A Relatividade da Idade

Não é incomum notarmos uma pessoa muito jovem que aparenta ser mais velha, ou o oposto, e não necessariamente por uma questão física. Essa observação me fez perguntar: Por que percebemos o tempo de forma diferente?

Eu descobri que existe uma resposta curta, e uma longa. A curta diz que somos indivíduos únicos, e por essa razão, nossa percepção também é única. A resposta não está errada. Só incompleta.

A longa diz que existem fatores que devem ser levados em consideração ao analisarmos a percepção da passagem de tempo,que começa pela idade biológica. Essa que parece ser implacável, pois os sintomas de desgaste deixam suas marcas. A rotina também deve ser levada em conta, pois a monotonia de uma rotina repetitiva, pode fazer o tempo se arrastar, enquanto uma rotina desafiadora, pode encurtar essa sensação.

Expectativa e antecipação. Viver em um constante estado de alerta, tentando antecipar eventos, criando expectativas demasiadas, terá como consequências o estresse e a ansiedade. Os fatores sócio-econômicos também têm sua influência, afinal para quem sente fome, ou dorme ao relento, o tempo parece não passar.

As questões fisiológicas também, pois alguém com dores percebe o tempo de forma diferente de uma pessoa saudável, ou mesmo, quando a doença atinge alguém próximo, pois só quem já passou algum período em hospital cuidando de um ente querido sabe como é agoniante contar com o tempo para uma possível melhora.

Não podemos descartar a perspectiva cultural, cada cultura têm diferentes abordagens em relação ao tempo, algumas valorizam a pontualidade e a eficiência, enquanto outras dão mais ênfase à qualidade das interações. Isso nos leva diretamente para um dos principais fatores:

A tecnologia e seus muitos estímulos. Vivemos numa constante exposição aos equipamentos eletrônicos, e a mídia proveniente deles nos leva a uma sensação de que o tempo está passando mais rápido, uma vez que estamos sempre ocupados. Instagram e Tiktok que o digam.

Esse texto poderia facilmente migrar para um outro tema, que é a maturidade, mas acredito que podemos finalizá-lo com algumas reflexões. A primeira é que sim, percebemos o tempo de forma diferente, de acordo com a forma que reagimos aos fatores citados e muitas vezes, essa percepção fica visível fisicamente ou no nosso comportamento. A segunda é que vivemos numa sociedade que julga muito a aparência, e às vezes de forma muito cruel. A terceira é de que podemos escolher a régua que medimos a nós e o nosso entorno, e ela não precisa ser tão pesada.

Para finalizar, é importante que possamos abraçar a relatividade da idade, como um lembrete de que, apesar dos desafios, cada um de nós assimilará esses fatores de uma maneira diferente. Evitar o julgamento, praticar a empatia e respeitar as diferenças nos fará evoluir. Então, que venha a evolução que só a idade pode nos proporcionar.