A vida é a melhor escolha!

A campanha do setembro amarelo acontece em um mês dentre os 12 meses que temos no ano em que concentramos nossos esforços em estar ajudando quem pode estar pensando em suicídio. A campanha foi criada no Brasil em 2014 por iniciativa do Centro de Valorização a Vida (CVV) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O objetivo era ligar a cor ao mês que é marcado pelo Dia Mundial de Prevenção do Suicídio – 10 de setembro. Essa campanha visa conscientizar as pessoas sobre o suicídio, bem como evitar o seu acontecimento, já que a conversa e o diálogo é o melhor caminho para prevenção e cuidado.

Falar sobre esse tema ainda gera muito receio, pois carrega alguns mitos, que falarei em seguida. Mas entender o que leva alguém a se matar e saber identificar os sinais de que essa pessoa está prestes a se despedir desse mundo pode mudar tudo e dar uma nova chance àquela pessoa.

Alguns mitos e verdades que tem sobre o suicídio são:

MITO. As pessoas que ameaçam se matar não fará isso, querem apenas chamar a atenção.

VERDADE. A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte, boa parte expressou em dias ou semanas anteriores seu desejo de tirar a própria vida.

MITO. Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco. VERDADE. Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.

MITO. Suicídio é um ato de covardia, coragem ou falta de Deus no coração.

VERDADE. Suicídio é um ato de desespero, de quem já não percebe alternativas para lidar com a dor.

MITO. É proibido que a mídia aborde o tema suicídio.

VERDADE. A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública e abordar esse tema de forma adequada. Isto não aumenta o risco de uma pessoa se matar; ao contrário, é fundamental dar informações à população sobre o problema, onde buscar ajuda, entre outros.

Pessoas que pensam em suicídio pode dar alguns sinais, podendo ser eles muito sutis e discretos. Os sinais que eles dão não podem ser tratados como ameaças ou chantagens, mas sim como avisos, é a maneira que a pessoa encontrou de pedir ajuda, por isso seja compreensivo, converse com a pessoa e ajude a buscar acompanhamento profissional.

Aqui não quero que ninguém tente se enquadram nos sinais, não é essa minha intenção, minha intenção é que você possa ajudar alguém caso perceba-os em seus amigos ou familiares.

Todos os sinais que a pessoa apresentar deve-se analisar a frequência e a intensidade, podendo ser na forma de expressões de ideias ou intenções suicidas, normalmente com frases como: “vou desaparecer”, “quero sumir” e “queria nunca mais acordar”.

A pessoa que tem os pensamentos suicidas há um sentimento predominante que é o de desesperança, ela se sente presa em um problema sem saída. A desesperança de melhora em sua vida é tão grande que a pessoa avalia que o suicídio é mesmo a melhor escolha.

Outro indicativo é ter o plano consolidado e disponibilidade, esse é muito sério e é quando a pessoa tem um plano certo em sua cabeça de como pretende ou prefere fazer. Além disso, é bom ficar atento aos objetos que possa ter ao seu alcance.

O isolamento é algo muito comum, a pessoa não atende ao telefone e cancela atividades e eventos, mesmo as coisas que costumava fazer. Preste atenção, em especial, se o isolamento surge de maneira repentina.

Quando a pessoa já tem algo planejado não é incomum que ela comece a ter ações de despedida. Junto com a fase da despedida, a pessoa pode começar a se desfazer de objetos que tenham uma carga emocional para ela, dando como um presente.

Isso tudo que foi comentado não é uma regra que será assim, mas são alguns sinais que pode acontecer e que faz com que podemos tomar algumas providências para ajudar essa pessoa, além de que com o tratamento, a pessoa consegue começar a enxergar novas soluções, principalmente na questão de desesperança.

Sabemos que fatores emocionais, transtornos mentais, abusos de sustância, religiosos e socioculturais, são um conjunto de fatores que ajudam a compreender a situação de vida, o sofrimento que essa pessoa carrega e, por isso, a busca da morte. Quem comete o ato não quer não quer acabar com sua vida, quer acabar com seu sofrimento. Por isso o ideal que todos os meses precisam ser o setembro amarelo, ser de conscientização, como também de ajuda a quem precisa!

Caso você queira ajudar alguém que está passando por isso ou algum familiar e/ou amigo, converse com essa pessoa sem julgamentos, seja empático e acolhedor, o que ela menos quer é alguém para criticar, dê os seus ouvidos para ela, conheça o mundo dela, através dos olhos dela, veja o quanto está sendo doloroso tudo que tem passado e vivido. Tente identificar o estágio que a pessoa está se é de pensamentos ou de planejamento para o ato suicida.

Ofereça ajuda, evite tratar o assunto como se fosse algo para chamar a atenção, a dor é inimaginável para alguém que está de fora, ofereça o ombro amigo, sugira que procure por um profissional de saúde mental, se achar oportuno se ofereça para leva-la e até entrar junto de precisar. Ajude a colocar em sua rotina atividades prazerosas e que traga bem-estar, por exemplo: caminhada, cozinhar, meditar, cuidar do corpo, tudo em micro passos, um pouco por dia.

Buscar ajuda é a atitude mais efetiva no combate ao suicídio.

Para pessoas com pensamentos suicidas, os primeiros recursos ou fontes de apoio são: família; amigos e colegas; unidades de saúde: CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), Unidades de Saúde da Família, clínicas, consultórios psicológicos, urgências psiquiátricas, profissionais de saúde: médicos, psicólogos, agentes de saúde e grupos de apoio.

Por fim, você também pode buscar o CVV – Centro de Valorização da Vida. Trata-se de um canal de comunicação que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, com atendimento gratuito para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Para entrar em contato com o CVV basta discar 188.

A grande maioria das mortes por suicídios podem ser evitadas e o diálogo sobre o assunto é o melhor jeito de fazer isso. Se você ou alguém que você conhece possui pensamentos suicidas, peça ajuda!

A vida é a melhor escolha!

“Não desista. Geralmente é a última chave do chaveiro que abre a porta”. Paulo Coelho.

Natália Aparecida Labbado da Silva (@psi.natalialabbado) é psicóloga clínica CRP 08/28940.