle. Da Ucrânia ao Oriente Médio, da África ao sudeste asiático, o som das bombas, os gritos de desalento e o choro de famílias inteiras viraram trilha sonora de uma humanidade à deriva. Segundo dados recentes da ONU, o número de deslocados forçados bateu um novo recorde: mais de 120 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas, fugindo de guerras, perseguições e violência.

Mas a dor não se limita aos campos de batalha. A fome avança em paralelo, silenciosa e devastadora. Relatórios da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apontam que mais de 780 milhões de pessoas enfrentam a insegurança alimentar em níveis alarmantes. Em países como Sudão, Haiti e Afeganistão, a combinação entre guerra, colapso econômico e mudanças climáticas criou uma tempestade perfeita. Crianças dormem com o estômago vazio enquanto o mundo civilizado debate geopolítica com distanciamento confortável.

Enquanto isso, o meio ambiente segue colapsando em câmera lenta, mas com efeitos cada vez mais perceptíveis. O aumento de eventos climáticos extremos, secas prolongadas e enchentes mortais reforçam que a crise humanitária é também uma crise climática.

Estamos vivendo dias difíceis. Isso é um fato. Não um exagero, nem um discurso alarmista. A realidade está nos atropelando com uma força que desafia até os mais otimistas.

A imprensa tem o dever de não apenas relatar os números frios, mas de traduzir esses dados em histórias humanas. Rostos, nomes, famílias. Vidas que estão sendo atravessadas por tragédias que poderiam, em muitos casos, ser evitadas com mais diálogo, solidariedade e responsabilidade política internacional.

Por aqui, seguimos escrevendo, com a esperança teimosa de que, ao olhar para o abismo, consigamos pelo menos entender a urgência de construir pontes.