Colecionando títulos

Reportagem publicada na 376ª edição do Jornal Agora

Em meio a tantas provas e campeonatos de esportes que estão ocorrendo na região e em todo o estado, devido ao fim das medidas restritivas contra a Covid-19, se destacam novamente as únicas meninas do Motocross de Mandaguari. Camilla e Carol Dionísio estão ganhando as pistas e, mesmo com as dificuldades da pandemia, estão no topo como campeãs paranaenses, tudo isso aos 15 e 16 anos de idade.

As irmãs do Motocross, como foram apelidadas, estão mais do que preparadas para essa volta da normalidade no esporte e não veem a hora de treinar e competir sem restrições.

Em entrevista ao Jornal Agora, Camilla e Carol contaram como foi o início da carreira, o que as motivaram a gostar do esporte e quando começaram a competir profissionalmente, os problemas que enfrentam e como foi lidar com o esporte durante a pandemia.

Com apenas quatro anos de idade, as irmãs começaram a aprender primeiro a andar de moto do que de bicicleta, inspiradas pelos pais, Catia e Gilberto. “Meu pai anda de moto há um tempão e minha mãe também começou a acompanhar ele quando estavam namorando e por isso seguimos eles também nessa paixão”, conta Camilla.

Uma das primeiras lembranças delas participando em um campeonato de Motocross foi no ano de 2008 e eram ainda bem pequenas, mas com uma capacidade enorme. Em 2018, as irmãs entraram definitivamente no competitivo, e hoje já participam de campeonatos estaduais e nacionais, visando também ir para disputas internacionais. “No campeonato nacional ficamos em 6º e 7º lugar. Um dos meus sonhos é correr nos Estados Unidos porque lá é tudo diferente, muitas mulheres praticam e é muito mais incentivado e valorizado, bem diferente do Brasil”, detalha Carol.

Claro que cada uma tem um momento especial que guarda com orgulho na memória, um prêmio em especial, já que é quase impossível contar quantos troféus as duas conquistaram. “O prêmio mais emocionante que ganhamos foi o último em que fomos campeãs paranaenses, até chorei fiquei muito emocionada porque era meu sonho desde criança ser campeã, ainda mais do Paraná todo”, diz Carol. “Pra mim foi meu primeiro vice-campeonato paranaense em 2018 que foi bem no ano em que começamos a competir e nunca que eu ia acreditar que íamos chegar lá”, afirma Camilla.

As irmãs relatam também como o Motocross mudou a vida delas e como impactou nas outras coisas, até porque praticamente nasceram no esporte. “Tem vez que perco uma prova ou outra na escola para poder ir competir então acaba mudando toda a nossa vida e nossa rotina. Mudou o jeito da gente viver, vivemos para o esporte. Porém nunca deixamos de fazer nada que queríamos”.

Como elas ainda estão na escola, fica ainda mais difícil conciliar os estudos com o esporte. “Ainda mais agora que estou quase acabando o ensino médio e quero entrar na faculdade ano que vem e fica bem apertado a rotina. Fim de semana fica para os treinos e corridas e no meio da semana é para os estudos. Fiz o Enem esse ano e foi muito corrido, na primeira prova foi mais tranquilo porque eu só havia treinado no sábado em Mandaguari e fiz a prova em Jandaia do Sul, mas no segundo dia de prova a gente tinha ido para Clevelândia, mais de 500 quilômetros daqui, para participar do campeonato paranaense e voltamos na correria. Quando eu cheguei deu uma hora já estava fazendo a prova. Foi o final de semana mais cansativo que já tive”, detalha Camilla.

Como Camilla é a mais velha, ela fez o Enem 2021 e já pensa em fazer outros vestibulares para realizar outro sonho, se formar em Medicina. E não é só ela que pensa em seguir numa área totalmente diferente, Carol também quer se formar em uma faculdade. “Meu sonho é me formar em Direito”, conta.

Perguntadas sobre como avaliam o ano de 2021 no esporte, após as mudanças impostas pela pandemia, as irmãs disseram que conseguiram se recuperar um pouco do tempo perdido.

Contaram também que, hoje, uma das maiores dificuldades que enfrentam no esporte é o machismo, já que motocross é uma modalidade predominantemente masculina. Segundo as irmãs, anteriormente os campeonatos femininos e masculinos eram disputados de forma separada, porém hoje já há modalidades mistas.

Como forma de lutar contra o preconceito e machismo no esporte, Camilla usa suas redes sociais, para compartilhar conquistas e incentivar, ajudar a empoderar meninas e mulheres a lutarem por seu espaço, para que se sintam encorajadas a fazer o que gostam, e não fiquem envergonhadas. “Quero influenciar mais meninas e mulheres a praticarem o Motocross. E também defender o título de campeãs paranaenses”, finaliza.