A visão distorcida do espelho

O espelho pode nos mostrar quem somos? Ou apenas uma visão distorcida da nossa percepção? Essa é uma pergunta que me fiz esses dias, mas ao pesquisar sobre o tema, vi que muitos melhores e maiores do que eu, já a fizeram muitas vezes. No entanto a resposta pode não ser tão simples, e pode passar pelo espelho de cada um.

Mas o que isso quer dizer? Que não nos vemos como realmente somos? Bom, na minha percepção, penso que existe uma versão de cada um de nós dentro da mente daqueles que interagimos, cada um com um fragmento do espelho, e cada fragmento é recebido de acordo com aquilo que decidimos mostrar, e a soma desses fragmentos, pode não ser exatamente quem somos.

Na minha pesquisa eu me encantei por uma citação de Epiteto, que diz “Não somos perturbados pelas coisas, mas pela visão que temos delas”. E ela explica muito com tão poucas palavras. Nos encantamos e nos perturbamos por aquilo que recebemos das pessoas, mas com um grande filtro interno, que é justamente aquilo que desejamos ver.

E muitas vezes, vemos mais do que aquilo que nos é mostrado, pois ao entregar um fragmento de si, quem mostra pode não ter consciência do quão incrível ou terrível pode ser.

Pessoas incríveis e encantadoras muitas vezes podem não ter noção do quanto são preciosas. Tudo por conta dos filtros que aplica sobre sua própria percepção. E eles podem ser variados, carregados de traumas, medos, inseguranças, cicatrizes e feridas ainda abertas. Ou então, os filtros podem vir em forma de prepotência, arrogância, falsa coragem, ou dogmas que o tornam diferente do que é em sua essência.

E só existe um caminho para clarear esse espelho. O autoconhecimento. Esse é libertador, pois pode revelar fraquezas, mas também mostra a fortaleza da nossa essência. E se alcançarmos o centro das nossas camadas, tornamo-nos conscientes da imensidão de nosso espírito. Como disse Platão, em uma de suas mais famosas frases: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”.

Por fim, caso aceitemos esse convite antigo que mora dentro de cada um, teremos os deleites de descobrir o valor e o poder de nosso núcleo, e finalmente, ter o conhecimento e capacidade para nos transformar em quem nascemos para ser.