“Doença pelo Coronavírus 2019: Introdução à ventilação mecânica”

Segundo dados internacionais, até 28 de abril de 2020, foram confirmados 3,12 milhões de casos de Covid-19 com 217 mil mortes. Os Estados Unidos da América são o país com maior número de casos (1,04 milhão). O Brasil é o 11º em número de casos confirmados (73.166), com 5.083 mortes. 

A pandemia do novo coronavírus ainda é considerada muito recente, por isso boa parte de seus mecanismos e danos futuros não foram completamente desvendados. Algumas pesquisas realizadas, no entanto, apontam que os pulmões é o órgão mais afetados, gerando insuficiência respiratória aguda e ou podendo gerar lesões permanentes, considerando que a maior parte dos indivíduos positivos tem sintomas moderados, leves ou, até mesmo, nenhum e apenas 5% desses pacientes evoluem para um quadro de doença respiratória grave.

Autópsias realizadas em indivíduos que faleceram pela doença mostraram que o vírus ataca também as vias aéreas centrais, podendo atingir os alvéolos. No epitélio de vias aéreas, tem se observado aumento da secreção de muco, com obstrução de pequenas vias. Uma vez ferindo as células epiteliais, existe uma resposta inflamatória aguda que lesa os pulmões e obriga que o paciente seja colocado em ventilação mecânica.

A virulência do COVID-19 com sua potencialidade de transmissão se expressa no impacto gerado de internações hospitalares no comparativo 2019/2020.

Hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave

A Figura 1 mostra o número de hospitalizações por SRAG até a semana epidemiológica 14 de 2019 e de 2020. Observou-se um incremento de 310% em 2020 em relação ao mesmo período de 2019.

Até o dia 11 de abril de 2020, foram registradas no SIVEP Gripe 37.378 hospitalizações por SRAG no Brasil, período semana epidemiológica 1 e 14. Deste total, 4.436 (12%) foram de casos confirmados para COVID-19. 

A Figura 2 mostra a proporção de hospitalizações por SRAG que foram confirmados para COVID-19 por SE.

Ao se considerar a incidência destes pacientes que evoluem para insuficiência respiratória havendo necessidade de suporte a vida por Ventilação Mecânica, nos deparamos ao cenário de fragilidade de todo o sistema de saúde com está ferramenta neste momento de pandemia de doença respiratória. De acordo com análise recente em uma amostra de 1099 pacientes hospitalizados na China por Covid-19, 6,1% necessitaram de suporte de ventilação mecânica. (NEJM)

Hoje, no Brasil se dispões 65 411 respiradores, sendo 46 663 disponíveis a Rede Sus e 18 748 na Rede Privada, sendo aptos para o uso 61 219, segundo dados do Ministério da Saúde.

Diante do momento, o Ministério da Saúde, proibiu a exportação, trabalha com a expectativa de aquisição 17 000 ventiladores, para isto requisitou toda a produção e centralizou a compra destes equipamentos.

“O Ministério da Saúde assinou na noite de 7 de abril contrato de compra de 6,5 mil respiradores mecânicos, no valor de R$ 322,5 milhões, para uso no tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus. A aquisição dos aparelhos está sendo realizada de fabricante nacional. A expectativa é de que a entrega de todos os equipamentos ocorra em até 90 dias, sendo quase 2 mil ainda em abril. Os ventiladores ajudam pacientes que não conseguem respirar sozinhos e seu uso é indicado nos casos graves de coronavírus (Covid-19), que apresentem dificuldades respiratórias. ”

Uma situação plausível, considerando um custo médio aproximado de R$ 50 mil reais a unidade, a busca por equipamentos de fácil manejo, seguro, com tecnologia nacional e de custos reduzido.

Marcos Cesar Valério de Almeida (CRM 61572) é cardiologista e fundador da Medicina São Paulo. Saiba mais acessando o site http://medicinasaopaulo.com/