Corinthians encorpa com três zagueiros, faz melhor jogo na temporada e chega forte à semi

Em boa parte do Campeonato Paulista, o Corinthians até teve bons resultados, mas decepcionou seu torcedor com pouco repertório e um futebol nada vistoso. Agora, a três jogos da conquista de seu 31º título estadual, o Timão vence, convence e ainda mostra margem para crescimento.

Dominante na goleada por 4 a 1 sobre a Inter de Limeira, o Corinthians apresentou bom jogo coletivo, que faz com que talentos individuais despontem. Como já tinha dado para notar nas partidas contra São Paulo e Sport Huancayo-PER, o esquema com três zagueiros potencializa os pontos fortes de alguns atletas, como Fagner, Lucas Piton e Luan, entre outros.

Se há algumas semanas Vagner Mancini era alvo de críticas de comentaristas e protestos de parte da torcida, nada mais justo agora do que reconhecer os méritos do treinador pela evolução alvinegra. No momento de maior pressão no cargo, ele não hesitou em mudar o sistema de jogo em um clássico, barrou medalhões e deu chance a jovens jogadores.

Com três zagueiros, o Corinthians não só fica mais sólido defensivamente como também passa a ser um time mais leve e envolvente no ataque.

Boa parte disso se deve à participação dos laterais na construção ofensiva. Eles resolveram um velho problema da equipe. Há mais de um ano o Timão vinha tentando encontrar soluções para os lados do ataque, fazendo insistente trocas de atletas, a maior parte sem êxito.

Nesta formação, Fagner e Lucas Piton seguem com obrigações defensivas, mas têm muito mais liberdade para irem à linha de fundo e oferecerem opções de passe e finalização. O primeiro gol, com assistência do ala esquerdo para o direito marcar, ilustra isso bem.

Piton foi o segundo jogador que mais acertou passes do Corinthians na partida: 44, apenas um a menos do que Gabriel, outro que teve boa atuação na “Sessão da Tarde” desta terça.

A mudança tática também tem participação no resgate de Luan. É difícil quantificar o tanto que o novo esquema influenciou na melhora do camisa 7, mas o desempenho e os números dele com três zagueiros são animadores: em três jogos, fez três gols e deu uma assistência. Poderia ter sido até mais se os companheiros – e o próprio meia – não tivessem desperdiçado chances e se o árbitro não tivesse anulado gol dele em lance extremamente duvidoso.

Embora três dos quatro gols tenham saído no segundo tempo, o desempenho do Corinthians foi melhor no início do jogo, quando foi rápido e agressivo com a bola, marcou o adversário no campo de ataque e praticamente não deixou a Inter se aproximar do gol de Cássio.

Tranquilos como se já fossem veteranos, os jovens Raul e João Victor arriscaram alguns avanços com a bola e qualificaram a transição da defesa para o ataque. Ainda há correções a serem feitas quando o time está sem a bola, mas isso é natural por conta da mudança recente e do pouco tempo de treinamento.

O entrosamento também pode dar mais protagonismo a Cauê no comando do ataque. Porém, vale ressaltar que, mesmo não tendo passado em branco, o centroavante desempenhou importante papel tático, saindo da área para oferecer opções de passe e dificultando a saída de bola da Inter.

Fato é que o Corinthians, enfim, ganhou uma cara e chega forte à semifinal. Pode ainda não ser o favorito, mas independentemente de quem enfrentar, também não será azarão.