Universos

Uma vez conversei com um renomado político e lhe questionei sobre os rumos que adotaria em sua campanha e quais os próximos passos a serem adotados, faltando à época ainda um ano para a então próxima eleição. Sua resposta me surpreendeu e me acompanha até hoje.
“As pessoas estão preocupadas com as suas vidas, em trabalhar, cuidar dos filhos, pagar as contas, e pouco estão preocupadas com articulação política ou até com o que os políticos estão fazendo”, ponderou. Nunca mais me esqueci dessa colocação.
Valeu para a política e vale para tudo aquilo que vivenciamos: grupos de amigos, times de futebol, famílias, emprego, e política também, é claro. As pessoas estão, na verdade, cada uma vivendo o seu universo, e o universo alheio só lhe chama a atenção quando lhe diz respeito, quando causa algum impacto em sua vida.
Em alusão ao tema do parágrafo inicial, existe em curso, em todas as cidades do Brasil, nas mais de 5.500, a articulação preparatória para as eleições municipais do próximo ano, com filiações de pré-candidatos, acordos entre grupos e entre pessoas, algo perfeitamente natural do período e de quem é do meio.
Porém, diferente do que muitas pessoas possam imaginar, isso diz interesse quase que exclusivo ao meio político. Com raras exceções, a grande maioria das pessoas não possui qualquer interesse. Por dois motivos: porque não é seu universo, e pelo natural desgaste da classe política junto à população.
O eleitor vai ter um pouco mais de interesse no processo eleitoral quando as campanhas começarem, em agosto, e vai mergulhar mesmo para tomar uma decisão, na primeira semana de outubro, faltando poucos dias para ir às urnas. Não que os políticos nada devam fazer até lá, mas é necessário entender a cabeça das pessoas, e no momento, elas nada estão preocupadas com os políticos.