“Suicídio e Depressão”

O que pensar quando ouvimos a notícia de alguém que se matou? Que sentimentos nos despertam? Pena, raiva, medo, crítica, impotência…

Perguntas do tipo: por que a pessoa fez isso? O que a motivou?

Vamos tentar compreender o que se passa na mente de uma pessoa que busca pela morte.

O que busca a pessoa, com o suicídio ou a tentativa de morrer? Busca uma saída, um alívio para uma dor insuportável. A pessoa, na verdade, não quer morrer. Ela quer acabar com um sofrimento, sentido como insuportável, que não tem saída. A morte é sentida como asolução dos problemas, ela acaba com a dor.

Temos que ter em mente que, quando a pessoa chega neste estágio extremo, ela não está pensando com coerência. As ideias e percepções são falhas e transformam a realidade. Ela pode estar perturbada de tal forma, que não tem condições de avaliar o que está pensando e fazendo.

O suicida não procura a morte, mesmo porque não sabe o que é a morte, mas, está em busca de outra vida, fantasiada em sua mente. Nela, a pessoa encontra amor ou proteção, vinga-se dos inimigos, pune-se por seus pecados ou reencontra pessoas queridas.

Podemos perceber que existem várias motivações para o suicídio. A maioria ocorre em pessoas com depressões graves ou melancolia. Mas, outros transtornos psiquiátricos podem levar ao ato suicida, como a psicoses (esquizofrenia e psicose maníaco-depressiva), as drogas…

Nos pacientes que vivenciam sintomas depressivos, os sentimentos são de perda irreparável, tristeza, culpa, desânimo, desamparo, desilusão.

O deprimido, diante de uma perda, que pode ser real ou não, de uma frustração, não consegue elaborar aquela situação, porque possui uma sensibilidade exacerbada às perdas, decorrentes de fatores constitucionais e de experiências de sua infância.

As tentativas de suicídio devem sempre ser consideradas um pedido de ajuda e a pessoa deve ser encaminhada para avaliação por um profissional de saúde mental.

A família da pessoa suicida também precisa de atenção, porque o sofrimento é imenso, geralmente com sentimentos de culpa por não ter conseguido evitar a tragédia; e também raiva, por fazer com que todos se sintam responsáveis pelo seu ato.

Alguns sinais podem nos alertar para o risco de suicídio: pessoas desesperançadas, desesperadas, que pareça não ter mais vontade de viver; pessoas que se sentem perseguidas e ameaçadas sem motivo; pessoas que se frustram com facilidade e que agem impulsivamente quando as coisas não ocorrem como o esperado.

A pessoa que pensa em suicídio ou tenta se matar está sofrendo e acha que não há saída. Contudo, o sofrimento pode ser tolerado, se a pessoa puder contar com a ajuda de outro ser humano, um profissional especializado, que ajude a pessoa a compreender seu mal-estar e ajudar a transformá-lo.

 

* Cláudia L. Donatti Lopes é psicóloga clínica, formada pela Universidade Estadual de Maringá, desde 1990.

Atende crianças, adolescentes, adultos e família. Telefones: (44) 98811-4364 / (44) 3233-1520.