Presidente da FIA, Todt minimiza críticas de Hamilton a pilotos por não se ajoelharem em ato

A frase dita por Lewis Hamilton depois do último GP da Hungria para criticar a falta de uma ação mais efetiva e organizada no combate ao racismo na Fórmula 1 não caiu bem para o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Jean Todt. Em Hungaroring, o hexacampeão criticou a falta de planejamento no ato antirracista antes da largada, considerado rápido demais e sem que todos os pilotos se ajoelhassem. Todt respondeu a Hamilton e ainda falou sobre a frase “Vidas Negras Importam”, grande lema do antirracismo na atualidade.

– Hamilton tem uma forte sensibilidade para esse problema. É uma causa querida para ele. As pessoas são diferentes. Alguns fazem gestos sensacionais, outros lutam pela causa em silêncio. Mas todos nós queremos que o racismo termine. Eu digo que a vida importa. De fato, vidas importam. Não são apenas os negros: “Todas as vidas são importantes” – disse Todt.

Único piloto negro da história da F1, Lewis Hamilton tem usado sempre uma camisa com os dizeres “Vidas Negras Importam”, enquanto seus colegas de pista têm vestido uma camisa com a frase “Fim ao Racismo”. Antes das duas primeiras corridas da temporada 2020, em Spielberg os pilotos Max Verstappen, Kimi Raikkonen, Carlos Sainz Jr., Antonio Giovinazzi, Charles Leclerc e Daniil Kvyat. Já em Hungaroring, o ato antirracista foi bem mais esvaziado.

Em Hungaroring, Hamilton ainda disparou contra o presidente da Associação dos Pilotos, o francês Romain Grosjean, e disse em alto e bom som que o colega “não acha isso (os atos antirracistas) importante”. O hexacampeão ainda criticou os ex-pilotos Jackie Stewart e Mario Andretti, que declararam não ver o racismo como um problema dentro da Fórmula 1.

Lewis Hamilton é líder da força-tarefa “Corremos como Um”, criada pela Fórmula 1 para combater o racismo e promover a diversidade no esporte. O projeto foi criado depois de o inglês se engajar nos atos antirracistas após a morte do americano George Floyd, assassinado por um policial com um enforcamento quando estava dominado e desarmado.

Protesto de joelhos ficou popular na NFL

O ato de se ajoelhar em eventos esportivos se popularizou nos últimos anos depois que o então quarterback do San Francisco 49ers Colin Kaepernick ficou de joelhos durante a execução do hino nacional americano numa partida de futebol americano em 2016. O motivo para o protesto foi o “tratamento recebido pelos negros nos Estados Unidos”. O ato remeteu ao que faziam os manifestantes em eventos liderados pelo ativista de direitos humanos Martin Luther King nos anos 1960.

Rapidamente, o protesto se popularizou entre atletas negros e também brancos em diversos eventos e recebeu duras críticas do presidente Donald Trump, sob a alegação de que não estar de pé durante o hino americano era um desrespeito à bandeira dos Estados Unidos. Por outro lado, artistas como Stevie Wonder, John Legend e Pharrell Williams apoiaram a iniciativa.

Na F1, o ato de se ajoelhar foi visto pela primeira vez no GP da Áustria, que abriu a temporada 2020. O protesto fez parte do ato antirracista antes da largada, e 14 dos 20 pilotos ficaram de joelhos. Dois dos que ficaram de pé, Max Verstappen e Charles Leclerc, alegaram que eram contra o racismo mas não precisavam se ajoelhar para mostrar isso.