Educação completa quatro meses de aulas remotas por conta da pandemia

Com as aulas suspensas desde o final de março, alunos, pais e professores estão experimentando um novo formato de educação escolar. Sem previsão de retorno das atividades presenciais, as aulas remotas ainda dividem opiniões. O governo estuda uma retomada ainda este ano, mas admite que pode repensar o calendário, e na última semana o Senado aprovou uma medida que suspende o número mínimo de dias letivos. 

No Paraná, alunos da rede estadual tem a opção de assistir as aulas pelos canais digitais de TV aberta (13.2, 13.3 e 13.4), pelo canal Aula Paraná no YouTube e pelo aplicativo Google ClassRoom. “Eu acho que aula a distância pode ser uma boa opção para aqueles jovens que não tem muitas dúvidas. Mas, prefiro ter aulas presenciais, onde posso tirar dúvidas com o professor. Minha opinião em relação às aulas remotas, é que não é a mesma coisa que presencial e também, é mais difícil de aprender”, conta Álvaro Rodrigo Ferreira, aluno do nono ano do fundamental da rede estadual.

“Eu estou achando ruim, pelo fato de que estão passando um conteúdo em cima do outro e não explicando muito bem. Muitos alunos acabam não entendendo as atividades”, comenta Isadora Corsine dos Santos, outra estudante do nono ano.

Já a estudante de medicina Maria Fernanda Pinheiro Bergamo afirma que está se adaptando à nova realidade. “Na minha opinião as Aulas Remotas são muito boas, considerando a situação atual. No começo eu não estava conseguindo me adaptar pela quantidade de atividades, também acho que não é tão proveitoso quanto na aula presencial, e eu estou perdendo várias aulas práticas, mas não tem o que fazer. Antes era mais cansativo, minhas aulas chegavam até 21h. Agora, como já me acostumei com a rotina das aulas, consigo me concentrar mais.”

O mandaguariense Demis Carvalho, professor e diretor do Colégio Estadual Antônio Racanelo Sampaio de Arapongas, afirma que há uma grande preocupação dos pais em relação ao aprendizado dos alunos. “Há quem considere que perdemos o ano [letivo], mas para a Secretaria de Estado da Educação [SEED], as aulas estão acontecendo normalmente, tanto é que tivemos uma semana de recesso agora em julho”, destaca.

“Mas ainda há alunos com dificuldade de acesso. Há casos de estudantes que não tem um celular para assistir as aulas remotas e interagir com as atividades propostas, e muitos que buscam a atividade impressa na própria escola. A educação remota ainda esbarra nessas dificuldades e por isso causa muita preocupação. Frequentemente ouço pais falando que vão pedir para que os filhos sejam reprovados, preocupados com a qualidade do aprendizado”, conclui Carvalho.

Ainda não há data definida para retorno das aulas presenciais no Paraná. A Secretaria de Educação elabora um plano de retomada e espera aval da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Inicialmente a data prevista para o recomeço das aulas presenciais era para agosto, mas a Educação já trabalha com a hipótese de adiar para setembro. Enquanto isso, a comunidade escolar continua com o “novo normal”.

*Reportagem publicada na 349ª edição do Jornal Agora