Início no basquete e passagem por Liverpool: conheça o homem forte do futebol do Santos

William Thomas, 42 anos, é o homem forte do Santos desde o fim de 2019. Discreto, o superintendente de futebol costuma aparecer pouco. Mas sua trajetória até o Peixe é cheia de experiências.

Graduado em educação física, o dirigente foi moldado em Liverpool, estudou na Espanha e trabalhou em oito países até chegar ao Peixe, onde é a esperança de dias melhores e se apega a um “lema”:

– Se pensar a médio e longo prazo, tudo tem solução.

O GloboEsporte.com foi atrás da história profissional de Thomas para tentar explicar por qual motivo ele é visto com tanta esperança nos bastidores do clube. Onde ele estudou? Quais experiências teve fora do futebol? Como foi de preparador físico a superintendente?

E a trajetória de William Thomas começa como jogador de basquete em sua cidade, Montenegro, no Rio Grande do Sul. Disciplinado, como pede o esporte, o profissional seguiu o caminho longe das quadras, numa sala de aula da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E depois fez estágio no Flamengo.

– O basquete foi um esporte que me ajudou muito no processo metodológico. Eu me sentia um atleta de alto nível, mas era óbvio que nunca seria jogador, sou baixo. Aos 17 anos passei na faculdade de educação física e fui praticar um esporte individual. Tinha o sonho de trabalhar no futebol. E um professor meu disse: “tenho um amigo que é médico do Flamengo. Se quiser fazer um estágio lá, te consigo uma vaga”. Fiquei quatro meses na rotina das categorias de base do Flamengo – contou, em entrevista realizada na última semana.

William Thomas usou então a bagagem adquirida no estágio e virou preparador físico do time sub-17 do Novo Hamburgo, até voltar ao Flamengo novamente como estagiário. Depois, trabalhou por quatro anos no RS Futebol Clube, clube-empresa por onde passou, por exemplo, o zagueiro Thiago Silva.

– Fui formatado a entender do negócio. Quatro anos trabalhando num clube-empresa tinha um viés muito peculiar. Já com aquela adequação mercadológica, em que poderíamos contribuir com que os jogadores se transformassem em um produto. E deu muito certo – disse.

O trabalho no RS Futebol Clube foi interrompido pelo convite de um jogador – não revelado por William Thomas – para trabalhar em Guimarães, Portugal. O então preparador físico viu a proposta como uma possibilidade, também, de estudar. E foi ali que começou a nascer o gestor, apesar de um imprevisto.

– Fui fazer um trabalho com um atleta em Guimarães, mas não deu certo, porque o atleta se lesionou e teve de fazer uma cirurgia. Mesmo assim, pude viver um ambiente, vi o Porto vivendo bom momento com o Mourinho. Vieram estudos de neurociência, Teoria do Caos, da complexidade para estimular os treinamentos… – relembrou.

William Thomas, então, voltou para o Brasil para trabalhar como preparador físico do sub-20 do Grêmio, a convite do então diretor de futebol Rodrigo Caetano. Foi quando conheceu Lucas Leiva, responsável por levá-lo à Inglaterra como preparador físico particular.

– Fiquei três anos e meio em Liverpool, também fui para Portugal, Espanha, fiz projetos com um jogador do Braga, com um jogador que estava na Alemanha. Vivi muita coisa diferente. E tive a percepção que o futebol é diferente em todos os lugares – contou.

Para ser mais do que um preparador físico para Lucas Leiva, que atuou de 2007 a 2017 no Liverpool, William Thomas passou, também, a estudar o time que seu cliente defendia.

– A partir desse entendimento todo, passei a estudar muito o Lucas e os jogadores referência que iam fazê-lo melhorar. Um dos pilares era fisicamente, mas tinha o pilar técnico, tático, emocional, ambientação sócio-cultural. Acabou sendo um projeto muito mais amplo que me possibilitou aprender. Eu saí da minha zona de conforto – relembrou.

Ainda na Europa, William Thomas fez cursos na Espanha: MBA em direção esportiva na La Liga e um curso do mesmo tema na Federação Espanhola.

Depois da experiência em Liverpool e com diversas especializações, William Thomas liderou uma consultoria no Guaraní do Paraguai e chegou ao Athletico-PR, clube no qual se destacou já como diretor.

Indicado ao Santos por Paulo Autuori, o profissional chegou à Vila Belmiro em agosto de 2019 para colocar em prática ideias de anos de experiência.

– O projeto não tem cara. Tem ideias, uma lógica. Nós pensamos no hoje. Se pensarmos muito lá na frente, deixamos de ser produtivos hoje, não vivemos nem o presente e nem o futuro. A gente foca no hoje sabendo que independentemente de quanto tempo ficarmos, vamos entregar um clube muito melhor. Esse processo é um processo aberto, tem de ser criticado e avaliado diariamente – finalizou.