Setembro amarelo uma luta diária todos os dias do ano

Artigo feito pela psicóloga Lourdes da Conceição Cruz

Um mês que visa a conscientização sobre a prevenção ao suicídio, mas a questão do suicídio é uma problemática social que nós psicólogas da área clinica focamos durante todos os demais meses do ano.

Entendemos que essa campanha alerta que o estigma em torno dos transtornos mentais e do suicídio faz com que muitas pessoas que estão pensando em tirar suas próprias vidas não recebam a ajuda necessária.

O assunto, que é urgente, não é discutido suficientemente. Pelo contrário, muitas vezes o suicídio é tratado como tabu ou pior , como “frescura”. Isso traz muitas dificuldades para quem está precisando de ajuda e apoio.

O Suicídio em si pode ser considerado uma espécie de denúncia aos inúmeros fatores sociais, bem como, questões desencadeados pelos sentimentos de desamparo e crescimento de angustia individual, que muitas pessoas podem não suportar, atualmente vemos que frequentemente se abordada o suicídio pelo viés da saúde, destacando os fatores de risco, os de proteção, que são aspectos importantes de prevenção.

Mas importante ressaltar que ampliamos, o olhar para além da epidemiologia, considerando que se trata de uma questão multifatorial, uma vez que o suicídio pode estar muitas vezes associados a doenças mentais , e quando isso ocorre, entendemos que o sujeito busca com o ato extremo e definitivo, dar um basta para sua dor psíquica.

Dentro do contexto social, percebemos que ainda se trata de um tabu, com ares de hesitação e receio, quando a evidencia dos fatos leva a sociedade a questionar a causa que leva o individuo a desistir da vida. Nossos jovens enfrentam um universo no qual os indivíduos se sentem muitas vezes abandonados, isolados e solitários, apesar dos excessos de informações geradas pelos meios de comunicação em geral.

As relações de competitividade os fazem diariamente entrar e sair de uma luta constante por posicionamento social, uma gama infinita de lutas internas, pelo melhor emprego, melhor posição no trabalho, melhor formação acadêmica, melhor companheiro, melhor desempenho como mulher, homem, enfim, estimulando cada vez mais cedo, as projeções e formações intelectuais, quebrando ou pulando fases importantes da vida infanto juvenil, pelas cobranças e metas impostas, deixando de lado a realidade, visando apenas as expectativas futuras.

Prevenir o suicídio é admitir que refletir sobre este tema, é refletir sobre o sentido de nossas vidas, sobre nossos valores, sobre como lidamos com nossa identidade existencial, sobre como nos colocamos frente as nossas angustias. E acima de tudo, refletir sobre o quanto nos dispomos a estar, de fato, junto, quando o outro ao nosso lado sinaliza que está sofrendo.

Há alguns sinais que acusam se uma pessoa pensa em tirar a própria vida, alguns deles são: 

1- Frases ou intenções 
Falar coisas como “ eu queria sumir e nunca mais voltar”, “ todos ficariam melhor sem mim”, “ eu sou um perdedor e nunca vou conseguir nada” e até mesmo “ quero morrer” ou sempre estar se depreciando e deixando claro que não vê sentido em sua vida indica que a pessoa pode estar pensando em se matar.  Se essas falas são frequentes não encare como brincadeira ou drama, é um pedido de socorro.

2- Isolamento 
A pessoa quer ficar sozinha, não tem mais vontade de sair e fazer coisas que antes gostava.  Também interage menos com amigos e família , tanto pessoalmente como nas redes sociais.

3- Mudanças Repentinas 
Preste atenção em mudanças repentinas e muito drásticas, como no visual, abandono de hobbies, trabalho ou qualquer coisa que antes esse alguém gostava e sem nenhum motivo passou a não ligar mais. Mudanças de comportamento também devem ser observadas, por exemplo, se uma pessoa que costumava ser espontânea passa a ser reclusa de repente.

4- Humor 
Fique de olho em mudanças repentinas de humor, aumento da agressividade ou perda de interesse em tudo são fatores de risco.

5- Uso de drogas 
A iniciação e o  aumento do uso de drogas, tanto lícita ou ilícitas,  também é um aspecto a ser observado nesses casos. O indivíduo começa a ter ações imprudentes pois não se importa mais com sua vida

6- Despedidas
Começar a visitar ou ligar para vários amigos ou parentes distantes, conversas em tom de despedida e doações súbitas de bens valiosos são elementos que indicam pensamento suicida.

7- Melhora repentina 
Se atente a simulações de alegria ou melhoras repentinas. A depressão e outros problemas psicológicos necessitam de tempo e tratamento para a recuperação.  Tem de ser tomar cuidado com “curas” fáceis e instantâneas, muitas vezes são desculpas para conseguirem confiança para ficar sozinhos e cometer o ato.

Em caso de dúvidas ou suspeita de que alguém próximo está tendo ideações suicidas, ou com comportamentos inadequados, busque por ajuda com um profissional da área, não permita que uma vida se perca por uma dor ou uma situação que nós podemos intervir.

Sejamos empáticos, todos os dias do ano.

Psicóloga: Lourdes da Conceição Cruz
CRP 08/25190
Contato: (43) 996662681